Fiquei fascinado pela história surreal do pequeno coelho que o narrador conhecera na beira da praia e levara para morar consigo, por pena e camaradagem. No curso da narrativa, o coelho virava um sem-vergonha espaçoso até que, premido pelas circunstâncias e por uma paixão irrefreável pela mulher que Teleco (que, a esta altura, já não era mais um coelho, mas um repugnante canguru) levara para morar com eles, o dono da casa os expulsava de casa e somente voltava a ver seu antigo amigo quando este estava à beira da morte.
Passei muito tempo sem nada ler de Rubião, mas sempre imaginando que o conto que eu conhecia não deveria ser a única obra interessante do autor. Certo dia, deparei-me com uma resenha em uma revista sobre cultura (acho que a Bravo) de O Pirotécnico Zacarias e A Casa do Girassol Vermelho, que acabavam de ser relançadas pela Companhia das Letras (2006).
Fui à procura dos livros. Achei somente O Pirotécnico, coletânea de onze contos, dentre os quais (beleza!) Teleco, o Coelhinho.
Só que Teleco não estava mais só. Agora, havia Bárbara e seus caprichos cada vez maiores, Zacarias e sua morte bem vivida, além de outros personagens e histórias que de fantástico só tinham o tema. Afinal, Murilo Rubião tecia suas narrativas como se nada de insólito houvesse naqueles fatos e seres absurdos, deles falando com naturalidade e intimidade. Um verdadeiro craque.
2 comentários:
A obra de Murilo Rubião é escassa. Mas, penso, que você pode encontrar outros títulos. Dê uma vista na Livraria Cultura On Line (www.livcultura.com.br).
Obrigado pela dica, Oliver. Realmente, Rubião não escreveu muito, mas seu trabalho é único, em estilo e qualidade, na literatura brasileira.
Grande vantagem é que sua história está disponível na internet, para quem quiser conhecê-la. Sílvia Rubião, jornalista que é sobrinha de Murilo, mantém ativo o sítio www.murilorubião.com.br, com muitas informações interessantes sobre o escritor.
Abs.
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