domingo, 6 de dezembro de 2009

Eles também são de Liverpool




A cidade inglesa Liverpoll ficou imortalizada como a terra da maior banda do pop rock de todos os tempos, os Fab Fours - The Beatles, é berço de outro quarteto excelente: o Echo & The Bunnymen.

A história do Echo teve início no Eric's Club, em Liverpool. Mas antes de relatar como a banda se formou, vou contar como o Eric's começou.

Em setembro de 1976, Roger Eagle promovia shows em Liverpool, no Revolution Club (na mesma rua do extinto Cavern Club), sob o nome "Eric's", que mais tarde acabou sendo o nome da casa. As primeiras bandas a tocarem lá foram The Runaways, Sex Pistols e The Stranglers. A partir daí, formou-se uma grande leva de freqüentadores de carteirinha. Entre eles, estavam Will Sergeant e Les Pattinson, amigos desde o colégio. Ian McCulloch costumava ir com seu então amigo Pete Wylie (o qual, mais tarde, terá participação no trabalho solo de Pete Burns do Dead or Alive) e Julian Cope. Esse três últimos, tempos depois, formaram o The Crucial Three, mas não durou muito.

Não chegaram a tocar ao vivo, nem a gravar um álbum. Em seguida, Ian e Julian participaram de outra banda, A Shallow Madness, com integrantes do Big in Japan (única banda do cenário musical anterior ao Eric's). Também não durou muito, pois Ian nunca apareceu nos ensaios! Obviamente a banda acabou e Julian formou o Teardrop Explodes, com outros integrantes do Big in Japan.

Entre outros freqüentadores, estavam Bill Drummond (hoje do KLF), Jayne Casey (do então Pink Military Stand Alone, hoje Pink Industry), Ian Broudie (do Big in Japan, e depois produtor do Echo), Siouxsie and The Banshees, Holly Johnson, Paul Rutherford etc.

Após sua demissão do A Shallow Madness, Ian reencontrou Will e Les (eles haviam se conhecido no banheiro feminino do Eric's) em novembro de 1978 decidiram formar o Echo & The Bunnymen. "Echo" era a bateria eletrônica que eles usavam e também o jornal noturno de Liverpool. E "The Bunnymen" foi adicionado ao nome apenas porque soava bem.
Eles tinham seu primeiro show marcado (no Eric's, é claro) para dali a duas semanas, abrindo para o Teardrop Explodes. Mas a única música que fizeram foi "I bagsy yours", uma versão primitiva de "Monkeys", a qual, no show (15 de novembro de 78), fizeram com que durasse 15 minutos.

Após essa primeira experiência no palco, os três, Ian, Will e Les, deram continuidade às composições e aos ensaios. Sob o selo Zoo (criado por Bill Drummond e David Balfe, ambos também do Big in Japan), lançaram o primeiro single: "Pictures on my wall"/"Read it in Books", em maio de 79. Mas antes disso, eles já estavam rodando pela Inglaterra fazendo shows e se apresentando no programa de John Peel, da BBC.

No primeiro show em Londres, eles abriam para o Teardrop Explodes e Joy Division, no YMCA. Nesse mesmo show estava Pete de Freitas, que viria a substituir a bateria eletrônica "Echo", por exigência da WEA, quando da assinatura do contrato para o primeiro álbum Crocodiles.

O primeiro álbum, com produção de Ian Broudie, saiu em julho de 1980, pouco depois da morte de Ian Curtis e do fim do Eric's club (março do mesmo ano). Foi muito bem comentado pela crítica, que já os via como a banda do ano.

O segundo álbum, lançado em junho de 81, foi produzido por Hugh Jones. Nesse álbum é nítida a maturidade na voz e nas letras de Ian McCulloch, no entanto sempre criticado por compor de forma subjetiva demais a ponto de ninguém entender sua ironia.

"Porcupine", o terceiro álbum, de dezembro de 82, produzido por Ian Broudie, teve uma tragetória um pouco diferente dos demais. Tiveram de regravar várias vezes até que satisfizessem a gravadora. Nesse álbum, eles incluíram cellos e violinos, idéia de Bill Drummond (então empresário da banda). Outra idéia dele foi viajar para a Islândia só para a foto da capa e para gravar os clipes! Incrível como, após meses e meses no estúdio, insatisfeitos com os resultados das gravações de Porcupine, eles conseguiram criar hits como "The Cutter" e "Back of Love", que até hoje são lembrados por fãs e pela crítica (hoje). A banda definiu Porcupine como sendo uma espécie de autobiografia, em que questionavam o sentido da banda. 1983 foi um ano marcante para a banda, por terem excursionado pela Europa, fazendo shows em lugares nos quais jamais alguém tinha se apresentado, como foi o caso do Royal Albert Hall, em Londres.

