terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quem de pedra passa a vidraça, um dia se fere nos cacos de vidro

O ajuste no dito popular é o que se pode dizer do que está acontecendo com a remoção do painel do artista plástico Osmar Pinheiro de Souza Neto que desde 1985 ornava a esquina do Boulevard Castilhos França com a Avenida Portugal, em frente ao Mercado do Ver-o-Peso, na capital paraoara.

Não há como deixar de apontar uma certa tendência stalinista na pretensão de reescrever a história da cidade apagando qualquer lembrança de seus administradores anteriores. Vergonhoso para um partido que se diz democrático e popular.

6 comentários:

. disse...

Peraí, tu juras mesmo que estás defendendo isso?
http://twitpic.com/zvpzu

Francisco, isso pra ser defendido antes de deixarem chegar nesse estágio.

Não sei de quem foi a idéia, mas que bom que alguém a teve para limpar aquela poluição visual da cidade. Já são tantas afinal...

E na boa, quem lamenta o faz como se a pintura do Osmar fosse original. Não é. Pois então, que venha algo melhor.

Sou a favor!!

Francisco Rocha Junior disse...

Leiska,

A ideia de jogar fora tudo que está deteriorado na cidade não me agrada. Fosse assim, poderíamos jogar fora a própria capital, tão jogada às traças que está.

A obra, ao que se discute, foi aprovada pelo IPHAN, quando realizada. Faz parte de uma época. Representa uma intervenção que já fazia parte da paisagem urbana, tanto quanto o muro no entorno do Forte do Castelo, derrubado no governo Almir Gabriel. Se o governo do Estado pretende realmente ser democrático e popular, esta era uma excelente oportunidade de exercitar a democracia participativa, tão cara ao discurso do PT. Não haveria nenhum prejuízo, nenhuma afronta a ao orçamento estadual e soaria muito mais simpático e respeitoso para com a população.

No entanto, em ano eleitoral, agiu-se como os vencedores da Revolução Russa: apagando das fotos os dissidentes. Lamentável.

. disse...

Querido, essa obra não foi tombada pelo IPHAN. Pelo menos até onde me consta. Tens certeza do que estás falando?

Não vamos partidarizar uma coisa que não merece essa conotação.

Bia disse...

Bom dia, Francisco:

a cada olhar, o seu tamanho, né?

A pintura do Osmar era uma das coisas mais singelas e bonitas que havia no Ver-o-Peso, para mim. A figura circunspecta e fumante do Dr. Almir na janela lembrava a ditadura finalmente derrotada, quando vieram, finalmente, as eleições diretas para capitais, pós-ditadura.

Nunca a vi como uma homenagem pessoal ao Dr. Almir, embora ele a merecesse, pela excepcional gestão na Prefeitura, ainda que prefeito nomeado. E merecesse ambém, por esta minha ótica, por ser um determinado combatente da ditadura e dos seus algozes protegendo e cuidando das suas vítimas nos porões da Santa Casa.

Sempre vi aquela pintura como se retratasse o novo horizonte de democracia e librdade conquistadas, como se finalmente pudéssemos olhar marés e ventos melhores que se anunciavam para Belém e para o Brasil.

Que pena que a mesquinharia política tece tramas e dá frutos na nossa tão empobrecida cidade.

Um abração pra você.

Francisco Rocha Junior disse...

Leiska,
Eu não disse que a obra era tombada pelo IPHAN. No entanto, ela representou uma interferência no coração de uma área tombada - a do Ver-o-Peso, Centro Comercial e adjacências - e por isso precisou ser aprovada pelo IPHAN. São institutos diferentes.
De todo modo, repito, era uma obra de um artista plástico paraense, que deve ter sido encomendada e por isso, além de tudo, paga com dinheiro público que agora vai pro ralo.
Se estava deteriorada, que fosse restaurada. Apagá-la não foi a melhor medida.
De resto, não há como não partidarizar (ou politizar, melhor dizendo) a questão, se nossos administradores sempre agem pensando na manutenção do poder. Os discursos, afinal, são sempre neste sentido, nas reuniões fechadas de gabinete.
Beijo pra você.

Francisco Rocha Junior disse...

Bia,

Concordo contigo, inclusive no que tange à gestão de Almir Gabriel à frente da prefeitura. Mesmo que ele não seja propriamente meu político favorito, digamos assim.
Abração pra você também.