Jovem isralense em Hebron (Israel) atira vinho em uma senhora árabe à ocasião do Purim, festa marcada pela alegria, trocas de presentes e votos de felicidades, que lembra a preservação da vida do povo judeu na Pérsia por meio da generosidade de uma mulher, conforme nos conta o Livro de Esther na Bíblia.
Os marcadores da violência secular entre esses povos - o espaço, a desconfiança e a insegurança mútua, o ataque e a defesa sucedâneos - revelam-se na foto pelo ato mesquinho de homem incompleto, despido de autoridade moral e de responsabilidade política e religiosa.
A foto de Rina Castelnuovo publicada no The New York Time, está classificada entre as melhores fotos de 2009 pela World Press. A coleção de todas as premiadas pode ser vista: são extraordinárias.
6 comentários:
Prezado Itajái,
Estranhíssimo, já são 21:16 e até agora não apareceu ninguém para lhe acusar de anti-semitista por postar esta foto?
Há um tempo atrás José Saramago foi duramente criticado pela comunidade judaica por ele haver afirmado que os judeus israelenses de hoje não merecem usar o pesar de seus famíliares mortos na II Guerra, e estou com ele.
Os judeus israelenses, não todos talvez, relativizam o que quer que seja em nome de suas necessidades, direito internacional, direitos humanos e tudo mais o que for.
Até mesmo um muro à exemplo muito pior que havia em Varsóvia tiveram coragem de construir.
Resgataram uma das penas mais bárbaras que eu imaginava que só existia na literatura Grega: a pena de insepultamente a que foi condenado Arafat.
Sem falar que, com todo meu respeito as pessoas mortas covardemente na II Guerra, parece que o único genocídio da história de humanidade que existiu foi o dos judeus daquela guerra.
Quem tiver tempo, honestidade e estômago, não necessariamente de forma cumulativa, sugiro ler "A indústria do holocausto" de Norman FINKELSTEIN, ed. Record
Abs,
Nilson Soares
Nilson,
O Holocausto da II Guerra existiu e o rol de vítimas inclui judeus, ciganos, comunistas, homossexuais, testemunhas de Jeovah, povos eslavos e alguns negros. Digo-lhe que não fosse a promessa dos judeus sobreviventes em lembrar sempre a tragédia, esses crimes por certo já estariam esquecidos como estão esquecidos os genocídios coloniais da África e o dos Armênios.
O Holocausto, contudo, é rotulado corretamente como crime contra a Humanidade porque efetivamente o foi, considerando a política sistemática e sistematizada de escravidão e extermínio em escala industrial, conduzida pelos nazistas alemães.
Isto ao que sei não acontece em Israel. Ao contrário do III Reich, no Oriente Médio há um conflito armado, longo, com violências absurdas contra a população civil cometidas por ambas as partes em conflito, em que pese a desproporcionalidade bélica hoje a favor de Israel.
Não custa lembrar que alguém já disse que numa guerra não existem vencedores, pois todos nela estão derrotados do ponto de vista moral. Não é uma frase vã e serve para ilustrar que devemos buscar sempre a alternativa que impeça a carnificina e, nesse sentido, devemos ter grande cuidado quando analisamos o problema.
Na minha avaliação o que falta para a superação dessa guerra é o lado da paz, pois tem mais gente operando pela continuidade dela em ambos os lados e em terceiras partes, por diversos modos, poderes, preconceitos e intenções, do que de fato pretendendo construir pontes que superem o estado atual das coisas.
Ilustra bem a complexidade do problema a questão levantada sobre o "ensepultamento" de Arafat, pois naquela altura, e acho que até hoje, haviam restos mortais de soldados israelenses insepultos, mantidos assim para uso em negociações militares pelos militares palestinos. Até onde eu sei Arafat morreu na França e a demora do seu sepultamento pode ser justificada com razoável credibilidade pela importância política do defunto, a instabilidade instaurada na Autoridade Palestina com o desparecimento do líder palestino e os temores das autoridades israelenses quanto a segurança de estado. Nesse tipo de contexto até Murphy quer distância!Pois a chance de dar tudo errado extrapola a razoabilidade estatística...
