quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O mercado da violência

No Brasil, desde o século XIX, apontava-se entre as causas da violência inter-pessoal o estado de armamento permanente da população e o uso abusivo do álcool. Em 2003 fizemos um plebiscito e foi iniciada uma política com vistas ao desarmamento da população. O resultado plebiscitário - o Não ao desarmamento - garantiu que se mantivesse o mercado de armas no país intocado na amplitude e latitude de suas dimensões, inclusive aquelas mais profundas e obscuras.
Ora, mais que uma sociedade desarvorada com a escalada da violência, influiu naquele resultado a desinformação patrocinada na grande mídia pela indústria armamentista autóctone, favorecida por seus deuses com a situação em que o poder repressivo do Estado se encontrava, desorganizado e enfraquecido frente à marginalidade, além de uma política regulatória insuficiente e antiquada frente a produção, comércio e aquisição de armas e seus respectivos insumos.
Hoje o Brasil está incluído entre os principais produtores mundiais de armas de pequeno porte, que, pela portabilidade, são as mais úteis em situações de violência inter-pessoal. Dados do Exército brasileiro demonstram que nossa indústria bélica produziu no último triênio 2,3 milhões de armas, permanecendo em território nacional cerca de 531 mil, um quantitativo um pouco maior que as 464 mil armas recolhidas e destruídas na campanha pelo desarmamento. Enxugou-se gelo, portanto.

Um comentário:

Yúdice Andrade disse...

É preciso que se diga o que disseste, Oliver. Brasileiro adora beber e, por ocasião do referendo sobre o Estatuto do Desarmamento, encampou o discurso ultracretino da campanha do "não". Ou seja, o caldeirão está prontinho para novas e muitas tragédias. Que podem atingir qualquer um de nós.