A eliminação de quatro bandidos pela ROTAM - Ronda Ostensiva Tática Metropolitana, suspeitos de assassinar o cabo Paulo Sérgio da Cunha Nepomuceno, membro da tropa especial da PM paraense,em um assalto na semana passada, é a repetição de uma história muitas vezes vista. Fala-se em troca de tiros; a história, porém, ainda é nebulosa.
O episódio lembra um dos casos mais escabrosos da história da Polícia Civil, quando há cerca de 10 anos componentes da corporação caçaram e mataram bandidos do grupo do famoso latrocida Ninja, exibindo seus corpos nos porta-malas dos carros policiais, em desfile pela Avenida Almirante Barroso. Os criminosos, dias antes, haviam matado uma equipe inteira de policiais civis, surpreendendo-os durante um plantão na Delegacia do PAAR.
Às vésperas do Fórum Social Mundial, Belém terá sua imagem exibida por todo o planeta exalando o fedor de mais estes cadáveres.
8 comentários:
Ao anônimo que deixou um comentário ao post, dizendo que este foi o meio encontrado pela PM para "justiçar" a morte do cabo Cunha, peço desculpas pela moderação negativa do comentário. Foi absolutamente sem querer; simplesmente cliquei na opção errada.
Se puder, repita o comentário que será moderado positivamente.
De qualquer modo, digo-lhe que justiçamentos como este, se ficar provada a materialidade de tal atuação, são crimes tanto quanto aqueles praticados pelos bandidos. Há leis e a Constituição a serem observadas, principalmente por quem detém o monopólio legal da violência. Discordo visceralmente da pena de morte, mas ela ainda é defensável, já que pressupõe a presença do Estado-juiz que levará a termo um processo regular, cuja conclusão pode ser a aplicação de tal pena. O que é inadmissível é a Polícia arvorar-se a julgar criminosos e aplicar-lhes a pena deste modo. Não há sistema jurídico contemporâneo que aceite isto - e há muito tempo.
É evidente que ninguém quer ter um bandido batendo a arma no vidro do seu carro, ou encostando o cano na sua barriga. Mas não é este o caminho para resolver, nem a curto nem a longo prazo, o problema da segurança pública.
Perdão mais uma vez, anônimo: você ajudou no erro... na verdade, seu comentário ao meu post foi incluído na postagem anterior, do Barretto, intitulada "Flanando pelo Google Maps". Trascrevo-a, para o bom entendimento do debate e da minha resposta:
"Essa é a forma que os policiais encontraram de fazer justiça. O raciocínio deles é simples: são quatro a menos.
Existe uma certa hipocrisia nos reclamos contra a violência urbana que grassa pelo Brasil afora. Ninguém deseja encarar o cano de uma arma batendo no vidro do carro mas também não querem ver os "incorrigíveis" justiçados.
Não há solução de curto prazo na questão da violência.
Parece que o Giuliani conseguiu lá em Nova York, mas os expurgos foram inevitáveis."
Complemento meu comentário anterior para dizer-lhe que no período de "Tolerância Zero" ocorrido durante a gestão do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani à polícia também não foi dada carta branca para matar bandidos. Ninguém tomou o lugar do Judiciário, em momento algum. Portanto, seu argumento não prospera.
Obrigado pela presença e comentário.
Eu acho incrível isso, quando morre um deles, é um deus nos acuda, rapidinho encontram o bandido e dão cabo dele, agora quando é um de nós, pobres mortais, dane-se, fica por isso mesmo.
Caro Francisco, o caso que mencionas, do cadáver exibido no porta-malas da viatura policial, todo cheio de hematomas, ferimentos sangrantes e com os olhos vazados - um dos mais horripilantes que a História deste Estado registra -, refere-se ao igualmente famoso Paulinho Mapará, que matou um policial e por isso foi justiçado.
O Ninja foi assassinado durante rebelião no antigo Presídio São José, sendo jogado do alto das muralhas pelos presos, em frente às câmeras.
Realmente, essa atitude da ROTAM, que nos remete aos velhos tempos da PATAM, não é nada louvável.
Apesar de ter certeza que a minha opinião é polêmica, eu prefiro a polícia matando bandido do que se corrompendo e deixando os bandidos nos matarem.
Nos tempos da PATAM, a rapaziada pensava duas vezes antes de entrar para o mundo do crime, era só ouviro o ronco do motor da veraneio e ver os policiais descendo com o cacetete em mãos.
Ruy Alcântara
Caro blogueiro, o aparelho policial encontra-se deteriorado e aqueles que recebem as ordem verificando tal estado de coisas, se acham no direito de agir por conta própria e sem qualquer parametro de dignidade e ordem. Ficamos nós, refens de uma policia despreparada e fadada a atos de graves repercursões sociais e morais.
Polícia violenta gera mais violência, gera o medo e gera o aumento da morte de inocentes. Na minha avaliação , a violência no Brasil está "historicamente ligada" ao uso do poder. "O uso do poder exige moderação. Uma polícia violenta aumenta a ocorrência de chacinas, e não é esta a alternativa para reduzir a violência no País.
As estatísticas, mostram que a polícia brasileira não está equipada para combater a pequena criminalidade, moto gerador da expansão da violência. "Setenta por cento das ocorrências que deságuam nas delegacias não podem ser qualificadas como crimes, sequer contravenções penais, mas questões de assistência social", . As delegacias não têm vocação e nem estão preparadas para resolver estes conflitos. "E estas questões não atendidas se transformam, no dia seguinte, em crimes violentos".
Defendo uma reestruturação da polícia, que deve estar "integrada à comunidade" como parte de uma ação conjunta da sociedade e do Estado para combater a violência. "A criminalidade assume o poder paralelo onde o Estado deixou de agir".
Abraço .
ADOLFO ALVES.
Telma, você tem razão. Parece ser um corporativismo sanguinolento, o que é pior.
Yúdice, acho que o tal Paulinho Mapará era do bando do Ninja. Por isso a menção à "celebridade". E mais: o corpo do Ninja foi jogado sem cabeça para fora do antigo presídio São José. Os revoltosos jogaram bola com a parte destacada do corpo.
Ruy, eu prefiro uma polícia que haja com inteligência, no sentido técnico do termo, prenda bandidos e entregue-os ao Ministério Público e à Justiça, para que paguem por seus crimes dentro do que diz a lei. Este é o mundo ideal que temos que perseguir.
Adolfo,
Você foi no ponto: a violência grassa onde o Estado - e não somente o Estado policial - está ausente.
A você, à Telma e ao Ruy, obrigado pelas visitas e comentários. Voltem sempre.
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