Portanto acho um bom passo chamarmos a atenção para a intolerância, que não é característica de judeus, de árabes ou de palestinos, mas que encontra terreno fácil para prosperar face a gravidade da situação em que esses povos estão envolvidos há longo tempo, arriscando o legado cultural, filosófico e moral que esses povos legaram a Humanidade.
Prezado Itajaí,
Não sei se fui bem compreendido, não acuso os judeus, acuso a elite militar israelense que está no poder em Israel.
É complexo abordar esse assunto, o exemplo do insepultamente de Araft, p.e., se for analisado a partir de uma perspectiva que relativiza as regras do direito internacional, que quando se referem ao mais fraco, não valem e ao mais forte, especialmente se for para defender o que ele julga ser uma ameaça a sua soberania territorial, valem.
Bom, os genocídios que você se refere talvez não estejam esquecidos somente por uma questão de determinação das vítimas decendentes. Acho absolutamente improvável que essas vítimas tenham renunciado a memória de seus mortos.
O fato é que essas vítimas não tiveram o acesso a alguns dos meios de comunicação globais do ocidente; não se favoreceram de um momento histórico único após a II Guerra em que o Ocidente viu em Israel a possíbilidade de uma base para garantir a proteção do Petróleo; uma base para combate ao terrorismo; não tiveram o apoio do lobbys de grandes escritórios de advocacia norte-americanos que até hoje processam empresas que usaram o trabalho escravo judeu. (Dê uma olhada ao menos na resenha do livro de Filkenstein)
Esses povos não tiveram a devida atenção não porque as vítimas deles númerica ou qualitativamente fossem menos importantes que a dos judeus (se isto é moral de se afirmar), mas sim porque judeus souberam aproveitar as circunstâncias históricas e sempre foi um povo que soube como os alguns povos asiáticos assimilar a cultura de outros povos (tolerância) sem aniquilar sua própria identidade.
Por falar ainda em memória coletiva das vítimas, ou de relativização dos critérios de análise, é mais curiosa a questão ainda, quando se trata de relembrar ou mesmo denunciar os crimes de guerra do Estado de Israel, é comum o argumento de que são tentativas irresponsáveis de se instabilizar a região, desculpe, mas vi algo muito parecido naquilo que você se referiu a pena de insepultamente de Arafat.
Mas, isso acho até que não é o foco da questão. O cerne da questão são alguns pontos:
- O Estado de Israel, por mais que muitos imaginem, é um Estado laico;
- Os conflitos que existem nas últimas décadas advém da política deliberada da Inglaterra de deixar a discórida nas suas colônias (isso vem lá do séc. XIX quando usaram os árabes para expulsar os Otomanos na Região, é outra história...)
Enfim, minha colocação sobre a foto, é que geralmente qualquer dedo, por mínimo que seja, que se aponte a Israel o dono dele é acusado de anti-semitista ou até nazi. Artimanha, que em termos mais abstratos, é deliberadamente usada por uma elite militar que está no poder em Israel.
Ou em outras palavras, aquele que critica é política externa do Estado de Israel, é anti-semitista, não gosta de judeus. Quem tira essa conclusão ou é um leviano ou um ignorante, quando muito, um crédulo.
Sem falar é claro, os judeus são na história das quatro últimas décadas as vítimas da moda, quer dizer, é "cool" defendê-los, então muitos querem ficar bem e passam a usar qualquer argumento para parecer um bem-feitor.
Aliás, hoje em dia, a preocupação de alguns intelectuais judeus, não é o sinonismo, porque os judeus já comprovaram ao mundo que foram absolutamente exitosos no projeto de Hertzel. Hoje se pensa no pós-sionismo, o que será de Israel amanhã quando o Petròleo não for mais a matriz energética primaz da economia?
