Na página A15 do primeiro caderno do Diário do Pará, leio segunda matéria em que o jornal comenta a violência descontrolada que aflige Belém. Ali estão narradas a morte de vítimas com visibilidade social evidente, pois pertencem à corporações de profissionais bem organizadas na cidade. Falta contudo aquela dor que não sai no jornal, a dos anônimos ceifados por igual desgraça. Diz a (o) jornalista que tentou buscar informações na Secretaria de Segurança Pública mas nada obteve de concreto além do silêncio envergonhado. Duas entrevistas merecem contudo algum comentário, descontados os parágrafos de indignação pela morte prematura de um amigo: a do Dr. Raul Navegantes, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Pará e do presidente do Conselho Regional de Medicina, Dr. Antonio Cordero.
De fato Navegantes tem razão quanto a crítica sobre a implementação do Plano Nacional de Segurança Cidadã (PRONASCI). O plano é bom, foi escrito por competentes e está adstrito à gestão de um dos melhores ministros da justiça que tivemos até então. Falta contudo dinheiro para fazê-lo real na velocidade e magnitude que a gravidade do problema exige.
Mas, para sermos precisos em nosso propósito, há que dar a crítica a largura necessária. A situação descreve escassez de recursos de um lado, mas de outro não esconde a pouca vontade política dos governadores e prefeitos para enfrentar a violência, só comparável a do anêmico Jeca Tatu para o trabalho. Em outras palavras: os governadores e prefeitos têm parcela importante sobre o descontrole da violência no território nacional, pois seu coeficiente de mobilização para tratar do assunto com o governo federal é quase nenhum, ou melhor, negativo. No máximo, resume-se a comprar mais carros, brucutus, coletes a prova de bala com o foco apenas no aspecto repressivo à violência. Não adianta.
E pior: na ponta mais frágil temos o povo, com papel de alvo para a metralha, assistindo a tudo bestializado como se disse à ocasião da proclamação da República em 1889.
Daí porque vivemos a atual situação às tontas, porque entupidos de belas teses e dissertações de pos-graduação, com uma política pública para enfrentar o problema, mas de poucos tostões para faze-la real; com gente sofrendo o pão que o diabo amassou e sem líderes que intervenham com a estatura que o momento requer. Nesse compasso sem maestro, se ficarmos a registrar nossos lamentos a cada morte de amigo, parente ou conhecido não iremos a lugar nenhum, tão só marcaremos passo no cadafalso.
Então é louvável a iniciativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas é preciso arregimentar mais. Ir além e chamar outras corporações para iniciar um movimento cívico de amplitude nacional. Existem elementos suficientes para fazê-lo e por ele trazer a população não para mais uma marcha em prol da paz nesta ou naquela cidade, mas desta vez como clamor de uma nação ofendida e empobrecida pelo dia a dia da violência do não agir.
De fato Navegantes tem razão quanto a crítica sobre a implementação do Plano Nacional de Segurança Cidadã (PRONASCI). O plano é bom, foi escrito por competentes e está adstrito à gestão de um dos melhores ministros da justiça que tivemos até então. Falta contudo dinheiro para fazê-lo real na velocidade e magnitude que a gravidade do problema exige.
Mas, para sermos precisos em nosso propósito, há que dar a crítica a largura necessária. A situação descreve escassez de recursos de um lado, mas de outro não esconde a pouca vontade política dos governadores e prefeitos para enfrentar a violência, só comparável a do anêmico Jeca Tatu para o trabalho. Em outras palavras: os governadores e prefeitos têm parcela importante sobre o descontrole da violência no território nacional, pois seu coeficiente de mobilização para tratar do assunto com o governo federal é quase nenhum, ou melhor, negativo. No máximo, resume-se a comprar mais carros, brucutus, coletes a prova de bala com o foco apenas no aspecto repressivo à violência. Não adianta.
E pior: na ponta mais frágil temos o povo, com papel de alvo para a metralha, assistindo a tudo bestializado como se disse à ocasião da proclamação da República em 1889.
Daí porque vivemos a atual situação às tontas, porque entupidos de belas teses e dissertações de pos-graduação, com uma política pública para enfrentar o problema, mas de poucos tostões para faze-la real; com gente sofrendo o pão que o diabo amassou e sem líderes que intervenham com a estatura que o momento requer. Nesse compasso sem maestro, se ficarmos a registrar nossos lamentos a cada morte de amigo, parente ou conhecido não iremos a lugar nenhum, tão só marcaremos passo no cadafalso.
Então é louvável a iniciativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas é preciso arregimentar mais. Ir além e chamar outras corporações para iniciar um movimento cívico de amplitude nacional. Existem elementos suficientes para fazê-lo e por ele trazer a população não para mais uma marcha em prol da paz nesta ou naquela cidade, mas desta vez como clamor de uma nação ofendida e empobrecida pelo dia a dia da violência do não agir.
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