Elegia

Não falaria disso sob outras circunstâncias, mas é fato que, após três dias isolado da Internet, tive medo de voltar a ela, hoje, e me deparar com a notícia do passamento de nosso amigo Juvêncio de Arruda. Quando comecei a navegar pelos blogs, tudo como dantes. Fiquei aliviado. Uma nota de apreensão ao saber que ele fora hospitalizado.Então algumas horas se passaram e a ideia que se agitava em mim se confirmou. Juvêncio age em outras esferas, agora.
Não temo a morte. Ela não me causa horror. E não poderia considerá-la um mal para quem, como o nosso amigo e modelo de blogueiro, viveu retamente. Pessoas boas não precisam temê-la. Questiono meus próprios valores e me pergunto por qual motivo, afinal, essa partida me atinge tanto. E me dou conta de que jamais conheci Juvêncio pessoalmente. Jamais vi seu rosto, senão através de umas poucas fotografias na própria blogosfera, que ele ressignificou. Jamais apertei sua mão.
Tornei-me amigo de Eduardo Lauande através da blogosfera, nunca o vi e ele se foi. Agora, parte também outro desses amigos naturais, espontâneos, que jamais nos brindaram com o outrora componente inevitável de uma amizade: a presença. E sinto que, após essas duas experiências, estou cansado de me sentir privado daqueles a quem passei a admirar, sem ter a alegria e o privilégio de um encontro.
Dito isto, conclamo os amigos da Internet a aparecer, uns para os outros, ao menos uma vez. Vocês, que escrevem frequentemente, muitas vezes de outras cidades, que se tornam personagens habituais de nossas vidas. Mostrem-se! Porque parte da vida podem ser os laços que fazemos virtualmente. Mas nada substitui um abraço real. Um desses abraços me ficará faltando. Os outros, se Deus quiser, hão de vir.

Até outra vida, Juvêncio.