sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Breguice e beleza
A banda britânica Procol Harum, originária dos anos 60, é tida como representante do rock progressivo. Para milhões de ouvintes ao redor do mundo, porém, ela é conhecida por um único sucesso, que pouco ou nada tem de progressivo, mas que ficou como uma daquelas melodias que grudam para sempre na memória: a canção A Whiter Shade of Pale.
A música é belíssima, apesar de poder ser identificada com algo que hoje chamamos brega, ou cafona. Na verdade, com seu característico órgão Hammond e a batida mela-cueca, digamos assim, é um espécime remanescente de um romantismo hoje relegado à subcultura pop musical. É música datada. Na época em que lançada, faço ideia das bocas retorcidas daqueles que se só permitiam ouvir os sofisticados Pink Floyd, Yes, Genesis e que tais. Eu mesmo, se tivesse vivido aqueles tempos, talvez tivesse torcido o nariz para os britânicos do Procol Harum. Hoje, porém, adoro a canção.
Sucesso nos 60/70, A Whiter Shade of Pale foi resgatada no início dos anos 1990 pelo diretor americano Martin Scorcese no melhor dos três Contos de Nova York, filme feito em parceria com Francis Ford Coppola e Woody Allen. A música embala a história de perversão e loucura apaixonada dos personagens de Nick Nolte e Patricia (ou Rosana, não sei) Arquette e é a cara da história idealizada pelo escritor americano Richard Price, que escreveu o roteiro de Lições de Vida, o conto novaiorquino de Scorcese: algo entre o absurdamente cafona - a paixão melosa do personagem de Nolte pelo de Arquette - e o extremamente sofisticado - Nolte é um pintor famoso e bem sucedido, morando em uma metrópole cosmopolita.
Música linda, vídeo ridículo: é o que vocês verão no vídeo-clipe original da canção. Na época, nem se usava a expressão vídeo-clipe; a película, também, mais parece obra de um amador em Super-8, doido para alcançar o sucesso por meio do YouTube. Mas é de todo modo maravilhoso poder resgatar uma pérola deste tipo, disponível a todos pela internet.
No vídeo, noves fora as macaquices dos componentes da banda (nesta época ainda se dizia conjunto...), destacam-se as imagens sessentistas do Picadilly Circus de Londres, já naqueles tempos longínquos um dos lugares mais globalizados do mundo.
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4 comentários:
Delícia de post!
Melei muito a cueca com esse som...eheh
Tks pelo remember.
Abs
Pois é, Juca: ainda hoje este som mela cuecas, mundo afora. Isso é que é sucesso!
Mela tanto na frente, quanto atrás!
Égua anônimo, será?
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