quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Moda verão 2007

Repetindo uma tendência que já se anuncia há alguns anos nesse nosso sítio (© Gilberto Gil) e cujo maior expoente nesta temporada é o MST (vide post abaixo), vejam só o que aconteceu em Mosqueiro:

Cerca de 100 pessoas, entre comerciantes e moradores do bairro do Chapéu Virado, em Mosqueiro, interditam a entrada do distrito desde às 12h30 desta quinta-feira (9). Os manifestantes protestam contra a derrubada de barracas irregulares pela Seurb (Secretaria Municipal de Urbanização), durante uma operação de combate à edificações e calçadas fora das normas do Código de Postura do Município de Belém.

'Além de ser uma ação desumana, é ilegal, pois não existe mandado judicial', disse Paulo Silva, morador de Mosqueiro. Segundo ele, já foram derrubadas 12 barracas e várias casas.

Para liberar a pista, os manifestantes pedem a presença de algum funcionário da Agência Distrital de Mosqueiro para negociar. 'Os funcionários temem pela integridade física. Eles estão tocando fogo em pneus. Esse protesto é totalmente sem razão, eles só querem fazer baderna', disse o delegado Armando Mourão, da delegacia de Mosqueiro.

Segundo a Seurb, em outubro, a secretaria fez uma fiscalização no distrito e notificou 58 proprietários de construções irregulares. O prazo para a regularização destas edificações terminou ontem (7). Segundo a Agência Distrital de Mosqueiro, as barracas derrubadas estavam irregulares e a ação da Seurb é respaldada por decisão judicial, que autoriza a derrubadas das construções.

A informação, colhida no Redação On Line das ORM, ratifica a impressão de que estamos vivendo um pretenso Estado de Direito, uma balbúrdia travestida de país, um oba-oba em que cada um faz o que quer, para reivindicar o que achar que deve (inclusive, como no caso, a manutenção de irregularidades).

Só para exemplificar como a coisa é comum, tanto no espaço amplo, como no micro-universo do nosso dia-a-dia: hoje, quando cheguei ao meu escritório, após o almoço, procurei uma vaga para estacionamento e não achei; havia cones e barreiras em todos os lugares, guardando pontos irregulares de táxi, vagas na frente de estabelecimentos comerciais e que tais. É o total menosprezo pelo espaço público, que pertence a todo e qualquer cidadão. Aliás, cidadão? O que é isso mesmo? Isto existe?

Não vou mais voltar ao assunto. Estou ficando monocórdio. Vou é interditar a minha rua, queimar pneus na frente da minha casa, porque acho que alguém tem que impedir que o Clube do Remo caia para a Série C.

5 comentários:

Carlos Barretto  disse...

É exatamente esta a impressão que tenho, quando me revolto com os abusos do comércio informal em Belém, os abusos de facções políticas na UFPa impedindo a entrada de servidores nos hospitais, como se fossem fábricas, e muitos outros que continuam a acontecer e podem mesmo se ampliar, pela mera falta de autoridade em enquadrar mesmo os meliantes em leis mais do que conhecidas.
Neste sentido, o termo banditagem certamente envolve os ativos e passivos, conforme já me manifestei anteriormente.
Também resisto a justificativas que vem sendo repetidas ad eternum para o prejuízo do bem comum.
Sendo assim, seu post é absolutamente impecável, FRJ.
Total apoio.
Abs

Yúdice Andrade disse...

Uma das coisas que mais me revolta é a invocação de direitos que sabidamente não se têm, baseados nos supostos argumentos de necessidade. Na prática, sabemos que muitas dessas barracas são alugadas, arrendadas, terceirizadas, quarteirizadas e daí por diante. A par disso, alguém precisa informar os queixosos em geral que a Administração Pública tem poder de polícia e não precisa de mandado judicial para exercer as atribuições que lhe são inerentes.
Acho que interditarei a Almirante Barroso, na altura do Entroncamento, protestando contra as autoridades que se omitem quanto aos protestos que fecham vias públicas.
Já quanto ao teu protesto, caríssimo Francisco, não creio que haja a menor possibilidade de sucesso para ele. Desculpaí.

Francisco Rocha Junior disse...

Barreto, obrigado pelo comentário e elogio. Sinceramente, sinto-me cansado. À noite de ontem, fui ao Boteco das Onze e lá chegando deparei com o mesmo quadro: vagas guardadas na via pública, na frente do bar, para gente que ainda iria chegar. Hoje pela manhã, quando cheguei na Procuradoria do Estado, a garagem do órgão estava cheia; fui procurar estacionamento na rua e adivinhe: lá estavam os malditos cones guardando lugar na frente do prédio vizinho à PGE. Não dá para agüentar.

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice, não vai adiantar nada mesmo. Mas o negócio que interessa é entornar o caldo. Atrapalhar a vida do próximo. Ocupar a rua como se fosse sua. A idéia é essa.
Se quiseres, farei parte contigo na barreira no Entroncamento. Será maravilhoso ver a cara troncha e aborrecida dos motoristas de ônibus provando do mesmo remédio que eles ministram, quando querem fazer protestos por aumento de salário.

Carlos Barretto  disse...

Estou nessa. Pra quando marcamos?
;-)