domingo, 9 de maio de 2010
Uma mulher, um autódromo
Imaginem a cena: Grande Prêmio Internacional de São Paulo de Automobilismo, 1936.
Nas ruas do bairro Jardim América uma mulher francesa de nome Hellé Nice pilotava furiosamente em segundo lugar, atrás apenas do ídolo brasileiro Manuel de Tefé, quando perdeu o controle de seu Alfa Romeo e desencadeou um acidente que veio a ocasionar 4 mortes dentre os espectadores, além de muitos feridos. Curiosamente a mesma caiu do carro sobre um soldado, que teve morte instantânea.
A própria Hellé Nice permaneceu em coma por 3 dias e após 2 meses de internação recebeu alta como uma heroína, uma sobrevivente.
A notícia teve grande repercussão na época e até os dias atuais o nome feminino Helenice (ou Elenice) é usado para batizar meninas país afora.
A carreira desta lenda do automobilismo mundial continuou e sua vida foi povoada por fofocas (amantes em profusão) e escândalos de espionagem (foi acusada de ter sido agente da Gestapo durante a Segunda Guerra), e pode ser conferida aqui.
O seu acidente terminou por mudar a história do automobilismo brasileiro, pois ficou clara a necessidade de criar o primeiro autódromo nacional, um lugar onde os espectadores pudessem ver as corridas com segurança.
Assim nasceu o autódromo de Interlagos, inaugurado em 12 de maio de 1940 com o III Grande Prêmio Cidade de São Paulo, vencido pelo brasileiro Nascimento Júnior, também com um Alfa Romeo.
Em 1954 o circuito de então 8 km de extensão foi comprado pela prefeitura e viveu dias de glória e decadência.
Hoje o traçado de 4.309 metros oferece 80% de visibilidade em alguns setores, como o A, fato inédito mesmo nas pistas mais novas e mais modernas.
Este mês Interlagos completa 70 anos.
Hellé Nice, falecida em 1982, nunca voltou ao Brasil para conhecê-lo.
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