terça-feira, 3 de junho de 2008

Coluna do Castello na internet

Lembro-me de, quando criança, ver em destaque na estante de casa uma coleção de quatro livros grossos, de capa verde clara, que reuniam vários textos pequenos de um certo escritor. A edição, pouco atraente, tinha um jeitão meio burocrático. Para mim, sem desenhos, com letras miúdas e páginas demais, não possuía nada que então me interessasse.

Recordo-me ainda de sempre localizar o nome deste mesmo escritor nos jornais da época, quando os pegava atrás das tiras de quadrinhos. Os artigos, encimados pelo título Coluna do Castello, eram sempre subscritos por seu autor: Carlos Castello Branco.

Vim a saber, mais tarde, que Castello Branco era um dos maiores jornalistas brasileiros. Nos chamados Anos de Chumbo, Castelinho, como ficou conhecido, era leitura diária e obrigatória para quem queria conhecer os intestinos da cúpula militar que governava o país. Os volumes grossos de nossa biblioteca eram os de seu livro Os Militares no Poder, reunião dos artigos que escreveu no Jornal do Brasil durante o período 1963/1981.

Castelinho, imortal da Academia Brasileira de Letras, foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de Brasília de 1976 a 1981. Destacou-se como defensor da liberdade de imprensa, em plena época de repressão. Logo após a decretação do AI-5, foi preso pelo regime militar, fato que antecipou à mulher, Elvia, conforme relatou alguns anos depois.

Castello Branco morreu em 1º de junho de 1993. Nesta mesma data, em 1808, havia começado a circular o Correio Braziliense, primeiro jornal brasileiro, então editado em Londres. Hoje, no mesmo dia se comemora o Dia da Imprensa, por projeto de lei do falecido deputado Nelson Marchezan.

A obra de Castello, fonte inevitável para todos os que querem conhecer a história do Brasil no período da ditadura militar (1964/1985), mereceu tratamento do tamanho de sua importância. Como noticia hoje o Observatório da Imprensa, os textos do Jornal do Brasil, seus discursos no Sindicato dos Jornalistas, na Academia Brasileira e na Academia Piauiense de Letras (da qual também era membro), além de vários outros documentos de sua lavra, podem ser pesquisados aqui.

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