domingo, 11 de outubro de 2009

A propósito de Belchior

Quando ocorreu toda aquela balbúrdia midiática em torno do sumiço do cantor Belchior, passei dias me perguntando por que não o deixavam em paz, se estava evidente que havia querido desaparecer. Vários pensamentos me passaram pela cabeça, inclusive sobre uma sensação da qual muito ouvia falar: a de despertencimento.

Francisco Bosco, colunista da revista Cult, escreveu um ótimo texto sobre o tema, expressando exatamente o que eu senti. Eis um trecho:

O que vem a seguir é uma demonstração assustadora do funcionamento de uma sociedade de controle, onde um desvio existencial, mesmo que não diga respeito a mais ninguém, é tornado objeto de visibilidade, escrutínio, sarcasmo e julgamento públicos. É importante observar que a perseguição a Belchior não partiu da Justiça, a fim de que ele saldasse suas possíveis dívidas, mas sim da mídia; isto é, não foi movida por um legítimo interesse público (que não se confunde com uma espetacularização pública), mas por uma mistura de jornalismo de fofoca e vigilância coletiva, por meio da qual se pode ler um sintoma, a que voltarei.

Não há como negar que a perseguição Fantástica representou um claro atentado à dignidade humana do compositor. Poderia mesmo dizer, como advogado, que Belchior poderia enxergar aí uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro às custas da Vênus Platinada.

O artigo inteiro pode ser lido aqui.

Nenhum comentário: