sábado, 19 de abril de 2008
Sainte-Chapelle - Um depoimento
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Ontem, recebi surpreso este excelente comentário do magistrado trabalhista José de Alencar, sobre o post Sainte-Chapelle - Uma Jóia de Paris. Titular do Blog do Alencar, e contumaz frequentador da blogosfera, Alencar conta duas histórias que servem para reforçar a impressão altamente positiva daquele importante ponto turístico, em uma cidade recheada de outras atrações. São de fato tantas, que, se o tempo for exíguo, o visitante será levado a fazer escolhas. Entre estas, recomendamos enfaticamente esta pequena capela gótica. Afinal, quem vai a Notre Dame, pode perfeitamente dar uma esticada até a Sainte-Chapelle. É só ver no mapa acima, que realmente, elas estão muito próximas.
Mas melhor mesmo, é visitá-la com o prévio conhecimento de sua história, e principalmente com depoimentos como este, que Alencar nos presenteia.
Nós é que agradecemos, Alencar, em nome de nossos leitores de todo o Brasil, pela oportunidade que nos dá, compartilhando assim sua experiência com aquele mágico lugar.
Espero que o FRJ consiga fazer contato com o blog, antes de sair de Paris.
E assim, não perder a oportunidade de visitá-lo.
Caríssimo blogger.
1 Realmente, a Sainte-Chapelle é uma jóia gótica encravada no Ministério da Justiça de França. São Luís podia não entender nada de coroa de espinhos - adquirida por ele em uma época em que as falsificações de relíquias estavam em voga - mas entendia de capela. É impossível, inclusive para ateus e agnósticos, não se maravilhar com essa exuberante capela gótica.
2 É um desses lugares que devemos visitar pelo menos uma vez na vida. Conheci em Paris uma senhora gaúcha, avançada na idade, com problemas de visão, mas vigorosa o bastante para encarar uma excursão da Abreu. Um dia ela pediu para desligar-se do grupo porque queria visitar a Sainte-Chapelle. A guia, compreensiva, fez o possível para ajudar. Uma amiga dela, também gaúcha, explicou-me depois: ela sabia que aquela seria a última chance de rever a capela, pois sabia que estava perdendo a visão e a vida estava chegando ao fim. Ela foi, não sei como, mas foi. E ao reencontrar com ela no dia seguinte, ela estava transfigurada. Era alguém que realizava um último e recôndito desejo e com alegria e ânimo de fazer inveja aos mais moços, fruia a vida que lhe era dada para viver. Alegre e feliz por ter visto a capela, ainda que pela última vez. Nunca esqueço dela e até hoje lembro do seu rosto, dos óculos, da cor do cabelo e da alegria de viver. Foi assim que aprendi a gostar da capela antes mesmo de conhecê-la (fui lá depois).
3 Na última vez que lá estive presenciei uma cena inesquecível. Era dia de Corpus Christi. De repente, um grupo de alemães - a cidade estava cheia deles no feriado - postou-se em um lugar que parecia escolhido ao acaso e começaram a entoar - à capela - uma Ave Maria em latim. Todos os visitantes pararam para ouvir as afinadíssimas vozes - cinco - e até os guias fizeram respeitoso silêncio. Era um pequeno coro que tinha vindo da Alemanha exclusivamente para aquela performance, porque naquele exato ponto a acústica da capela é simplesmente fantástica (aqui em Belém, na Igreja de Santo Alexandre também tem um ponto G desse, me disse Maria Antônia, nossa maestrina cubana). Terminaram de cantar, saíram silenciosamente como entraram, sem muita conversa, deixando atrás uma pequena multidão de turistas do mundo inteiro simplesmente maravilhados com o que haviam acabado de ver e ouvir. A combinação de luz dos vitrais com a divinal música dos alemães até hoje está gravada na minha retina, nos meus ouvidos, no meu cérebro.
4 Assim aprendi que a capela é para ver, ouvir e ... viver.
5 Por tudo isso, meu caro blogger, muito obrigado por me propiciar tão boa lembrança e compartilhar com seus leitores tão boa indicação.
Seja feliz.
Vida longa para você e para o Flanar.
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4 comentários:
Pois entao, Barretto, veja so: antes mesmo de ler a dica, ja fui a Sainte Chapelle. E mais: ontem de noite, voltei a ela para ouvir os concertos para violino e orquestra de camara de Bach, na Haute Chapelle.
Provas, realmente, de que Deus existe.
Excelente. Mas, na margem esquerda do Sena, procure a Shakespeare & Co. É uma livraria antiquária de relevância para a história das letras. Frequentada por gente como Joyce, de lá saiu para o prelo o Ulysses, por primeiro publicado na França. Conversar com o atual dono (deve estar bem idoso) e circular por entre as estantes é uma viagem no tempo.
Abs.
Ótimo.
Não sei como o blogger está lidando com o fuso horário. Mas ou vc está dormindo muito tarde ou acordando muito cedo para ter postado às 7:34 AM deste Domingo. De uma forma ou de outra, Paris não é exatamente um local apropriado para se dormir cedo e acordar tarde. Pelo que vejo na previsão do tempo, Paris parece estar com tempo predominantemente nublado, chuvas ocasionais e temperatura variando entre 17 e 12 graus. Confere?
Procure também, em Montparnasse, um restaurante de culinária do sudoeste e experimente o "cassoulet", uma espécie de feijoada. Vc não se arrependerá. E ainda lá, aproveite para dar uma esticada até seu famosíssimo cemitério, onde estão Jean Paul Sartre/Simone de Beauvoir, Andre Citroen, entre outros.
O contraste entre seus túmulos é marcante.
Bon Voyage!
Caríssimo blogger.
1 Muito obrigado por destacar meu comentário.
2 Francisco, será que hoje - domingo - tem concerto de órgão na Catedral de Notre Dame? Primavera é tempo de concertos em Paris. Os do órgão de Notre Dame são simplesmente maravilhosos e imperdíveis.
3 Além da Shakespeare (que vende também cartazes antigos e reproduções), vale a pena flanar de bouquiniste em bouquiniste na Rive Gauche, nem que seja só para ver seus livros e revistas antigas. A tentação de comprar é grande. O risco de excesso de bagagem idem.
4 Ah, sim. Se você gostar de doces árabes, não peça sobremesa nos restaurantes do Quartier Latin. Faça a sobremesa em uma lojinha de doces do Sul da Argélia, que fica na esquina da Rue de La Harpe - aquela que é cheia de restaurantezinhos e turistas do mundo inteiro - com a Saint-Sèverin.
5 E tudo aí pertinho da Saint-Chapelle e de Notre Dame.
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