quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Polifonia de Verequete

Não farei um necrológio, posto haverem escritos outros mais que justos para a importância desse artista de raiz musical negra e nortista. O nome artístico de Augusto Gomes Rodrigues, o Verequete, resgata o igual mestre Vicente Salles, é nome que designa entidade dos cultos religiosos transladados de África com a chegada e aculturação dos escravos ao Brasil.
Animado com os mistérios da palavra-apelido, prometo em minha próxima audição dominical ouvir a música do falecido músico paraense na companhia de outra, que deve ter lhe sido referência na composição: a música colhida em 1938 por Mário de Andrade em visita aos terreiros de candomblé do Pará. Por uma sorte daquelas únicas, consegui comprar em CD os registros musicais originais dessa viagem - Música Tradicional do Norte e do Nordeste (1938) - em reedição patrocinada pela Prefeitura de São Paulo e o Serviço Social do Comércio (SESC-SP). Será uma viagem na arte popular de Verequete e no tempo de um Pará que, em definitivo, vive dos sobressaltos da memória.
PS - Cobrem-se de vergonha as homenagens públicas pelo falecimento do mestre Verequete, muito porque confrontadas com a miserável situação de seus últimos dias, como homem e como artista popular, de acordo com denúncia de matéria publicada hoje, no Diário do Pará.

4 comentários:

. disse...

Bateu uma pontita de inveja desse teu arquivo...
Achas que ainda é possível comprar algum?

Itajaí disse...

Condessa, eu penso que esse tipo de informação deveria ser pública e disponibilizada para acesso livre. Eu, conforme disse, encontei os cds por um acaso, na Livraria Cultura, mas não mais os vi.
De qualquer modo, é um ponto de partida. Os dois outros são os SESC-SP e a Prefeitura paulistana.

Carlos Barretto  disse...

"Condessa" é ótimo!

Itajaí disse...

Eh, eh, eh, eh, e russa, viu?!