quinta-feira, 22 de novembro de 2007

De menor, o menor

O Governo do Pará decidiu afastar da função os funcionários públicos envolvidos no episódio da jovem presa em uma cela de homens por quase um mês. Nesse período a prisioneira foi abusada sexualmente pelos presos em troca de comida. Escândalo nacional, ainda hoje, a coluna do professor de Português Pascuale Cipro Neto, com o título Se ela dissesse que era de menor, publicada n'A Folha de São Paulo, aborda o assunto quanto a retidão ortográfica e moral.
Além de corrigir o vernáculo da autoridade policial paraense, que buscava nessa frase uma impossível justificativa para as condições de prisão da mulher, Cipro Neto não economiza opinião sobre o caso: Pois bem, caro leitor, a maior das barbaridades contidas no pronunciamento do superintendente da Polícia Civil do Pará não é linguística, não; é moral mesmo - diz ele.
Segundo o professor, embora o de menor seja de uso popular corrente, não vige nem em linguagem culta, nem, pasmem, na linguagem jurídica. É um erro seu uso. O certo seria a autoridade policial ter dito Se ela dissesse que era menor de idade...
Feita a correção do português, só nos resta reiterar que o de menor é o menor dos problemas nesse caso.

3 comentários:

Fibo disse...

Nice Blog :)

Anônimo disse...

Enquanto o Brasil nos joga pedras - merecidas - pelo caso da "de menor", nossa governadora aparece nos jornais dançando carimbó no Congresso, numa demonstração de euforia totalmente descabida num momento desses. Pelo menos para quem ainda tem capacidade de se chocar com casos como este, onde a polícia e o noticiário policial do Liberal de ontem ainda tentaram desviar o foco para a questão da garota ser uma falsa "de menor".
Independente da idade e do gênero, ter que fazer favores sexuais para comer, enquanto se está numa cadeia sob a guarda do Estado, já não é um horror suficiente? Ou perdemos todo sentido de dignidade?

Anônimo disse...

Num livro de poesias - curtíssimas, secas, que valem mais pelo testemunho político - escrito numa estada na prisão durante o domínio francês na Indochina, o velho Ho Chi Minh conta que, naquele cárcere, o preso com dinheiro comia, os guardas providenciavam; quem nada tinha, como ele, ficava olhando.
De favores sexuais, ele não conta.
Como se vê, quão pouco andou a humanidade de lá pra cá.