Em linha paralela ao debate, Ricardo Noblat faz percuciente análise do embate pessoal do atual presidente com seu antecessor, reanimado no último sábado, na convenção do PSDB, quando monsieur Cardosô expôs sua visão de mundo elitista e destratou o adversário, chamando-o de ignorante:
Por que Lula e FHC tanto se estranham?
A pergunta acima foi feita pelo O Globo Online a vários cientistas políticos. (...)
Não faço restrição às respostas. Mas acho que faltou apontar as duas principais razões pelas quais Lula e FHC tanto se estranham.
Da parte de FHC: ele estava certo de que Lula fracassaria como seu sucessor. E sonhava com um terceiro mandato. Como isso não ocorreu, quer se manter pelo menos como um líder político influente. E para tal nada melhor do que polarizar com Lula. Quando nada porque ninguém de peso da oposição exerce ou tem condições de exercer esse papel.
FHC não tem mais futuro político. O compromisso dele é com a História. Cuida da própria biografia. Os governadores José Serra e Aécio Neves, por exemplo, têm futuro. Preocupados com ele não querem bater de frente com um presidente eleito e releito com votação recorde e cuja popularidade se mantém
Da parte de Lula: ele bate em FHC porque as pesquisas de opinião pública conferem que o período de governo do seu desafeto é muito mal avaliado pelos brasileiros. Lula só tem a ganhar quando FHC o ataca. E só tem a ganhar quando devolve seus ataques. Foi por isso que a direção do PSDB deixou FHC de fora da campanha presidencial de Geraldo Alckmin no ano passado.
Por que em 2002 José Serra tentou fazer de conta que era um candidato de oposição ao governo? Ora, porque as pesquisas indicavam já naquela época que Serra perderia feio como candidato de um governo impopular. Que prometera criar empregos e que deixara milhões de desempregados. Por pouco Serra não foi ultrapassado por Garotinho na reta final da campanha no primeito turno.
Lula e FHC são políticos pragmáticos. E no passado caminharam juntos em várias ocasiões. Serão capazes de se reconciliar mais adiante. E até de brincar lembrando as estocadas que trocaram nos últimos anos.
Ao que parece, a opinião de Noblat converge com o pensamento do nosso comentarista ACM. A mim, continua-me remoendo a idéia de que estamos à sombra de uma briga paroquial paulista, fantasiada de disputa por grandes interesses nacionais.
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