Em comentário ao post Notícias do Underground, o fotógrafo Abdias Pinheiro faz um desabafo que endereça a um dos posters do Flanar, Val-André Mutran.
Querido Val Mutran, irmão do Marcos e da minha querida amiga Flavia.
Pelos corredores do congresso, os quais tens familiaridade, nossa gente bem que poderia, com o dinheiro dos fretamentos do jatinho do Jereissati,das horas extrasdo do mês de janeiro com o congresso parado, coisa recorrente, que cinicamente o déspota do deputado que as concedeu, ficou sem ter o que dizer e que nós pagamos as contas desses "sujos eitos", em
corporativismo nunca visto na história recente das democracias. Poderiam, a bem do cinismo crônico e deslavado, fretar, não jatinhos, mas paus de arara, em uma referencia aos heróis que construiram Brasilia, e levar o povo brasileiro a observa-los "trabalhando". Essa musiquinha nada mais é que "o não aguento mais de tanta sacanagem", ainda, como se não fosse pouco, temos que pagar impostos, e mais impostos para alimentar essa curriola de hipócritas e desocupados, que só pensam nos seus "negócios", ao contrário do que diz a democracia.
É para esses caras, que nos fazem de otários, isso mesmo otários, que serve essa singela musiquinha, para acalentar os sonhos dos desmandos desse congresso que ja deveria ter sido fechado, e no lugar instituído as câmras populares com mandatos de dois anos e sem remuneração. Esse sistema político brasileiro é uma vergonha, caduco, velho, caquético e hipócrita. A justiça? O quê mesmo?
Justiça só para pobre que nem tem onde cair morto.Roubou uma lata de leite de uma rede de supermercados: Cadei de 4 anos. Raspou um pé de pau pra fazer chá, mais tantos anos.
Eles enganam a maioria, mas uma minoria crescente, a cada dia revolta-se mais. Depois falarão em lei de segurança nacional, é só perguntar ao Genuino, Delubio, Zé Dirceu, Agripino, Jader, Orestes Quercia, Maluf, Ieda Cruz Credo, coitado dos gauchos, e por ái vai o trenzinho dos hipócritas, Tal pometeu ao enganar Zeus levando o fogo aos homens. Já é hora de fechar esse congresso e eleger as câmaras populares sem remuneração.
Vale a mesma indgnação a justiça desse país e ao executivo. O poder deve ser do povo e não de algumas grussas de personagens de um teatro que há muito o pano caíu.
Um abraço cordial,
Abdias Pinheiro
9 comentários:
Huhuhumm. Não sei se rio, ou se choro. Até aqui chegamos...
Caro leitor Abdias Pinheiro.
Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-lo pela oportuna intervenção, evidenciando, com seus comentários e sugestões, a indignação que reverbera na ampla maioria da população brasileira.
Aproveito a oportunidade, já que sua mensagem foi direcionada a minha pessoa, alguns esclarecimentos que se fazem necessários.
Acredito que como trabalho na Câmara dos Deputados assessorando o mandato de um dos deputados federais de nossa bancada do Pará, sinto-me honrado em respondê-lo, apesar de não ter o privilégio de meu assessorado. Esse sim, com mandato definido pelo eleitor paraense.
No entanto, respondo seus questionamentos como marabaense, paraense e, brevemente, carajaense, ou, se preferires, como um cidadão brasileiro.
Feito a ressalva, destaco que sua idéia -- extinção do Congresso Nacional -- foi defendida por um dos homens mais íntegros que conheço esta semana, e que até poucos dias atrás, era o assessorado, em sua Comunicação Social, por um primo meu. Falo do senador Cristovam Buarque. Professor, ex-Reitor da Universidade de Brasília, ex-Ministro da Educação no 1º mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
A UnB, só para lembrá-lo, foi pensada pelo inesquecível Darcy Ribeiro.
Pois bem, na atual conformação política de nosso país; após a luta incessante de algumas de nossas melhores cabeças, combatendo durante 21 e dolorosos anos as iniqüidades, torturas, complôs, acertos secretos e covardias: foi derrotada.
A ditadura imposta por um grupelho de militares, atendendo a direita... Elite rural, industrail; chame-a como quiser, deste país, mergulhou a Nação de uma povo alegre, bonito, miscigenado e detentor de uma única língua, com plena e legítima unidade territorial, nas trevas da de uma regime de exceção por miopia ideológica e egoísmo soberbo.
