As eleições norte-americanas demonstram desde sempre o poder da propaganda para consolidar a disputa bipartidária que escolherá mais um sucessor de George Washington. Entretanto os atuais canditados a candidato - democratas e republicanos -, cada qual ao seu modo, dão preocupações ao eleitorado norte-americano e ao mundo.
Se Barak Obama dá poucas pistas de como realizará um governo que contrarie os interesses do chamado complexo militar estadunidense, a ponto de sua poderosa adversária Hillary Clinton dizer que mudanças devem ocorrer, mas com segurança; Obama também é fonte de preocupação para os afro-americanos, especialmente para aqueles contados entre os 40 milhões localizados abaixo da linha de pobreza. Para uma descendente de Panteras Negras, em visita ao comitê do candidato, a resposta de Obama ao desafio de se eleger será balizada pelo quanto ele parecerá branco para chegar e se manter na Casa Branca, por exemplo.
Infelizmente há muito perdi uma reportagem em que o Senador Obama demonstrava entusiasmo com uma dor de cabeça chamada medicina individualizada, de orientação genética, uma tragédia para os negros e pobres da América do Norte, que teriam suas cargas individuais de doença previamente reveladas para a contratualização de serviços em um mercado de saúde cada vez mais caro, e quase nunca eficiente na prevenção de doenças. Falta ao senador mais clareza com respeito ao binômio de liderança Know-Do e, sobretudo, uma postura que supere o perfil de apenas bom rapaz bem sucedido, que a mim parece tímido demais como o demonstram seus olhos sempre fixos em um ponto qualquer por arriba das sombracelhas de seus interlocutores.
Quanto a Hillary Clinton, sabemos como é. Ao menos não teremos que aturar discurso canastrão para justificar que sexo oral não é sexo de verdade, principalmente quando envolve o charuto do presidente e uma estagiária nas dependências privativas da Casa Branca. Mrs. Clinton teve uma educação rígida, patriarcal, que não a poupava de duras lições: se sempre estava tirando boas notas, era porque a escola lhe dava mole; se era hostilizada em classe não viesse se queixar, resolvesse o desaforo na escola ou na rua, pois na família não havia lugar para covardes. Embora marcada pelo lema business is business, a história pessoal de Hillary diz muito mais que os 5 milhões de dólares que emprestou de seu patrimônio para mover uma campanha que é campeã em arrecadações de fundos.
Do lado republicano, é o pior dos mundos se alguém pensa que no entra e sai de presidente alguma coisa vai mudar no estilo atiro primeiro e pergunto depois. Ou como inovou Bush Junior: pergunto errado, não escuto direito, mas atiro assim mesmo. Pois eis que o Partido Republicano tira um bruto de cena e apresenta um verdadeiro Senhor da Guerra. Originário de uma família de militares, McCain, confirmou a tradição: é pai de dois militares na ativa e herói do Vietnã, onde foi prisioneiro durante 5 anos com direito a solitárias e torturas nas celas vietcongues. Se eleito, com certeza será biografado por Hollywood, pois os ingredientes dessa história por lá vendem melhor que a saga roots da vovozinha Obama no Quênia. Enfim, nada a tranquilizar com respeito a reversão do belicismo norte-americano a vista de com grande chance vermos uma seqüência republicana. Uma coisa porém me anima. No discurso de qualquer um dos candidatos a candidato a América Latina permanece no quintal como prioridade política. Quem sabe melhor assim.
Se Barak Obama dá poucas pistas de como realizará um governo que contrarie os interesses do chamado complexo militar estadunidense, a ponto de sua poderosa adversária Hillary Clinton dizer que mudanças devem ocorrer, mas com segurança; Obama também é fonte de preocupação para os afro-americanos, especialmente para aqueles contados entre os 40 milhões localizados abaixo da linha de pobreza. Para uma descendente de Panteras Negras, em visita ao comitê do candidato, a resposta de Obama ao desafio de se eleger será balizada pelo quanto ele parecerá branco para chegar e se manter na Casa Branca, por exemplo.
