A primeira reação do Ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, a respeito da Operação Satiagraha, que prendeu gente muuuuuuito graúda, foi uma ácida crítica. Contra a Polícia Federal.
Curiosamente, depois que assessores do "banqueiro de visão" Daniel Dantas foram presos tentando subornar um delegado da PF, que se mostrou incorruptível, e declararam que o chefe só se preocupava com o juiz de primeira instância, pois no STJ e principalmente no STF ele resolveria a questão sem problemas, Mendes não retornou à frente das câmeras - o que era seu dever. Afinal, se entendi direito, os tais assessores atribuíram ao patrão uma sugestão de que pode comprar os Tribunais Superiores da República.
Não simpatizo com o Sr. Gilmar Ferreira Mendes. Depois de votar, com alegria e esperança, em Fernando Henrique Cardoso, no ano de 1993, passei a detestar o presidente que ajudei a eleger por vê-lo cometer atrocidades contra a Constituição de 1988, numa época em que eu era acadêmico de Direito e ainda estava cheio de ilusões. A coisa só piorou, podendo-se citar a aberração jurídica que o STF perpetrou para manter viva a CPMF, de alto interesse do governo. Passei a odiar FHC por ter assassinado boa parte de minhas esperanças de estudante de Direito. E, naquela época, quem era o grande sustentáculo jurídico do governo FHC? Gilmar Ferreira Mendes, posteriormente agraciado com o cargo de ministro do Supremo, sem dúvida uma retribuição por seus esforços em favor do governo. Claro que ele é brilhante. Deu mostras disso.
Enfim, não gosto de Mendes e desaprovo sua atitude de fomentar os constantes conflitos interinstitucionais. Neste país, as forças públicas não se unem em torno de nenhum objetivo sério. Elas se digladiam, levando o cidadão comum a desconfiar de todas. A Justiça diz que a Polícia Federal comete abusos. A Polícia Federal diz que tem o maior trabalho para prender sacripantas de grosso coturno, mas a Justiça os solta rapidamente. No meio do fogo cruzado, o brasileiro - que quer ver essa gente na cadeia - acaba convencido de que tudo é uma grande esculhambação.
Aguardo os esclarecimentos que o presidente do STF deve à Nação sobre os comentários atribuídos à pessoa que ele mesmo mandou soltar (rapidamente). Afinal, defendo ardorosamente aquela máxima da mulher de César: não basta ser, tem que parecer honesta.
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