O Legislativo brasileiro em seu atual sistema presidencialista, franquia ao Congresso Nacional uma transcendência em valor à soma de seus membros.
A corrupção deles nada tem a ver com o papel da instituição no funcionamento da República.
Faça-se então, caro Pinheiro (seu sobrenome é o mesmo de minha mulher), a limpeza ética necessária nos membros portadores de cancro moral, deformações de origem, aleijão espiritual.
Que o eleitor brasileiro extirpe da vida política nacional esses desprovidos de moral nacionalista e amantes da busca pela cidadania plena de todos os brasileiros.
O senador Cristovam Buarque, e acredito que centenas de milhares de brasileiros, pensam da mesma forma.
Buarque ocupou a Tribuna do Senado Federal e propôs a realização de um plebiscito.
A população, conforme ele, seria consultada sobre o fechamento do Congresso Nacional.
Ao propor tal tarefa, Buarque obrigou seus pares à reflexão.
Levado compulsoriamente à reflexão pelo petardo do bom senador, vislumbrei uma primeira e ligeira opinião.
Acho que o Congresso não deveria ser fechado. Quando nada, temos nele o caso de um membro eleito que toma o microfone e proclama um rito para sua extinção. E no fim do mês ainda vai receber por isso! É a prova definitiva de que, até diante de uma asneira, o parlamento revela a pureza democrática de seu estado de espírito. Para o país, do ponto de vista institucional, não é algo que devamos descartar. E faço minhas as palavras do jornalista Ugo Braga.
Prossegue Braga e assino embaixo:
Também é relevante e inescapável a abissal ignorância da chusma a respeito do Congresso Nacional. Desse bolo, o Senado é a cereja. Dia desses, num almoço de domingo, ouvi respeitáveis senhores defenderem sua extinção.
— Para que duas Casas?, questionava uma cabeça branca. Ela mesma respondia, sem qualquer vestígio de dúvida no argumento.
— Só para roubarem em dobro.
A conversa toda surgiu a reboque dos escândalos vários revelados desde que José Sarney elegeu-se presidente dos senadores. A lista é grande. Do celular da filha aos jatinhos fretados. É como se, de repente, ficássemos sabendo de uma baita festa para a qual não fomos convidados. A não ser, claro, na hora de pagar a conta.
Serventia, há…
O Congresso Nacional, porém, transcende em valor à soma de seus membros, repito. Quão seja, a corrupção deles nada tem a ver com o papel da instituição no funcionamento da República.
A começar da sua natureza. A divisão do poder do Estado em três instâncias complementares está relacionada ao conceito mais puro de justiça, firmado justamente para dar forma à liberdade conquistada a partir da ruína dos feudos despóticos. Em resumo, aqueles que fazem as regras da vida em sociedade, não podem julgar os conflitos; aqueles que os julgam, não podem fazer as normas; aqueles que zelam pela sua execução, nem as fazem, nem as julgam. Daí brotam os pesos e balanços a equilibrar os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, nosso modelo de Estado, caro Pinheiro.
Essa espécie de teoria ótima está erguida até hoje sobre pilares construídos pelos iluministas franceses. Mas há outras projeções relevantes nessa construção. E, em momento de grave crise, é sempre bom dar uma olhada nos federalistas — os pensadores que construíram o arcabouço institucional dos Estados Unidos antes mesmo da Revolução Francesa.
James Madison é um deles. Nos anos anteriores à promulgação da Constituição dos EUA, em 1787, ele liderou o intenso debate intelectual a respeito do futuro país. Preocupava-se sobretudo em criar instrumentos capazes de livrar a República da corrupção e da aristocracia (para o Brasil atual, podemos adaptar para oligarquia).
Madison era questionado seguidamente a respeito do predomínio de facções no Poder Legislativo. Elas se serviriam do Estado, em vez de atuarem em favor da sociedade como um todo. O pensador respondeu brilhantemente ao problema. Disse que, dada a multiplicidade de interesses, as facções acabariam vetando as políticas que beneficiassem apenas umas às outras. Pelo Congresso, passariam somente decisões com as quais todas as facções, ou seja, toda a sociedade, se sentissem contempladas.
