quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Oiticiclando


Bólide Caixa 18. Silkscreen sobre tecido
Afora qualquer simpatia subjetiva pela pessoa em si mesma, este trabalho representou para mim um ‘momento ético’ que se refletiu poderosamente em tudo o que fiz depois: revelou para mim mais um problema ético do que qualquer coisa relacionada com estética. Eu quis aqui homenagear o que penso que seja a revolta individual social: a dos chamados marginais. Tal idéia é muito perigosa mas algo necessário para mim: existe um contraste, um aspecto ambivalente no comportamento do homem marginalizado: ao lado de uma grande sensibilidade está um comportamento violento e muitas vezes, em geral, o crime é uma busca desesperada de felicidade.
Hélio Oiticica (1937-1980), a própósito de explicação sobre a obra acima ilustrada. O retratado é o traficante carioca Cara de Cavalo, morto em confronto com a polícia. A obra representa uma visão romântica e contestatória do tropicalista frente ao modelo desenvolvimentista adotado na ditadura militar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande postagem.
Tenho saudade do tempo em que a gente podia achar romântico ser bandido. A gente só não queria mesmo era ser cana, repressão, polícia.
Até porque havia bandido romântico.
O Meneghetti, por exemplo, embora bem anterior ao Cara de Cavalo,se orgulhava de nunca ter machucado ninguém.
Hoje tenho medo do bandido, da polícia e dos meus vizinhos.