segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Entrevista com o super Dj Fabio Yamada




O Flanar entrevistou no início desta tarde, por telefone, o empresário e DJ Fábio Yamada sobre a cena noturna de Belém.

Com início da carreira em 83, lá se vão 27 anos sem deixar de tocar e divertir os melhores ambientes da capital paraense.

Com passagens ou como Dj residente, Fábio Yamada tem em seu Portfólio: a Assembléia Paraense (desde 1983), Festa PAC, Signo's Club, Mistura Fina, Piano's Bar, Opus Club, Rádio Cidade (A Festa da Cidade), Rádio Jovem 100 (Clube Mix), Jovem Pan Belém (Festa Pan, Na Balada, Dance Pan), Jovem Pan Sal, Casa de Praia (Salinas), Living Room, Solar Antique, Mirage Club, Boate Vegas, Capital Bar, BeatNik, e seu mais novo desafio, a D.I.S.C.O.

Casado, pai de família e muito dedicado ao que faz nos dois âmbitos de atuação. Yamada é um dos melhores dj’s que já vi tocando. Nesse bate-papo bem descontraído, o talentoso profissional revela histórias interessantes. Gentilmente autorizou o blog a publicar um de seus set’s que fazem muito sucesso nas pistas e em seu programa semanal na Jovem Pan, o Dance Pan, que vai ao “ar” sempre aos sábados. Confira os melhores trechos.

Repórter – Boa tarde Fábio. Conforme combinamos, gostaria de te fazer algumas perguntas. Belém já teve Casas Noturnas memoráveis. Poucas superam a máxima do Sebrae, cujo conselho ai no Pará, foi presidido pelo teu tio (FERNANDO). Segundo a pesquisa ficou atestado que: 27% das empresas fecham em seu 1º ano de atividade. Essa taxa de mortalidade empresarial é elevada, porém é a menor taxa de fechamento de empresas em 10 anos de monitoramento por parte do Sebrae. A turma está saindo mais?

Fábio Yamada – Com certeza Val. Belém tem um público que não é fiel. As Casas Noturnas sofisticadas ressentem-se mais desse problema, e a taxa de mortalidade é realmente alta. Mesmo assim, as pessoas estão saíndo mais sim.

Repórter – Casas Noturnas é um negócio. Como está ai essa taxa de mortalidade? Há entusiasmo para a abertura da D.I.S.C.O? E a fórmula do sucesso na noite paraense. Existe isso?
Nota da R – A mais nova Casa Noturna de Belém a ser inaugurada após o Carnaval. Será na Gaspar Viana com Quintino e terá como Dj’s residentes o próprio Fábio Yamada (que também está prestando consultoria aos proprietários) e o excelente Kleber Barros (Ex-Zepellin).

Fábio Yamada – Queremos que a D.I.S.C.O seja um ambiente diferenciado. O nosso público alvo será acima dos 25 anos. A Casa terá mesas e camarotes confortáveis e um serviço de primeira. Tocaremos set’s que empolguem as pessoas. Os saudosistas se sentirão muito a vontade. O melhor da disco dos anos 70’s, soulful house e grandes sucessos remixados. Seus leitores estão convidados.

Repórter – Como você avalia a tua carreira?

Fábio Yamada – No início foi apenas um hobby. Mas, rapidamente comecei a encarar a atividade como um trabalho sério e tornou-se uma de minhas paixões.

Especializei-me em eventos. Imagine você que, numa festa de 15 anos, por exemplo, nada pode dar errado. Imagine o Dj ser o responsável pelo fracasso da festa?! A notícia corre de boca a boca e o profissional pode arruinar-se por um vacilo.

Comecei minha carreira na Pipoca da Assembléia Paraense em 83. Já estou na estrada há 27 anos e aprendi uma coisa fundamental nessa atividade: responsabilidade e disciplina.

Repórter – Nesses anos todos de janela. Em sua opinião. O quê falta para Belém firmar-se como destino de grandes nomes do show business?



Fábio Yamada – É uma questão delicada e quem manda é o mercado. Veja bem, na minha opinião, Belém já teve casas maravilhosas como àquela do Kaveira (Boate Mystical), o La Cage, a Signo’s Club... Todas com muito sucesso e uma sobrevida acima da média. Atribuo isso às propostas diferenciadas que elas ofereciam aos freqüentadores.

Hoje é muito mais interessante, sob o ponto de vista do retorno empresarial, a promoção de show’s de Techno Brega e Forró. São atrações populares e sem muito risco.

