terça-feira, 9 de setembro de 2008

Só a mamãe

Os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais em Belém têm mais em comum do que o passado em uma aliança que tão caro nos custou (o verbo está no pretérito porque a aliança acabou, apesar de a desgraça ser atual e, pelo andar da carruagem, ainda nos fará muito mal por anos). Repetem-se, também, no tema da campanha. Atrevo-me, portanto, a enveredar pela seara dos marketeiros e publicitários políticos, esses seres superiores que condenam à execração perpétua quem se atreve a criticá-los, como já me aconteceu mais de uma vez. Por mim, tudo bem. Vamos lá.
Ambos os candidatos pecam por reeditar, em pleno 2008, um mote que já deveria ter sido banido da política há décadas, não fôssemos um país de semi-instruídos: o paternalismo. Segundo essa teoria ridícula, mentirosa e até mesmo brega, o político é um sujeito abnegado, que abdica de sua própria vida para ajudar nós outros, coitadinhos. A senha para isso se encontra no verbo "cuidar".
O slogan do nefasto:

Dudu de novo cuidando do povo.

O outro:

Para cuidar de Belém. Para cuidar de você.

Note-se, no primeiro caso, além da rima infame (talvez inspirada na campanha pela reeleição de Lula), a indicação de que o prefeito deve cuidar do "seu" povo como um pastor do seu rebanho, ou como um sacerdote - já que a intenção é mesmo associar o mandato político a uma espécie de sacerdócio, a ser concedido a pessoas boas e comprometidas com a felicidade dos governados.
No segundo caso, bem ao estilo da candidata - que sempre apareceu abraçada com velhinhos e crianças, com uma expressão emocionada no semblante -, o tom fica pessoal. Não é "o povo", essa abstração com a qual o indivíduo pode não se identificar; ela vai cuidar "de você". Então a mensagem se dirige a cada um de nós.
Pessoalmente, não quero prefeito nenhum cuidando de mim. Como diria um conhecido meu de muitos anos atrás, quem cuida de mim é a mamãe. O prefeito tem que cumprir competências constitucionais, respeitar as leis e trabalhar pelo aprimoramento das condições de vida na cidade. É isso. Ao agir assim, não faz mais do que a sua obrigação. Devemos reconhecer seus esforços, quando existem, mas não enaltecê-lo, posto que foi eleito exatamente para isso. E no contexto de respeitar as leis se insere o de ser honesto.
Por favor, senhores candidatos, não cuidem de mim. Já tenho quem o faça. Apenas trabalhem e sejam honestos.

5 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice,
É insuportavelmente brega e démodé essas imagens de candidatos abraçados a velhinhas chorosas e beijando crianças da periferia. Infelizmente, junto com o asfalto, ainda produzem votos.
Só mesmo o aumento da educação média do brasileiro para afastar de vez estes lances de marketing: quando isto ocorrer, quero ver candidato se pelando de medo de enfrentar os questionamentos da população.

Yúdice Andrade disse...

Tenho fé que este dia chegará, meu amigo. Aí eu quero ver. Porque hoje, após algumas horas de caminhada junto ao povão, um banho na banheira de hidromassagem pode resolver (consta que esta sempre citada maldade foi diretamente usada pelo nefasto, em relação a sua principal oponente, na atual campanha). Mas quando o povo quiser explicações em vez de abraços e fotos, não haverá banho que dê jeito.

Carlos Barretto  disse...

Como já não tenho pai nem mãe, admito que minha esposa, e até meus irmãos, "cuidem" um pouquinho de mim. Fora isso, xô!

Anônimo disse...

Cada povo tem o des-governo que merece, já que o elegeu. Então, se colocarem a dupla Dudu-Vavá no segundo turno, que os embalem. Concordo que uma boa educação daria subsídio para uma melhor escolha. Mas, vamos e venhamos, quem cai nessa conversinha fiada da MILIONÁRIA VALËRIAÁÁÁ ou do DUDU QUE FEZ DUDU QUE FAZ, merece mais 4 anos de desmandos sim. Burrice não tem cura, ignorância sim!!

Anônimo disse...

Pena que o PT tenha esse arMário para carregar nas costas. Acho que os petistas estão com hipertensão arterial, para escolherem um candidato sem sal como esse. Parece locutor de corrida de tartaruga, ou rinha de bicho preguiça. Imagina uma aula desse professor, às 14 horas, depois de uma feijuca?! É de babar cachoeira.