sexta-feira, 19 de março de 2010

O golpe do montepio

Minha mãe é pensionista do Exército. No mês passado, ela recebeu uma carta em um envelope sem timbre, com o nome e endereço batidos à máquina de escrever manual, que continha a correspondência reproduzida acima.

A missiva era uma clara tentativa de golpe: o chamado golpe do montepio, que vem sendo aplicado há muitos anos e ainda faz vítimas, Brasil afora.

Funciona da seguinte maneira: a vítima recebe uma carta, informando que há determinada quantia a seu dispor, decorrente de um processo judicial, referente a diferenças de montepio recolhidas a maior em seus proventos ou pensão; este valor está à disposição do aposentado/pensionista, bastando para recebê-lo que ele faça um depósito em determinada conta bancária, a título de custas judiciais, emolumentos, tributos ou outra parcela qualquer.

Dinheiro caído do céu enche os olhos, e lá o desavisado cai com seus tostões na conta do falsário. O tal montepio, é óbvio, nunca aparece.

Ainda que primário - vide a redação da missiva, com um português ridículo, erros grosseiros no uso dos termos técnicos e a total incoerência de dados da correspondência (no caso de minha mãe, o endereço do "juiz" é na Avenida Paulista, mas a carta foi postada no Jardim Japão, muito longe da área central da capital paulista) -, o golpe muitas vezes é bem sucedido.

É de se perguntar como estes meliantes têm acesso a dados que deveriam ser exclusivos da Administração Pública. Afinal, a quadrilha obteve o nome e endereço de minha mãe (que veio na correspondência, mas que apaguei da imagem acima) e sabia se tratar de pensionista militar. A responsabilidade da União em coibir estes abusos é mais que evidente.

A verdade é que não falta quem queira fazer o mal. Olhos abertos, meus amigos; olhos abertos.

Um comentário:

Val-André Mutran  disse...

Caro Francisco. Acredito que o vazamento desses dados cadastrais é obra de servidores safados do próprio governo federal que, vendem as listas para meliantes da mesma laia.
A PF se quiser pega os patifes com facilidade.
Me custa crer que o Banco de Dados de pensionistas são tão frágeis a ponto de circularem pra cima e baixo na mão de bandidos.