quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Mundo É um Instante

Quem me ensinou uma letra,
Doravante será meu senhor.
(Ditado árabe)
Médico, tive professores que marcaram-me pelo que transmitiram em conhecimento técnico e conduta profissional: Ruth Brazão, Pedro Bisi dos Santos, Clodoaldo Ribeiro Beckman, Bettina Ferro de Souza, Angelina Serra Freire Lobo, Ronaldo Araújo (que, justamente, reprovou-me), Benjamin Ohana, Heloisa Areas, Raimundo Areas, Clementina de Almeida Gallo e Waldenice de Oliveira Ohana.
Bem entendido: Cito-os sem chance de cometer qualquer erro pessoal, complementando-lhes a recordação por outros não investidos da função oficial do magistério, mas que nesse papel para minha formação profissional contribuíram em definitivo - Amado Pedro Caminha e Maria da Conceição Chermont Sápia, ambos da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, quando ali fiz internato; e Antonio Carlos Castelo Branco, o Tom- meu amigo-preceptor de antes e durante residência em Clínica Médica, na Santa Casa de Misericórdia do Pará.
Para nombrar los faço esta preleção, mas também porque hoje tive notícia do falecimento de um meu professor de Ginecologia & Obstetrícia, Dr. Waldir Relvas, falecido no palco, como um dia, na aula inaugural do curso especialização do professor Hélio Luz, no Rio de Janeiro, em 1984, a atriz Fernanda Montenegro um dia ensinou, ou lembrou, a mim e a outros presentes das responsabilidades, riscos e deleites e do imponderável no ofício de praticar e ensinar a Medicina.
Com o aroma inusitado das flores que senti naquela manhã radiosa, a que seguiria o passamento inesperado, homenageio o Dr. Waldir Relvas, que um dia ensinou-me a fisiologia de quem gesta e ao mundo conduz nossos semelhantes. Ele, professor de Medicina da Universidade Federal do Pará - que hoje está entre os fona na avaliação nacional do Ministério de Educação -, disseram-me, morreu de caneta na mão enquanto escrevia de punho a derradeira receita.

4 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Endosso integralmente sua justa homenagem. Acima de tudo, Relvas era um boa praça. Uma alma humana ímpar.
Deixa muitas saudades.

Yúdice Andrade disse...

Conheci o médico Waldir Relvas quando advoguei para o sindicato dessa categoria profissional. Defendi-o em uma acusação de erro profissional que, asseguro, era infundada, consoante posso afirmar não com base no Direito somente, e sim devido aos laudos periciais juntados aos autos. Quem o inocentou foi a própria ciência médica.
Nos papos que batemos, naqueles tempos, aprendi algumas coisas interessantes que, hoje, uso em minhas aulas, p. ex. quando trato de abortamento.
Eu o encontrei outro dia num supermercado, quando nos cumprimentamos. No último dia 3, avistei-o de longe no show da Adriana Calcanhotto. Não nos falaremos mais. Que vá com Deus.

Anônimo disse...

Oi Dr.Itajaí ou Oliver,acredito que o sr.é um ser humano especial,a homenagem que fez hoje no blog ou melhor, a forma como diz aos que fizeram parte do seu caminho e que contribuíram no que diz respeito ao seu exercício profissional é muito bonita, pois demonstra que o que ficou não foi apenas o conhecimento teórico-prático da área médica, mas o significado das atitudes nas relações estabelecidas no cotidiano.Entendi assim,pois tive o prazer de conhecer a Dra.Betina, confesso que tenho saudades daqueles momentos e fico me perguntando o que estará acontencendo com as pessoas no mundo e mais especificamente com aquelas que tem enquanto objetivo profissional curar ou amenizar as dores e sofrimento dos seus semelhantes.
Abraços,
Consuelo.

Itajaí disse...

Relvas foi de fato um boa praça e tu, Yúdice, resgatas dele uma imagem que diz muito da paixão que tinha pela MPB.
Consuelo, obrigado por suas palavras. Fico feliz em saber que compartilhas comigo o carinho pela memória da Dra. Bettina. Dela, posso concluir, foi mestra a vida inteira.
Depois de aposentar-se da UFPA, essa senhora, que um dia presidiu a Sociedade Brasileira de Cardiologia, em idade avançada dedicou-se a ensinar o catecismo aos pequeninos. Infelizmente, não tenho aqui comigo o livro que ela editou, onde se lê uma vinheta que diz muito sobre a visão que ela tinha da vida.