A soma dos franceses com os americanos resulta numa certeza inescapável: sem o Congresso, estaremos entregues a um governante superpoderoso, à mercê de violência e de toda sorte de tiranetes. Já superamos tal fase da história.
Estamos, agora mesmo Abdias Pinheiro, à prova de superar a outra fase. Essa, cheia de armadilhas, repleta de perigos a nossa volta: a consolidação do que optamos como a nossa democracia verde-amarelo-azul e branca.
Num momento como esse, faz-se necessário, antes de tudo, uma boa limpeza nos entulhos que herdamos. Falo por mim, minha geração. E nada melhor do que fazer o trabalho num ambiente de Estado de Direito, de um país, ainda claudicante nesse mister.
Acredito, no entanto, Pinheiro, que o desafio dessa nova etapa da vida democrática nacional, que façamos, todos, o que tem que ser feito. Vale a pena!
Ela, a tarefa, não pode prescindir de uma Imprensa livre.
Os blogs, como o Flanar e outros tantos, fruto do esforço pessoal de seus editores, são pagos pela satisfação de ser lidos e comentados. Não como uma vaidade pessoal desvairada e de gente rica que tem condições de ter bons computadores; dar conta de pagar o provedor; da conta apresentada pela companhia telefônica que lhe permite o acesso à Internet e, os programas que protegem o seu conteúdo publicado.
Essa revolução silenciosa da WEB 2.0, em pouco tempo, gerará a WEB 3.0.
Enquanto isso se processa à revelia de nossas elites cegas, a revolução da sociedade comum, de carne e osso.
Os jornais, rádios e redes de televisões, perdem audiência, credibilidade e anunciantes, por não atenderem à vontade popular: choquem-nos, mas digam-nos a verdade. Eu diria e clamo.
Esse clamor, mais cedo ou mais tarde, Pinheiro, prevalecerá e tomará as ruas. A reboque, assistiremos de camarote a derrocada da atual ditadura dos meninos playboys herdeiros desses impérios da mentira, caírem um a um, sob os pés da realidade brasileira imposta aos novos tempos: distribuição de renda e justiça social.
Uma boa Páscoa para você Abdias Pinheiro e desculpe-me se fui prolixo.
Todas as vezes que leio esse tipo de manifestação fico muito preocupado. Uma barbaridade. Primeiro porque propõe um ataque a uma instituição fundamental para a construção e sustentabilidade do ideário democrático. A apresentação de uma proposta de fechar o Congresso Nacional é um erro, e maior ainda quando saída da boca do Sr. Cristovão Buarque, que possui todas as credenciais para não ter esse tipo de olhar sobre o problema.
No caso do "desabafo" do Sr. Cristovão Buarque é uma irresponsabilidade assim proceder, ao tratar de assunto tão grave, lançando palavras ao vento como forma de expor um pensamento sobre o qual ele não tem a menor governabilidade, caso a idéia estapafúrdia venha ocorrer.
A história da república brasileira, todos sabemos, não é a de uma res publica. Nunca em tempo algum foi. E não o é porque o modelo democrático não presta. É porque o pacto político e social sobre o qual está construída a república foi estabelecido numa correlação de forças representativa da hipertrofia de uma elite clientelista dos favores do estado, retrógrada em submeter-se ao princípio dos direitos sociais e patrimonialista.
O estado brasileiro, diz-nos um de seus mais lúcidos críticos, o saudoso Raymundo Faoro, é estamental. Nem por isso Faoro cometeu a estultice de escrever qualquer capítulo, livro ou proferir conferência que recomendasse o fechamento do Congresso Nacional.
Que o modelo está falido não há dúvida. Entretanto a solução não está em fechar o Congresso Nacional. Propor tal remédio é ajuntar-se por via diversa àqueles que hoje destroem a institucionalidade do Congresso Nacional. Encerro minha intervenção lembrando o episódio dos vendilhões do Templo. Vendo a absoluta distorção no uso do local, Jesus expulsou aqueles que desrespeitavam a casa religiosa. Em momento algum ele orou para que se fechasse o templo, ou que fosse destruído, por saber exatamente o que aquele local significava para um estado religioso, ocupado por invasores. Isto foi feito em outra hora, mas pelos inimigos do povo de Israel: as tropas do império romano. Fica como parábola.
