O candidato tucano à presidência da República, José Serra (PSDB/SP), publicou nos grandes jornais paulistas e na Veja que preparou-se a vida toda para ser presidente. O apelo emocional do candidato não me comoveu, mas lembrei de Ulysses Guimarães.
Este sim preparou-se durante sua vida política inteira, e foi traído duas vezes pelo destino: por ocasião do complô de centro-direita, civil e militar, que elegeu Tancredo e Sarney, e, finalmente, quando o matou junto com a esposa, por ocasião do acidente com o helicóptero que o transportava em meio a um temporal para Angra dos Reis, num fim de semana de 1992.
Hoje, olhando para trás, já cincoentão, tenho a certeza de que se Ulysses tivesse sido eleito presidente o Brasil seria outro, as forças políticas teriam outro arranjo e o PMDB não teria descido a tanto na escala da moralidade pública.
Diante a total impossibilidade de evitar a redemocratização do Brasil, além da manutenção de eleição indireta para presidente, o bloqueio ao nome de Ulysses Guimarães para disputar a cadeira do Palácio do Planalto foi a segunda e derradeira vitória da Ditadura Militar de 64 sobre o Movimento Diretas Já (1984).
Notas sobre as fotos:
1. Os registros captam o diálogo do entao deputado federal Ulysses Guimarães com as tropas da repressão, na Bahia, em 1978. Disse ele: Afaste seus cães! Respeitem o líder da oposição!
2. Após romper o cerco, Ulysses foi até a janela da sede do PMDB baiano e mandou outro recado à tropa que mantinha o cerco ao partido: Soldados da minha Pátria, baioneta não é voto, nem cachorro é urna!
3. Mas não parou por aí. Carismático, por ocasião da apresentação da Constituição Federal de 1988 à nação, cunhou outra de suas famosas frases, que tanto lhe traduzia o modo de ser: Tenho nojo, asco à ditaduras.
4. Ao contrário do Dr. Ulysses, tem gente fina por aí que não se acanhou e preferiu pactuar e enaltecer em discurso uma tal ditabranda; apenas confirmando o verso que Elis Regina cantava por essa época, e ainda hoje válido: Tá cada vez mais down o high soçaite.
5 comentários:
Em segundo plano, se não me falha a memória, aparecem Francelino Pereira e Tancredo Neves.
Sim, é verdade. O Francelino Pereira dos três é o único que ainda vive e está filiado ao DEM. Era da cozinha de Tancredo Neves.
Parabéns, Itajaí. Muito boa a postagem. Precisamos destacar esses fatos, para que não se perca a memória deles e das pessoas que merecem respeito.
Anos de ouro!
Agora essa canalhada toda no congresso...
Vamos afastar os déspotas do congresso.Vote nulo, em branco, na vó Tonha...
Veia tinhosa! Vote nulo ou branco e deixe eleger a turma que se elege com votos de curral ou de cabresto. Não é rima, nem solução.
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