Infelizmente há muito perdi uma reportagem em que o Senador Obama demonstrava entusiasmo com uma dor de cabeça chamada medicina individualizada, de orientação genética, uma tragédia para os negros e pobres da América do Norte, que teriam suas cargas individuais de doença previamente reveladas para a contratualização de serviços em um mercado de saúde cada vez mais caro, e quase nunca eficiente na prevenção de doenças. Falta ao senador mais clareza com respeito ao binômio de liderança Know-Do e, sobretudo, uma postura que supere o perfil de apenas bom rapaz bem sucedido, que a mim parece tímido demais como o demonstram seus olhos sempre fixos em um ponto qualquer por arriba das sombracelhas de seus interlocutores.
Quanto a Hillary Clinton, sabemos como é. Ao menos não teremos que aturar discurso canastrão para justificar que sexo oral não é sexo de verdade, principalmente quando envolve o charuto do presidente e uma estagiária nas dependências privativas da Casa Branca. Mrs. Clinton teve uma educação rígida, patriarcal, que não a poupava de duras lições: se sempre estava tirando boas notas, era porque a escola lhe dava mole; se era hostilizada em classe não viesse se queixar, resolvesse o desaforo na escola ou na rua, pois na família não havia lugar para covardes. Embora marcada pelo lema business is business, a história pessoal de Hillary diz muito mais que os 5 milhões de dólares que emprestou de seu patrimônio para mover uma campanha que é campeã em arrecadações de fundos.
Do lado republicano, é o pior dos mundos se alguém pensa que no entra e sai de presidente alguma coisa vai mudar no estilo atiro primeiro e pergunto depois. Ou como inovou Bush Junior: pergunto errado, não escuto direito, mas atiro assim mesmo. Pois eis que o Partido Republicano tira um bruto de cena e apresenta um verdadeiro Senhor da Guerra. Originário de uma família de militares, McCain, confirmou a tradição: é pai de dois militares na ativa e herói do Vietnã, onde foi prisioneiro durante 5 anos com direito a solitárias e torturas nas celas vietcongues. Se eleito, com certeza será biografado por Hollywood, pois os ingredientes dessa história por lá vendem melhor que a saga roots da vovozinha Obama no Quênia. Enfim, nada a tranquilizar com respeito a reversão do belicismo norte-americano a vista de com grande chance vermos uma seqüência republicana. Uma coisa porém me anima. No discurso de qualquer um dos candidatos a candidato a América Latina permanece no quintal como prioridade política. Quem sabe melhor assim.
8 comentários:
Caramba, que "pancada". Adorei. A la Oliver! Seja bem vindo à blogosfera!
Beijos.
É, Cris, política norte-americana é de difícil digestão. Difícil prever como irá mudar, mas certamente não será com os protagonistas que estão na disputa presidencial. A superestrutura é maior que todos eles, diria a escola do materialismo histórico.
Bjs.
Levei este post para o morenocris.
Beijos.
Bom dia.
Opa, sinto-me honrado.
Bjs.
Cara Oliver, voce e mesmo um idealista incorrigivel.
Seu pendao pro-Hillary desconsidera fatos importantes da historia norte-americana recente, como a incompetencia do marido da candidata em evitar a escalada do terrorismo internacional. Um cenario postariormente apenas agravado por Bush Jr., mas de inteira responsabiliade da politica preguicosa, egoista (a epoca do escadalo sexual do Salao Oval) e pouco corajosa de Bill Clinton por nao assumir a responsabilidade ou peso da importancia do Estados Unidos no cenario internacional.
A covardia e miopia do governo Clinton muitas vezes foi confundida como multilateralismo.
Com Hillary corre-se o risco de uma re-edicao dos mesmo erros. Com Obama, pelo menos ao que tudo indica, teremos uma Casa Branca mais capaz de assumir riscos e responsabilidades.
