Um judeu polonês, morando nos Estados Unidos desde o final da 2ª Guerra Mundial, conta ao filho sua história na Polônia invadida, antes e depois de seu confinamento nos campos de concentração e extermínio nazistas de Auschwitz-Birkenau. O relato enseja a realização de um livro, escrito pelo filho – uma história em quadrinhos, para ser mais exato.
Este é o mote de Maus, A História de um Sobrevivente, escrito e desenhado pelo quadrinhista americano Art Spiegelman. O livro ganhou o Pulitzer de 1992 na categoria Literatura – Prêmios Especiais; foi a primeira HQ a receber a honraria. No Brasil, como nos Estados Unidos, foi publicada originariamente em dois volumes, ambos pela Brasiliense (1986 e 1995). Posteriormente, foi reeditado pela Companhia das Letras (2005, 296 p.), versão hoje encontrada nas livrarias.
Além do drama incrível e emocionante do velho Vladek, pai do autor, chama a atenção no livro a caracterização dos personagens: Spiegelman retrata judeus como ratos, alemães como gatos, americanos como cães, góis poloneses como porcos e franceses como sapos.
Dizem os especialistas que depois de Maus, os quadrinhos deixaram de ser vistos somente como obras infanto-juvenis. Afinal, as histórias da DC Comics e da Marvel podem ser consideradas adultas, mas a temática fantástica dos super-heróis é em muito superada pelo relato surpreendente e verdadeiro de Vladek Spiegelman, que conta os horrores da prisão e do encontro com a morte horrenda, que se aproximou tantas vezes mas não conseguiu alcançá-lo.
9 comentários:
Oi RFJ.
Você conhece o significado do porquinho que é cofre?
Beijos.
Estava com saudade de você.
Cris, a única história que achei a respeito, pesquisando rapidamente na net, foi a da Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Porquinho-mealheiro
Conheces outra? Conta pra gente.
Beijão.
Não é essa. É um termo pejorativo utilizado aos judeus - "engordam o capitalismo." Existem réplicas de peças de arte com a Santa Ceia, em que Judas carrega em suas mãos um cofrinho de porco.
Odeio isso. E já chorei muito por conta. Muito mesmo.
Beijos.
Cris,
"Maus", em alemão, significa "rato". Na obra de Spiegelman, os judeus são retratados como ratos porque eram associados a estes animais pelos nazistas, que os consideravam animais pestilentos, disseminadores de doenças, uma raça a exterminar.
A este respeito, Hitler afirmou que "os judeus são uma raça, mas não são humanos", frase epigrafada no início do livro. A propaganda do III Reich os definia assim, em seus meios de comunicação.
Os porcos, na HQ, são os poloneses não-judeus. Quanto a estes, não sei a razão da associação. Talvez seja, como li em uma artigo a respeito do livro, uma "licença visual".
Beijão.
É, Hitler banalizou tb Nietzsche!
Beijos.
Oi, eu cheguei por aqui meio por acaso. Resolvi escrever por adorar essa "graphic novel" em particular.
Bem, os poloneses (descendo de um), são vistos como antisemitas.
Aliás, tem umas cenas incríveis com poloneses falando sobre a época do Terceiro Reich na Polônia no filme Shoah. Elas deixam qualquer um se sentindo muito mal por seu antisemitismo sem reservas, apesar dos tantos anos já passados.
O mundo das "GN" é incrivelmente denso. Se você gostou de "Maus" e mesmo que seja em uma outra tônica, experimente ler "Fun Home" de Alisson Bedchel.
Abs, Rz
RZ,
"Maus" é sensacional. Conheci o livro através da minha mulher, que é fanática por Graphic Novels. Não sou muito conhecedor de quadrinhos, mas tem alguns que valem a pena: Sandman, do Norman Gail, é um deles (e foi minha mulher também quem me apresentou).
Vou seguir tua dica e procurar "Fun Home". Quem sabe não posto algo por aqui, no futuro, inaugurando uma nova seção no Flanar?
Agora que conheces o caminho, aparece sempre. Obrigado por tua leitura e comentário.
Excelente sua abordagem, mas melhor ainda foi esse "tópico" que se criou aqui nos comentários, também de muito bom nível!
Parabéns
Neneto,
Os "tópicos" novos criados nas caixinhas são obra e graça dos nossos excelentes comentaristas, que muito nos honra passarem por aqui.
Obrigado por sua gentil retribuição à minha visita no Culturânea.
Venha sempre, agora que conhece o caminho.
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