A despeito do Judiciário, da União, do direito de concessão da CVRD e de tudo o que faz parte do Estado de Direito, o MST invadiu novamente, esta manhã, a Estrada de Ferro de Carajás, impedindo o uso da ferrovia.
Cerca de 6.000 pessoas, segundo estimativas do próprio movimento, estão ocupando o leito da estrada. A justificativa é a seguinte, de acordo com o próprio MST:
"Por que ocupar
A Vale é a maior companhia de mineração diversificada das Américas, líder mundial do mercado de ferro e pelotas, segunda maior produtora global de manganês e ferroligas, além de maior prestadora de serviços de logística do Brasil. A Companhia obteve lucro líquido de R$ 4,7 bilhões no terceiro trimestre de 2007, o que significa um crescimento de 17,3% em relação a igual período do ano passado, quando lucrou R$ 4 bilhões. Nos nove primeiros meses do ano, a mineradora acumula lucro de R$ 15,6 bilhões, alta de 55% na comparação com os R$ 10,1 bilhões entre janeiro e setembro de 2006.
Há dez anos a Companhia foi privatizada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) num processo cheio de irregularidades jurídicas e com subfaturamento da empresa, que à época foi 'leiloada' por um valor de R$ 3,3 bilhões. Hoje estima-se que valha mais de R$ 100 bilhões.
Em setembro movimentos sociais e entidades realizaram um Plebiscito Popular pela nulidade do leilão da Vale, que teve participação de mais de 3,7 milhões de brasileiros participaram do plebiscito, sendo que 94,5% deles rejeitaram o controle privado da Vale do Rio Doce. No dia 4 de outubro o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou no Congresso um Projeto de Decreto Legislativo, que propõe a realização, em todo o território nacional, de um Plebiscito Oficial para recolher a opinião da população acerca da retomada do controle acionário da Companhia Vale do Rio Doce pelo governo federal."
A ocupação é a reação atrabiliária, ilegal e antijurídica do MST ao encaminhamento das negociações que estavam sendo realizadas com a CVRD, mediadas pelos governos estadual e federal, de cujas reuniões o próprio movimento se retirou, radicalizando sua postura.
O mérito da discussão sobre o cabimento ou não das reivindicações do MST - que, para mim, soam absurdas, mas isto é outra discussão - fica prejudicado por sua atitude bandida.
4 comentários:
Eu me dei o trabalho de ir a página do MST e lá eu li a carta que o movimento enviou a empresa. É muito mais rica que a transcrição do texto copiado no blog. Trata-se de uma peça reinvidicatória que vai ao encontro dos interesses do Estado do Pará, que, por seus governos, já deveriam ter protegido melhor os interesses dos paraenses. Lamento, mas sua indignação não justifica qualificá-los de bandidos. Ocupação por ocupação, estudantes ocuparam a USP e recentemente a PUC-SP como forma de encaminhar suas reinvindicações, causando transtornos e prejuízos. Nem por isso foram acusados de bandidos. Certamente porque são classe média e futuros doutores que um dia indignados chamarão os msts da vida de bandidos, ou coisa pior.
Anônimo das 19:27, você se engana sobre minhas opiniões. As recentes invasões da USP, da PUC/SP e da UFPA, para incluir um exemplo caseiro, são atos tão bandidos quanto os dos ocupantes da EFC. Sua acusação precipitada revela uma grande carga de preconceito.
Ressalvei no post - leia-o novamente, se lhe interessar - a discussão sobre o mérito das reivindicações. O que não admito, em hipótese alguma, é que se desobedeça decisão judicial e se afronte a Constituição ao argumento de que os motivos da ilegalidade são justos. É este discurso que vem sendo repetido, inclusive, pelo governo federal para desqualificar os crimes comprovados de caixa-dois, sonegação fiscal, formação de quadrilha e outros dos envolvidos em eventos como os do "mensalão", da máfia dos Correios e mais alguns ocorridos no governo Lula.
A lição mais conhecida (e deturpada) de Maquiavel, de que os fins justificam os meios, vem servindo de fundamento para que as torpezas ocorram e sejam jogadas para baixo do tapete, sob o argumento de que o atual governo está resgatando débitos sociais, ou realizando inclusão cidadã de quem quer que seja.
Quem se apossa do poder, no Brasil, não admite contestação, crítica ou entendimento diverso. Pensa que pode se sobrepor à lei. Isto vale para o PSDB, o PT ou qualquer outro grupo e partido político.
E antes que você me adjetive de positivista, como às vezes sói acontecer com quem defende o Estado de Direito, lembro que a mesma ordem legal que pretende proteger a Vale ou o MST, protege a mim, a você e a todos os nossos. Se não fosse assim, o argumento de defesa de Raskolnikov, o personagem principal de "Crime e Castigo", seria válido para tudo.
Obrigado pela presença, leitura e comentário.
É, nobre, a questão é difícil, mas vc está preparado pra ela.
Não sei da PUC, ou da USP, mas os estudantes que ocuparam a reitoria da UFPA são pilantras sim, e há bandidos entre eles.
E bandidos frouxos, manés.
Insisto: não é o movimento estudantil, é marcação de espaço político às custas do obscurantismo, do fascismo e da sem vergonhice.
Que medram, serelepes, pela passividade de reitores, alguns magníficos, outros nem tanto.
Enquanto não começar a mandar a canalha prá rua, a molecagem vai continuar ocupando, fechando hospital, defecando na sala de conselhos(UFMT), tirando a palavra dos representantes da comunidade acadêmica, e os cacete a quatro.
Vcs não tem idéia do que é uma reunião do CONSUN da UFPA nesses últimos tempos.
Não existe esse papo de ocupação de uma ferrovia de manhã, e liberação a noite.
Talvez o MST tenha passado do ponto nessa massa.
Talvez seja esse o objetivo.
E tem muito angú debaixo desse caroço que precisa de explicação.
Mas muito.
O MST aos poucos consegue reunir em torno de si a repulsa da sociedade.
Só eles pensam que não está evidente sua intenção de viabilizar uma força política de ultra-esquerda.
Reforma Agrária para é discurso secundário.
Mostra a cara MST.
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