Agora, a promoção de um show ou um festival pop eleva os riscos. Nós mesmos já investimos alto no setor e o retorno não foi o desejado.

Note que um show do J Quest, por exemplo, é o mesmo elaborado há dois anos. Isso desestimula o público.


Hoje a música pop precisa de uma grande renovação. Vivemos aqui em Belém ciclos, “ondas”, um modismo quase febril. É um mercado nervoso. Atribuo ao mercado, Belém está fora do circuito nacional.


Repórter – Teu trabalho tem uma coerência. Você faz a cabeça do pessoal que curte uma boa balada. Teu set é essencialmente house ou rola também um rockinho?

Fábio Yamada – Rsss. Sou purista. Toco soulful house e eventualmente alguns remixes originais de bandas como o U2, por exemplo.

Repórter – Recordo-me que certa vez estive no Rio, de férias, e fui ao Papagaio Disco Club. Atravessei a rua e estava na Hippopotamu’s, atrás da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, Rio de Janeiro, exatamente onde está hoje, a badalada (e controversa) Baronetti. Casas do Ricardo Amaral. Sons, pessoas e ambientes completamente diferentes. Você acha que esse é um nicho de mercado mal explorado em Belém, ou as opções são bem-vindas?

Fábio Yamada – Penso que todas as opções são bem-vindas. É possível fazer um diferencial para determinados públicos. Um público mais exigente.

Repórter – E o uso de drogas na balada. Está alto na noite?

Fábio Yamada – Nesses anos todos de trabalho já vi muita coisa. Não está escancarado, mas, as figurinhas que curtem drogas são conhecidas.

Repórter – Qual a preocupação do dono de Casa Noturna quanto a isso? Fala-se em abusos inomináveis no lado de fora. Isso pega mal, não é mesmo?

Fábio Yamada – Os donos de Casas Noturnas as quais trabalhei e trabalho são absolutamente intolerantes com o uso de drogas dentro do ambiente. Alguns são ainda mais rigorosos, inclusive com as redondezas. Porém, como você deve saber, não há ingerência no lado de fora. Os proprietários chamam a Polícia que faz rondas regulares, mas, os “ratos” sempre abrem um buraco novo para atazanar a paciência das pessoas de bem.

Repórter – Um pai e uma mãe das gatinhas ávidas para freqüentar tal ambiente, não ficam assustados e aflitos com essa movimentação dos alucinados de plantão?


Fábio Yamada – Olha Val, é preocupante sim, até pra mim que sou pai. Mas, o que noto é que as coisas hoje em dia são de um ambiente de liberação. Na nossa época, por exemplo, não tínhamos certas liberdades que hoje vejo em garotos e garotas de 16 anos. São os novos tempos e cabe aos pais uma vigilância para evitar abusos. Hoje está tudo muito “normal”.

Repórter – Belém concentra o PIB per capta do Estado. É natural que os ricaços do interior, quando estão na Capital, por algum motivo, freqüentem a boate da moda. Eles gastam muito? Bagunçam?

Fábio Yamada – Para te dizer a verdade são alguns de nossos melhores clientes. Não bagunçam, compram um Camarote para receber os amigos. Gastam bastante. Tomam lá seu whiskeyzinho na paz. Não perturbam de forma alguma. Ah! São muito exigentes. Rsss.

Repórter – Fostes pupilo durante muitos anos de um dos melhores Dj´s do Brasil: o Tarrika. Como é essa relação?

Fábio Yamada – Um grande amigo. Tocamos juntos pelo menos uma vez a cada semestre num evento especial no Friday Night, no Clube da Assembléia Paraense.

Repórter – As empresas da tua família estão no topo de faturamento do Norte. Ser DJ não é motivo de reclamação na tua casa?

Fábio Yamada – Fui educado para aprender a valorizar a responsabilidade. É muito desgastante a atividade de DJ sob o ponto de vista do cansaço do corpo. Lá em casa era o seguinte: pode trabalhar a noite, mas, tem que está acordado cedo para trabalhar. Era essa a regra. Ocorre que quando estou tocando, sinto-me muito bem. É uma espécie de higiene mental muito positiva pra mim.

O meu domingo é sagrado. Descanço com a família e recarrego as baterias.

Repórter – E a tua mulher? Ela fica contigo na cabine toda noite? Não dá encrenca isso?

Fábio Yamada – Rsss. Não temos problema. Até porque quando nos conhecemos eu já era DJ. Ela é muito tranquila.

Repórter – Convide o pessoal para conhecer o teu trabalho.