Acho que todos já falaram muito e não pretendo me estender tanto.
Pessoalmente, não sou também muito simpático a matar a floresta só porque os porcos predominam. Muito embora, tenha um olhar compreensivo para quem, depois de tantas lutas, vê seus sonhos irem por água abaixo, por conta da má conduta de alguns ícones do passado, surpreendidos com a boca na botija. Contudo, muitos dos que estão eleitos, com os mesmos sonhos, até o momento permanecem incólumes na sanha da corrupção. Penso que cabe-nos, mantê-los e até levá-los a outros patamares, retirando a escória que afundou na lama. Até aqui, é o que me ocorre, após viver uma profunda decepção. A mesma que certamente acomete muitos outros que lutaram muito pela mudança.
Mas, revendo o velho bordão de Brecht: Há homens que lutam um pouco, e são bons...
Achei muito bom o debate. Pessoalmente também me sinto decepcionado, com a impressão que "eles" venceram, pois para onde se olha, está a corrupção, violência, crime, mentira. Nossa Democracia é muito recente e quando ela é bem novinha, os primeiros que correm para dela se aproveitar são os ladrões, assassinos, espertalhões, até que há uma depuração. Tento compreender o desabafo do senador Cristóvão como um grito de desespero, e concordo com os argumentos de Val André. Acho também que todos nós, que nos consideramos bons, que odiamos quando, ao emitir opinião, somos rotulados de Remo ou Paysandu, quando apenas gostamos de futebol bem jogado, se me entendem, acho enfim, que todos nós, precisamos nos manifestar, agir nas mínimas coisas, não nos omitir, se achamos que ainda somos maioria. Mas há momentos de profunda decepção. Acompanho esse caso de Daniel Dantas e Protógenes. A essa altura, não sabemos mais quem é o vilão. Pior, o que está realmente encoberto e não se diz?
Edyr Augusto
Em suma.
Não precisa fechar o Congresso Nacional, basta mostrar, para alguns, a porta da saída! ;-)
Laffa,
A porta de saída é a serventia de nossa Casa.
Eles não passarão incólumes.
Acredito nos homens bons e de bem que conheço aqui, no Congresso Nacional.
O Congresso reflete nossa sociedade.
Dr. Itajaí "catita" como sou por natureza, e conversando com meus amigos da política local. Dificilmente Buarque leva uma das vagas do Senado em 2010.
Evidente que por conta de seu infeliz comentário, ele recebe, hoje, e a partir de agora, o desprezo de seus pares.
O PDT pode ganhar um deputado federal, eleito pelo DF, e olhe lá!
Dr. Carlos,
É na decepção que levantamos a cabeça, damos de ombro, e voltamos por cima.
Você guerreiro com DNA de Guerreiros, sabe muito bem como é que se joga esse jogo.
Edyr sua colocação do jogo bem jogado impregnou-me de felicidade.
Uma droga da qual não abrirei mão, essa sua linha de raciocínio.
Contudo, acredito que estamos, todos, os bons homens, a trilhar o melhor caminho.
Aos demais amigos (as) e leitores (as).
Uma maravilhosa Páscoa.
Amém.
Errata no texto de minha autoria acima:
Onde se lê:
Feito a ressalva, destaco que sua idéia -- extinção do Congresso Nacional -- foi defendida por um dos homens mais íntegros que conheço. {Nesta semana, e até poucos dias atrás, o meu primo era seu assessor de imprensa}, {responsável pela sua Comunicação Social}. Falo do senador Cristovam Buarque. Professor, ex-Reitor da Universidade de Brasília, ex-Ministro da Educação no 1º mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Agora sim, o texto não fica truncado.
Desculpem a falta de revisão!
Edyr Augusto, Val André e Barretto: o sinal não está fechado pra nós, que somos jovens. Cuidado para não tornar o pessimismo da razão em uma razão pessimista. Especialmente, Edyr Augusto: Estou com você quanto as histórias e estórias de Protógenes x Daniel Dantas; é nauseabunda e insuportável que se prolongue tanto.
Mas, eu vejo que alguma coisa mudou. Pode ser pouco, mas mudou. Há um país que não é esse dos escândalos de corrupção.
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