segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ave César!





























Debalde

Ave César André!

Imperador das matas. Altamira, Belém. Córregos, matas, bichos e gentes te saúdam.

Acabou-se os tropeiros, querem acabar com a lama das estradas, a modo de César e seus cupinchas despacharem um desenvolvimento que jamais sustentável será pra nós, caboclos.

Acabou-se o fumo de corda. Fumar dá câncer.

Foi-se o querozene de lamparina. Agora é luz elétrica. Carestia.

O peão nunca zanzou como agora. Se pede emprego para passar inverno, o patrão é pilhado como escravagista.

Já era o Bar. O do Parque, putas, viados, traficantes e gringos que limpam dejetos de navio que levam bois a cagar durante a travessia.

-Até os bois reagem.

Não temos mais. Ó grande César André. Gente interessada em gente.

- Agora é tudo virtual.

Esses cabras comem e bebem do quê? Caro César André?

Querem aniquilar o botequim. Dizem que a sociedade está corrompida e a culpa é do boêmio. A boemia, dizem, acabou-se lá pelos anos 90 do século passado.

Das idéias. Do projeto mirabolante de resistir ao decreto não publicado de se fazer amigos. Disso, nada ou muito pouco se fala.

Mesmo aos 70. Revolucionando aos 80. Aloprando aos 90. Achando graça de todos e tirando um "sarro" dos súditos aos 100...110...120... Afinal, essa medicina tá aí pra quê? Meu caro César André.
Essa lição São Jorge e a Walda são testemunhas que aprendi.

Não permita, amado César André, que essa gente nos diga o que fazer. Eles só fazem cagada! E de cagadas, homéricas como deve ser prática aos Césares, faremo-as, sempre e na medida.

Conto contigo neste final de tarde, ó César, porque em tí, vejo uma borbolêta azul passar ao caminho do trono santificado; descanço e pouso, pois a certeza do outro dia é nosso elemento de resistência.

- Vocês sabem onde uma borbolêta dorme? E quanto ela vive?

Terei a certeza que quando levantares a vista, essa que já viu o deja vú de bacanas, passe a mão no nosso costado e diga-nos:

- Não sabem de nada! São jovens. Apenas vivam. Viver é derramar bálsamo de uma alegria que buscamos, sabemos que não temos, mas, nunca desistimos.

César André.

Nunca mais estarás sozinho ao final do dia. Se olhares bem rápido ao teu lado. Me verás.

Salve César!

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