Coroas de flores foram enviadas ao velório de Juvêncio em nome das administrações Ana Júlia e Duciomar Costa. Um amigo, logo que cheguei ao velório do Juca, veio me contar do mal-estar que rondava os presentes em razão das homenagens. Alguns já falaram disso pela blogosfera. CJK destacou com ironia e sagacidade, as usual, o fato.
Não creio que se pudesse (ou se tiver podido) vê-las, Juca as condenaria (ou as tenha condenado). Boa praça e educadíssimo como era, talvez risse e agradecesse as flores, deixando um comentário sarcástico. Colocaria assim quem pretendia homenageá-lo em seu devido lugar.
O fato é que, em um velório onde se fizeram presentes muitos formadores de opinião da terra - jornalistas, acadêmicos, publicitários, profissionais liberais, dentre outros - soa como marketagem, digamos assim, as flores enviadas; uma tentativa de livrar a cara, dar uma de bacana, para usar a linguagem das ruas, perante familiares e amigos de um crítico ácido de seus descaminhos. Afinal, flores em vida, como reclamava Nélson Cavaquinho, não houve.
O que se cola à retina e à memória é a imagem de uma tentativa de dizer que as administrações municipal e estadual estão acima das contendas políticas. Esquecem-se (ou não notaram, o que seria pior) que os combates tramados no Quinta Emenda não eram em defesa desta ou daquela tese, deste ou daquele partido. Eram, isto sim, combates em favor da cidadania, dos direitos humanos, de uma vida melhor neste Estado pobre e desassistido. O recado claro era que os donos do poder nesta terra fazem mal a ela e a seus habitantes, são seus algozes quando deveriam ser seus pastores.
Quisessem ser sinceros, que enviassem flores em seu próprio nome, como seres humanos, e não sob a impessoalidade do cargo ou das esferas de poder que chefiam. Seria, no mínimo, mais simpático.
16 comentários:
Francisco, raras vezes discordei de ti como farei agora.
Acho extretamente maldoso o título "flores do mal" para um gesto, acima de tudo, educado.
Ignorar a importância do Juvêncio para a socidade e deixar de homenageá-lo naquela circunstância seria, no mínimo, inaceitável.
Pelo que recordo, Juvêncio nunca teve o Governo do Estado como inimigo. Ao contrário. Sempre teve um papel de colaborador ao denunciar e questionar quando cabia fazê-lo.
Sinceramente, não consigo imaginar Juvêncio insatisfeito com tal homenagem.
É claro que, preferíamos todos, ela fosse feita em vida, por tudo de bom que ele fez por esta terra.
Como tu mesmo colocaste, Juca sempre foi a "favor da cidadania, dos direitos humanos, de uma vida melhor neste Estado pobre e desassistido". Até onde sei, o Estado também trabalha com esse intuito.
Sabes que não sou de balançar bandeiras, mas acho que há críticas e críticas.
Desculpe, mas a sua, pra mim, não cabe.
Querida Waleiska,
Discordemos sem constrangimentos. Não há porque pedir desculpas. No entanto, mantenho minha posição. Alguns esclarecimentos, somente, acho que devem ser anotados:
1. O título do post faz referência à obra do poeta francês Charles Beaudelaire. O livro apresenta poemas melancólicos, soturnos, desesperançados. Foi esta a ideia que quis passar;
2. Creio que a homenagem tenha partido da Secretaria de Comunicação. Se foi isso, faço a ressalva: efetivamente, sei que a próprio SECOM, inclusive por ti e pelo Fábio Castro, foram incentivadores e até colaboradores do Quinta Emenda, pela visão de apoio às mídias novas e alternativas no Estado. Se veio do gabinete da governadora, no entanto, mantenho intacto minha crítica: seria mais simpático que ela assinasse em seu nome, e não no nome do governo do Estado;
3. Não disse que o Juvêncio ficaria insatisfeito com a homenagem. Nem poderia fazê-lo, seria uma leviandade falar por ele. Fiz somente um exercício de pensamento, talvez dizendo o que pensaria, se fosse comigo e eu pudesse dizê-lo, estando do outro lado;
4. Quando dizes "o Estado", creio que queiras dizer que "o governo Ana Júlia" trabalha com o intuito de fazer o bem pela gente desta terra. Sinceramente, apesar de todos os problemas, ainda acredito na boa vontade e na boa intenção de parte desta administração. Há ilhas de competência e alguns acertos. Mas também existem doses cavalares de equívocos (ou de incompetência, não sei). Nada depende somente de boa intenção;
5. Em relação à administração Duciomar Costa, que sei que não é o que pretendes defender no teu comentário, cumpre-me somente assegurar-te que nesta desacredito completamente: tanto nas intenções quanto na competência.
Um beijo.
É bem verdade que acho que vi flores da Alcoa e da Vale.
