Nosso confrade Francisco Rocha Júnior já publicou a íntegra da decisão proferida pela 2ª Vara da Fazenda Pública de Belém, proibindo a circulação de veículos acima de 4 toneladas na cidade, dentro de certas especificações. Medida de elevado impacto, está provocando debates e, claro, dividindo opiniões. Vim deixar a minha.
Naturalmente, aplaudo com entusiasmo a deliberação e acredito que a esmagadora maioria da população também. Não apenas quem trafega pela cidade em seu automóvel particular. Ao contrário, penso que os usuários do transporte coletivo têm ainda mais razão para comemorar, pois para eles os engarrafamentos são mais sacrificantes. Além disso, os prejuízos vêm em cascata: tráfego parado aumenta a poluição atmosférica e compromete, quando não inviabiliza, serviços indispensáveis, pela retenção de ambulâncias, viaturas policiais e veículos de prestação de serviços.
Vi um telejornal ontem à noite, em que caminhoneiros se queixavam da medida. Bobagem. Eles não serão prejudicados. Continuarão fazendo o mesmo número de viagens (a menos que fosse reduzido o ritmo de reposição de mercadorias), apenas trocarão de horário. E como não compete aos caminhoneiros realizar a carga e a descarga, eles podem subir na boleia e tirar uma soneca enquanto outros trabalham.
É justamente na operação de carga e descarga que devemos pensar. Limitada ao período de 21 horas de um dia às seis da manhã seguinte, ela implica em pagamento de adicional noturno aos empregados - algo a impactar a planilha de custos da empresa, a repassar para o consumidor. Também se consumirá mais energia elétrica, para iluminar os locais de trabalho. E há um custo muito especial a ser considerado: segurança. Afinal, com a cidade soturna e às escuras, lojas de portas abertas ficarão mais vulneráveis à ação dos criminosos. Pode esperar que os empresários se queixarão da falta de policiamento e pedirão apoio. Pedido muito justo, diga-se de passagem.
O fato é que se a medida se consolidar, como esperamos que se consolide, a paisagem de Belém mudará. E novos hábitos deverão surgir. Nada que devesse causar espanto ou ira, se não fôssemos tão acostumados a querer tudo na mão, mesmo que isso represente graves transtornos para terceiros.
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