Penso que não entendeste a ironia do texto, especialmente no que se refere a Hillary Clinton, de quem foi dito "sabemos como é", apesar do dinheiro, do business is business e da rígida educação recebida. Não quis aumentar o texto clareando ações do democrata Clinton no que respeita a segurança nacional norte-americana e o terrorismo internacionalizado.
Quanto a Obama, sinceramente, não me convence. Ele não é Jesse Jackson. Nem como promessa. Quem sabe porque ele me lembra de algum modo que não sei explicar um certo bom moço que por aqui chegou a Presidência da República (e justiça se faça: o alagoano era bem mais teatral).
Mas, é claro que a equipe de propaganda e marquetingue é boa. Veja o clipe a MTV... inegavelmente muito bonito, astral pra cima, mas comunicativo até que a inteligência obrigue questionar certo ponto importantíssimo.
Ora, a partir de onde a comunicação é interrompida? Exatamente quanto pedimos que o candidato responda o we can com um know do.
Então, como eu disse no final, com todo respeito aos românticos e/ou otimistas, nenhum dos três reverterá o belicismo norte-americano.
E sabe por que? Porque é impossível na atual ordem mundial. Eles sabem bem disso como quem anda pisando em ovos. Eisenhower previu a hipertrofia do complexo militar-industrial como força capaz de ameaçar os valores democráticos da sociedade norte-americana. A Camelot católica dos Kennedy capitulou diante dele tragicamente, apesar de todo o apoio e carisma popular do presidente.
E daí pra frente, o que minha geração viu foi muito de novo e velho no front: mais guerra, mais tortura, mais violação dos direitos e garantias individuais, mais financiamento de golpes de estado em países estrangeiros, novas derrubadas de ditadores que antes foram aliados, mais tecnologias inovadoras para morte em massa como aviões invisíveis, ações orientadas por satélite, bombas convencionais cada vez mais poderosas, etc, etc, numa ordem mundial unipolar em que o xerife de hoje é Bush e o de amanhã poderá tanto ser Mrs. Clinton, Mr. Obama ou Mr. McCain. Quem seja o escolhido não fará qualquer diferença no conjunto do cenário. E para aumentar ainda mais tua preocupação volto a sublinhar: não se assuste se assistirmos a eleição de um republicano por mais quatro e quiça oito anos para a Casa Branca.
Sua comparação entre Collor e Obama é realmente curiosa e factível, muito mais pela forma do que pelo conteúdo.
Quanto ao belicismo norte-americano, você já deveria estar acostumado a ele. Pelo menos durante todo o seu período de vida é bem provavel que muito pouco mude em relação a isso.
É possível que paulatinamente a estrela do xerife mude de mãos, sendo passada aos chineses, que devem emergir como a nova super-potência gerando ainda mais entropia para o equilíbrio do poder no mundo.
Quanto a eleição de um republicado esse ano, acho bastante improvável que ocorrea. Chegou a hora da alternância do poder na democracia norte-americana, acredite.
Concorado com grande parte de suas considerações. Contudo, embora o hábito norte-americano seja de alternância no poder entre democratas e republicanos, vejo no cenário político sinais de muita gravidade, internos e externos: ameaça de grave recessão, que arrastaria com ela economias como a China e o Japão, desestabilizando a economia nos front Ocidental e Oriental; gravíssima a situação no Oriente Médio, cujo recuo das tropas permitiria instabilizar aliados tradicionais dos EUA (Israel, Egito, Arábia Saudita, Kuwait) com o fortalecimento de grupos terroristas internacionais frente a pouca habilidade da diplomacia norte-americana; a crise energética dos países árabes e a corrida pelo domínio da tecnologia nuclear. É portanto um mix muito complicado para a tradicional sociedade norte-americana depositar toda a solução nas mãos dos Clinton ou nas de Obama. Daí porque, frente a essa encruzilhada, eu cogito que decidirão por uma solução arquiconservadora, porque no fundo todos os pleiteantes são conservadores no que respeita a defesa dos interesses dos EUA. É o que a nós falta, sempre consumidos em intrigas políticas de paróquia.
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