Ou será que me enganei?
Barreto, não estás enganado.
Pessoal, pessoal, pessoal...
Francisco e minha irmã-postiça...
Coroa de flores em velório, com nome e "tudo o mais", na maioria das vezes, é, antes de tudo, para quem a ofereceu, e não para o falecido.
Quem quer mesmo dar para o "de cujus", vai lá, compra uminha, dá um beijo, enconsta no coração e, ao final, não tem nem coragem de chegar perto, entrega para alguém próximo e pede o favor.
É o que acho.
Bom, não pretendo me posicionar politicamente sobre dois governos que(no mínimo) não me agradam, mas vamos à minha humilde opinião.
Flores do governo Ana Júlia são muito diferentes de flores mandadas pelo funesto falsário. Primeiro porque comparar o prefeito com qualquer outra pessoa é sacanagem; o cara é imbatível. O governo do estado sempre soube receber críticas muito melhor que a prefeitura(pelo menos as do Quinta) e meu pai tinha relações amistosas, ou pelo menos respeitosas, com pessoas do governo. No caso do pseudo-oftalmo, trata-se de nuances falsárias muito bem analisadas pelo Quinta em outros tempos - cinismo o carro-chefe.
Vejo as demais coroas como uma manifestação respeitosa e justa.
Já a falsária coroa a grande necessidade de simancol e óleo de peroba que existe no antônio lemos.
Jardinagem à parte, aproveito a oportunidade para agradecer aos Flanares, em especial ao Scylla e ao Barreto, pela ajuda dada nos últimos dias. E faço nosso vosso lema: Vamos em frente!
Lucas de Arruda Câmara
coisas do Juvêncio. polêmicas sempre levando sempre a um bom debate. confesso que pensei em comprar uma coroa em nome da blogosfera, entretanto, meu bolso não permitiu e fiquei com a segunda opção. só acho que vale a intenção e acredito que a grande maioria mandou coroas (e-mails, comentários, sedex, telefonemas...) em nome da admiração e respeito ao homem que foi o Juvêncio de Arruda.
Quando estive no velório, não vi a coroa da prefeitura. Vi a do governo do Estado, sem assinatura, e a do vice-governador, com o nome lá, bem nítido. A menos que Odair Corrêa fosse de fato amigo do Juvêncio, suponho que o Lafayette tem razão.
Contudo, há um comentário do filho do Juvêncio sobre esta postagem. Ele está, naturalmente, muito mais autorizado do que qualquer um de nós para falar sobre o assunto.
Querido Lucas.
Nem precisa agradecer. Vc e sua família, estejam certos de contar com nossa ajuda, sempre que dela necessitarem.
Obrigado por nos visitar aqui, dando um exemplo de maturidade e força, neste difícil momento.
Abs e volte sempre.
Fiquei emocionada ao ler o comentário do Lucas. Primeiro porque identifiquei características do estilo do Juca e depois pela boa dose de maturidade, que impressiona ainda mais por se tratar de alguém tão jovem.
Lucas não veja neste comentário qualquer cobrança para que sigas extamente os passos do teu pai, mas apenas os sinceros elogios de quem ficou feliz ao ver que as lições que ele deixou a todos nós estão muito vivas em você
Um abraço
Rita Soares
Lucas,
Faço minhas as palavras do Barretto.
Ratifico principalmente as impressões que ele teve, em relação à tua visita por aqui. Mostra bem o legado e o exemplo que o Juca deixou para a família de vocês.
Venha sempre. A casa é sua.
Lucas, ser "costa larga" ajuda na hora, né mesmo?! ;-)
réréré
Voltarei sim. De vez em quando ele entrava no meu quarto, mandava eu entrar aqui e me mostrava alguma coisa muito bacana postada aqui. Aí dizia: "tens que entrar mais no Flanar, ouviste?!" rsrs.
Mais ou menos o que ele falava pro Lafayette, né não?
Seguirei o conselho.
Abs
Lucas,
Essa foi foda. Emocionou. De verdade.
Valeu.
Como diria o Juca:
"Glup!"
Valeu, Lucas!
Seu primeiro comentário foi luminoso a altura da grandeza de seu pai, apesar de feito num momento que sei o quanto é difícil.
Abraço.
Ele gostava desta turma, Lucas.
Várias vezes, "pautamos" o Flanar lá no P.O..
Lembro de uma delas foi quando, numa postagem, o Itajaí enquadrou uma questão sobre algo do Pronto Socorro (ou foi o Barreto? Não, acho que foi o Itajaí mesmo - quem foi dos dois que administrou o PSM ou uma diretoria? O artigo informava isto) (ps.: procurei o artigo e não encontrei).
Outra vez, foi quando o Francisco - ou foi o Yúdice? - falou sobre um processo contra a indústria do tabaco nos Staitis.
Bons papos, bons papos.
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