Abs,
Nilson Soares
Prezado Nilson,
Creio que há muito não é mais cool defender os judeus. Há um claro processo de desconstrução da imagem judaica pelo viés militarista e em detrimento de valores culturais positivos que esse povo possui. É certo também que o sucesso dessa desconstrução é organizada a partir do endurecimento de Israel na guerra contra os Palestinos. Faz parte, portanto, de um estratégia política habilmente explorada por quem não possui a hegemonia militar, no caso os palestinos.
Você fala corretamente quanto ao fato de Israel ser um estado laico.
Não poderia ser diferente em um país que pretendia ser moderno do ponto de vista de suas instituições democráticas. Havia no período de sua fundação, verdadeiramente uma atmosfera influenciada pelo socialismo e o trabalhismo, simbolizada no coletivismo dos kibutz.
Acontece que essa gente foi perdendo espaço, mudando de posição política, na medida em que as guerras de sucediam, atentados sangrentos eram cometidos e os que falavam em paz nada conseguiam e, consequentemente, eram enfraquecidos pela corrente militarista.
Bem verdade que tudo isto ocorria sob a tremenda pressão da Guerra Fria, com Israel ao lado do bloco ocidental liderado pelos EUA, e os árabes-palestinos do outro, com a URSS, Síria, Paquistão e Líbia.
Quando o bloco soviético começa a desmoronar, quando acontece a derrota dos russos no Afganistão, curiosamente é também o tempo de dois governos ocidentais francamente militaristas e intevencionistas, que foram os de Margareth Tatcher e o de Bush senior. É nesse período de intensa prática neoliberal, simbolizada na figura social do yuppie, numa ambiência sócio-política de intenso consumismo, individualismo e flexibilização moral, que o conflito palestino-israelense assume formas cada vez mais graves, dos quais são símbolos a truculência dos massacres de Darfour e Chabra e Chatilla, assim como o assassinato de Menahem Beguin, por extremistas israelenses, consolidando o poder do bloco militar que dirige o país até hoje.
Mas essa é uma dimensão do problema, a outra está no bloco palestino que chega nesse momento francamente fraturado em suas lideranças históricas, ou porque mortas, ou porque politicamente fragilizadas pelas mesmas forças que atuavam para fazer naufragar os acordos de Camp David. Nesta fase, e neste último grupo, está um decadente Arafat que morre nos arredores de Paris em circunstâncias mal explicadas.
Quanto ao que você coloca sobre acusarem os críticos de Israel como anti-semitas, eu observo que em alguns casos de menor importância a acusação procede com base no discurso que eu li. Mas não é ético extender essa acusação a todos. Não creio por exemplo que algum intelectual israelense sério pudesse ver na crítica de Saramago, por exemplo, algum sinal de anti-semitismo.
Foi por essa razão que assinalei na réplica quanto ao cuidado que devemos ter nos argumentos sobre essa grave questão mundial, que envolve povos com passados históricos complexos, um deles com uma proposta filosófica que favorece projetos expansionistas, o Grande Islã, que nada mais é que a dimensão política do Islamismo e hoje encubada nas propostas de grupos extremistas.
Por fim, seu último parágrafo traz a luz uma questão das mais importantes. O mundo está mudando, os blocos de poder estão se organizando e os países nunca emergem de crises econômicas profundas do mesmo jeito. Portanto, a preocupação desses intelectuais possui razões suficientes para ser considerada.
Prezado Itajaí,
É no debate sobre esses assuntos que percebemos que o Brasil é um grande acolhedor de povos.
Temos judeus, mulculmanos, uma grande comunidade angolana (aqui no RJ), portugueses, muitos franceses (aqui em Laranjeiras então...), italianos e todos se dão ou ao menos convivem com suas diferenças.
Lógico, diferenças existem, e elas são até desejáveis, mas aqui o Brasil ao menos ninguém se mata por preferências etnicas ou religiosas, bom, mas no futebol... fico embasbacado com a violência que existe entre as torcidas isso é uma das muitas coisas inesplicáveis para mim.
Bom fim de semana e que Deus um dia resolva as questões que tratamos acima.
Abs,
Nilson
Amém.
Abs.
Itajaí
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