Nessa época começam os desentendimentos com o empresário, Bill Drummond, que lançava os singles antes que a banda os aprovasse ou terminasse de gravar ou mixar.

O quarto álbum, Ocean Rain, foi lançado em maio de 84. Gravado em Paris e em Liverpool, e produzido em parte pelo próprio Echo, Ocean Rain foi considerado por muitos o melhor álbum já feito. Eles estavam no ponto mais alto de composição e sonoridade, com cellos, violinos e as canções num geral mais acústicas, e as letras menos indiretas. A essa altura, a banda já era bastante comentada e disputada pela imprensa mundial.

Para promover o álbum, a banda criou o "bunny day" em Liverpool, em que os fãs "seguidores" passariam por vários roteiros culturais até o fim da noite - o show no St George's Hall. Após alguns meses, Bill Drummond deixou de ser empresário da banda. Pouco antes, Ian gravava "September Song" de Kurt Weill, mas famosa na voz de Frank Sinatra. Todos achavam que era o fim da banda, mas eles estavam apenas dando um tempo. Em seguida, fizeram shows na Alemanha e na Escandinávia, cujo repertório baseou-se mais em canções dos Stones, Beatles, Doors e Bob Dylan do que as suas próprias. [Para quem quiser conferir, é só ir atrás do pirata "On Strike - The songs that Lord taught us", uma esplêndida gravação ao vivo] 1986 foi o ano em que a banda decidiu se dar merecidas férias. Foi lançado Songs to Learn and Sing, com singles anteriormente descartados (pela gravadora) e a música "Bring on the Dancing Horses", lado B de "People are Strange" (do Doors), especialmente para o filme The Lost Boys. Pete de Freitas passou quase um ano nos EUA, tentando uma nova carreira em outras bandas, mas em vão.

O primeiro retorno do Echo foi em 1987, com as históricas apresentações no Brasil, após 3 anos de silêncio e desentendimentos. Foram 5 apresentações em São Paulo, 2 no Rio e uma em Porto Alegre. Segundo o próprio Ian McCulloch: "O público perfeito". Aproveitaram para gravar um clip - The Game - no Rio e em SP. Em São Paulo, na lanchonete Bunny, que fica na Rua da Consolação, entre os lugares do Rio, nos Arcos da Lapa, Corcovado, praias, etc.

Em Julho de 87 foi lançado o álbum entitulado apenas "Echo & The Bunnymen", considerado fraco pela crítica.

O Echo acabou oficialmente em 88, e em 89 Pete de Freitas morreu num acidente de moto. Ian McCulloch seguiu carreira solo e lançou dois álbuns - Candleland (89) e Mysterio (92). Nessa época, ele regravou duas músicas de Leonard Cohen (seu ídolo): "Lover Lover Lover" e "Hey, that's no way to say goodbye". Will e Les continuaram com a banda (e com o mesmo nome!) e lançaram Reverberation, sem muita repercussão. Depois de vários altos e baixos, Will e Ian se reuniram e resolveram formar o Electrafixion, dessa vez com guitarras mais pesadas e o vocal mais agressivo. Lançaram Burned em 94. Em 97 anunciou-se a grande volta do ano: Echo & The Bunnymen (Ian, Will e Les) estava de volta com o álbum Evergreen e com uma turnê massiva pelos EUA e vários festivais britânicos.

Em 99 saiu What are you going to do with your life?, dessa vez com a participação de Les em apenas uma música.

Em seguida a prometida volta ao Brasil para setembro (mas dessa vez sem Les Pattinson). Fizeram um show em SP, Rio, Porto Alegre e Curitiba, além da Argentina e do Uruguai.

Confira a Discografia da banda.


Set List
Rescue
Seven Seas
The Killing Moon
Bring on the Dancing Horses. Letra, arranjos e execução impecáveis numa das mais bem elaboradas música da história do pop rock.
A Promise
The Back of Love. Pauleira. Onde o destaque fica por conta da cozinha da banda (baixo e bateria).
The Cutter
The Back of Love
Do It Clean
Never Stop
The Puppet. Essa aqui fazia a alegria da moçada que curtiu a La Cage
Silver
Gone, Gone, Gone
Cut & Dried
King
Devilment
Thick Skinned
Senseless
Flaming Red
Everybody Knows
An Eternity Turns
Burn for Me
Stormy Weather
What If We Are

2 comentários:

Itajaí disse...

Excelente. Mas não pude deixar de notar alguma influência do U2.

Val-André Mutran  disse...

Tem sim Itajaí, prinicipalmente nos primeiros trabalhos, que são os melhores, diga-se.