quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Tô Doidão... Bicho, Tô Doidão!

Depois de liderar uma cruzada pela liberação da maconha no continente, Fernando Henrique Cardoso se volta contra Lula, comparando-o ao obscurantismo da ditadura militar de 64. Ora bolas, dizer que Lula assassina com seus impropérios a magnatas e jornalistas, ao modo como Médici executou seus opositores armados, é uma bad trip abaixo da crítica para ser levada a sério, especialmente quando é feita por quem todos nós sabemos quem é.
Confesso que eu quase paro a escrita aqui - para que perder tempo? -, não fosse a interrogação que me faço sempre quando leio essas patuscadas de ex-qualquer coisa no Brasil: Por que, céus, neste país, ex-presidentes sem ter fundamento do que dizer não aposentam a língua, como é costume em terras situadas acima do Trópico de Câncer?
Mas, sem resposta que me convencesse, e após reler o artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, não posso deixar de ver ecos do que a imprensa e os opositores da extinta UDN publicaram sobre Getúlio Vargas, em sua fase de presidente constitucional, nos dias da chamada República do Galeão. Vê-se no artigo de FHC que mudam os tempos e os personagens, mas a inspiração, os argumentos e os objetivos são os mesmos que outrora denunciaram o desespero de quem vê no golpismo a salvação de um projeto retrógrado para o país, a qualquer custo moral.
Não à toa, o mesmo FHC buscou desmoralizar Lula pela crise econômica, com base na afirmação presidencial de que entre nós o tsunami norte-americano se converteria em marola. Pois mal decorridos seis meses, sem qualquer efeito prático da mal calculada crítica anterior, eis que sem pejo comparece diante de nós um FHC, com a originalidade de uma indisfarçavel bolinha vermelha no nariz, alucinado em sua mesopotâmica insistência de se tornar o desmoralizador maior do governo Lula, desta feita apostando na roleta uma chance pelo viés pantanoso da política!
Ainda que seja um incorrigível em arrogância e vaidade, sua indisfarçada opção pelo pântano é preocupante até para os mais pacientes Jós da democracia. Logo, o melhor a fazer é aconselhar - mais uma vez! - que FHC vista o pijama e poupe-nos de vê-lo autoexpondo ao rídículo a dignidade do cargo que ocupou, visto que a fantasia de intelectual ele a rasgou ou queimou há muito tempo com as fanfarras afoitas que o tipificam perante a História. Principalmente, porque constatamos que Getúlio está morto, a UDN não existe mais, Lula está vivo e, graças a Deus, revólveres e baionetas não fazem parte da realidade que o Quo Vadis tucano pretende conjurar.

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