Fábio Yamada – Com certeza, Val, a D.I.S.C.O será um novo desafio profissional e até fim de janeiro, no máximo até após o carnaval, Belém será brindada com uma excelente Casa Noturna. Estão todos convidados para conhecer esse novo trabalho.

Repórter – E o preço?

Fábio Yamada – A média dos ingressos nas Casas Noturnas de Belém gira em torno de R$ 30,00. Cobraremos R$ 40,00. Nosso público será diferenciado e sabemos de suas exigências. Estamos nos preparando para atender nossa clientela da melhor forma possível. Com segurança, muito conforto, num ambiente diferenciado e sons maravilhosos que estimulem as pessoas voltarem a cantar. A cena eletrônica acabou com isso.

Val, a cena eletrônica aqui em Belém é muito forte. O Techno Brega e o Forró também. A concorrência é feroz e os proprietários da D.I.S.C.O levam isso em conta, daí o esmero e cuidados para que possamos atender o público mais exigente.

Repórter – Fábio, muito obrigado pela entrevista. Desejo muito sucesso pra ti e pro Kleber, e quando estiver ai em Belém novamente, vou te prestigiar lá na D.I.S.C.O.

Abraços.

8 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Excelente entrevista. Trabalho de profissional experiente. Parabéns!

Lafayette disse...

Parabéns ao Val-André pela entrevista e pelo furo de reportagem, já que anunciou dias atrás, em primeira mão a Casa Noturna.

E ao Fábio, pela iniciativa de por, mais uma vez, em prática aquilo que sabe e gosta de fazer. O Fábio é um cara boa praça.

Scylla Lage Neto disse...

Assim como o Fábio, sou purista: só escuto rock, com pitadas de blues (o que me fez penar um bocado na adolescência!).
E o que me surpreende na história musical da nossa Belém, da qual o Val e o Fábio certamente fazem parte, é um certo isolamento, uma blindagem de hits, uma impressão de "tribo no tucupi".
Talvez seja a visão de um outsider, mas às vezes, em certas festas, me sinto no túnel do tempo, engatado no midback, ávido por novidades que nunca chegam.
Quando viajo para a Europa e América e me deixo envolver pela atmosfera sonora dos lugares, não enxergo nem sombra do dito midback.
Minha esposa, fã de carteirinha deste estilo, chora de raiva e não consegue encontrar em Londres ou NYC os sons que ela curte.
Gostaria de ouvir do Fábio e do Val se estou enganado ou se temos um gosto musical próprio na night belenense.
E, last but not least, achei trilegal a entrevista e a proposta da D.I.S.C.O., tendo convicção de que a chance de não dar certo beira os 0%.
Um grande abraço aos dois.

Val-André Mutran  disse...

Barretto,
Fábio é a simpatia em pessoa e superprofissional.
Scylla,
enviarei à sua comapnheira dois DVD´s recheados de mid backs para ela "matar" as saudades.
E sim, Belém tem um gosto pecualiar na night, como ficou comprovado na entrevista.
Vai aos extremos e, atualmente, ressente-se de um ambiente rocker. Mas, como deixou claro o Fábio. O mercado é o Senhor da situação.
Abraços a ambos e pretendo, se o tempo permitir, realizar outras entrevistas sobre a nossa cultura e outros temas revelantes.
Abraços aos leitores.

Val-André Mutran  disse...

Tai um lugar que vai dar o que falar e onde podemos ir com traquilidade Lafa.
O Fábio é uma pessoa da melhor qualidade.

Unknown disse...

Beleza Val. Gostei da ideia de entrevistar o DJ Samurai Fabio Yamada e mais ainda da entrevista em sí. Parabéns a ambos.

Edyr Augusto disse...

Fábio Yamada, o dj samurai, é um grande profissional e sobretudo, uma ótima pessoa! Muito boa entrevista, Val!
Abs
Edyr

André Costa Nunes disse...

Val-Xará,

Tu és "o cara".

Gostei desse Samurai.
Convida-me para a inaugurãção da Casa.

Diz-que é para um público que já passou dos 25, por isso, é comigo mesmo. Tanto passei como permaneci nos tais 25 há 45 anos, mas como o próprio Samurai diz, o mercado é quem comanda o espetáculo, portanto, não te surpreendas se uma moçada, de bom gosto, abaixo dos 25 resolver adotar o espaço.

Esta tua entrevista foi DUKA.

A gang de cá estará lá (Lafa,Lu, André, Carla, Nando, Alda, Pedrão e Lica).

Um abraço,

andre costa nunes