Bachianas Brasileiras

As nove Bachianas Brasileiras são o maior momento da música erudita nacional. Heitor Villa-Lobos mesclou elementos melódicos e rítmicos de canções e danças populares à inspiração harmônica e também melódica do maior compositor de todos os tempos, Johann Sebastian Bach.

Os movimentos das Bachianas, além das denominações eruditas (prelúdios, tocatas, árias) receberam nomes brasileiros. Por isso, a ária da Bachiana n. 5 é também denominada Cantilena, o prelúdio da n. 1 é chamada de Modinha, a tocada da n. 2 é O Trenzinho do Caipira, e assim por diante.

A construção que resultou desta mistura é uma obra complexa e grandiosa, cuja ária da Bachiana n. 5 é a mais conhecida composição de Villa e, talvez, o tema mais popular da música erudita brasileira, em especial depois de ser incluída na trilha sonora do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Gláuber Rocha, marco do Cinema Novo. Na cena famosa, Yoná Magalhães, no papel de Rosa, é seduzida pelo cangaceiro Corisco, de Othon Bastos, e o beija ao som da Cantilena.

A mesma ária foi revisitada por Egberto Gismonti, em um disco dos anos 1980 chamado O Trenzinho do Caipira. Neste, além da Cantilena, Gismonti toca e rege versões de outras Bachianas, como o lindíssimo Prelúdio, da Bachiana Brasileira n. 1, e a tocata da Bachiana n. 2 (Trenzinho do Caipira).

A ária é lembrada, ainda, por ter sido gravada por Jorge Aragão, ex-integrante do Fundo de Quintal, e um dos sambistas mais conhecidos do país.

Na versão que encontrei no Youtube, infelizmente não há registro de quem executa a ária. Mas isto não atrapalha em nada a audição: ouçam e deleitem-se. Bom final de semana a todos.