Este é um post politicamente incorreto. Por favor, não faça nada do que traremos aqui, com o lúdico desejo de relembrar momentos estranhos da infância. Vamos relatar hábitos esquisitos que meninos (nunca vi relatos de meninas fazendo estas atrocidades), por vezes, têm na infância. Falo especificamente de algumas maldades que fizemos com animais. Não sei se todos os ex-meninos que nos lêem as fizeram. Espero que não. Mas eu, confesso, fiz algumas. E talvez não tenham sido poucas.
Sobre elas, já ouvi relatos os mais variados. Desde amarrar latas no rabo do gato, até derrubar passarinhos com "baladeira" (ou estilingue, como se diz em outras plagas).
Mas, acompanhando alguns amigos pelo Twitter, pude ouvir uma maldade inacreditável, que nunca tinha pensado antes, que me fez rir às escâncaras: caçar jacintas (ou libélulas), amarrar-lhes uma linha em seu tronco esguio (certamente, após firmemente manietadas pelas delicadas e frenéticas asas), e sair com elas por aí. Rssss. Certamente, um procedimento algo complexo, cujo protagonista, deve ter contado com o inarredável auxílio de algum cúmplice.
De imediato, procurei lembrar-me de quais teriam sido minhas maldades preferidas. E logo, me vieram a memória algumas. Então, vejamos:
- Assar lagartas: esta é a número um, tendo em vista que na casa de minha mãe - que contava com um amplo e saudoso quintal - havia uma espécie de epidemia sazonal de lagartas pretas, ornadas com círculos amarelos, com cabeça e cauda bem vermelhas. Elas se multiplicavam e comiam quase todas as folhas de uma frondosa árvore que minha mãe se orgulhava de possuir. Era minha árvore preferida pois estava disposta de tal maneira que era fácil de subir nela e ficar sentado nos galhos mais altos por horas a fio. Estas lagartas, após engordarem de maneira escandalosa, seguiam seus processos metabólicos e se transformavam em horrendas mariposas. Não tinha defesa nem combate. Eu e mais alguns sádicos amigos de rua, achávamos que deveríamos liquidá-las. Inclusive com requintes de perversidade. E assim, pegávamos várias, colocávamos em uma lata de leite, e tocávamos fogo após jogar álcool. Os ruídos que eram gerados, eram indescritíveis. Ops!
- Tirar a patona de gafanhotos e obrigá-los a andar indefesos feito formiguinhas: esta era a número dois, muito comum na casa de Mosqueiro, onde eram maiores e mais numerosos. Bem. Eles também tem o desagradável hábito de comer folhas de nossas tão queridas plantas ornamentais. Mas não adianta! O que fazíamos era mesmo pura maldade. Nem de longe passava pela nossa perversa cabecinha alguma justificativa para o que fazíamos com eles. Pegávamos vários. Quanto maiores, melhores. Depois, era só arrancar-lhes as pat.... Bem vou poupá-los dos detalhes sórdidos.
- Detonar calangos com baladeira: esta é a terceira, mas, de longe, a nossa preferida. Muito em parte pela dificuldade em abatê-los desta maneira. Quem o conseguisse, ganhava o reconhecimento do dia. Calangos são animais de aspecto dinossáurico, de sangue frio, precisando da luz do sol para aquecer-lhes as entranhas. Portanto, a melhor hora do dia para encontrá-los nos muros, era quando o sol ia alto no céu. E lá ficavam balançando aquela horrenda cabecinha. Havia uma certa organização no ataque. Cada qual tinha a sua vez. E cada qual, tinha sua própria baladeira e a desenvolvia do jeito que achasse melhor. Era fazer pontaria e pumba! Lá vinha o calango muro abaixo. Festa total e muita inveja da baladeira do feliz vencedor. Com o tempo, a turma foi apurando a pontaria e... Vou poupá-los uma vez mais.
- Jogar setas nas cabeças dos transeuntes: a quarta maldade preferida, era uma que fazíamos com o animal homem. Conseguíamos alguns canos de PVC, fabricávamos uma certa quantidade de setas ("munição", hehe), feito cones afilados de papel, e a exemplo de uma zarabatana doméstica, soprávamos em direção a alguns surpresos pedestres que caíam na desgraça de passar em frente na hora errada. Ficávamos em cima de uma grande árvore que havia na frente da casa de minha mãe. Uma turma com uns 7 ou 8 moleques. A vítima era escolhida ao acaso. Mas me lembro que tínhamos o cuidado de respeitar os mais idosos. (Ao menos algum traço de "ética"? Nada disso. Tínhamos medo que eles infartassem). Quando passavam, toma-lhe uma chuva de setas de papel. O susto que eles passavam, era nossa diversão. Logo em seguida, praticamente despencávamos árvore abaixo e saíamos em desabalada carreira, para não ouvir os impropérios que nos eram lançados. Numa destas vezes, estava em voga na época a atitude black power. Nem pensem que meninos com esta índole, possuíam algum tipo de escrúpulo. Uma das vítimas, coitada, ficou com sua rígida e orgulhosa cabeleira, feito um ouriço, sob o ataque de nossas certeiras zarabatanas. Tsc, tsc, tsc. Que vergonha!
Estas são as mais importantes que me vêem a memória. Mas confesso que até hoje, tenho vontade de fazer algumas maldades com algumas espécies de animais. Entre eles, baratas e aranhas. As baratas, por razões mais do que óbvias e talvez irracionais. (Convenhamos, não existe nenhuma racionalidade em tudo o que relato aqui). Estas, tenho vontade de triturá-las com os pés, de preferência, fazendo aquele barulhinho... (auto-censura). Quanto as aranhas, mais uma vez, confesso que tenho o mais absoluto PAVOR delas. Desde aquelas do mais diminuto tamanho. Admiro-lhes a arte de tecer as teias, algumas, diga-se, de bela e esmerada arquitetura. Mas em meio a minha declarada aracnofobia, nem me venham falar das caranguejeiras.
15 comentários:
Adorei, Barreto. Como moleque de apartamento, nunca tive experimentos com insetos, apesar de, certa vez, correr atrás de meu irmão Janjo com uma jacinta, amarrada por fio. Mas zarabatana, claro, muito bem. Com uma diferença: minha arma foi tirada daquelas escadas onde um metal, dourado, era usado para prender tapetes vermelhos. Era perfeito. E ficava, do meu prédio, infernizando as pessoas..
Abs
Edyr
Ah, eu me lembro dos grupos de meninos fazendo esse tipo de maldade! Meninas, de fato, eram raras, mas podia acontecer. Minha esposa Polyana diz que chegou a fazer uns "experimentos".
Eu fiz uma maldade maior: afogar um pobre patinho, mas não gostei de vê-lo morto. Felizmente! Afinal, reza a cartilha que crueldade contra animais, na infância, é indício de psicopatia.
Eu amarrava linha de costura, que é bem fina e leve, em jacintas, mas também cheguei a fazer com borboletas. rsrsrsrsrs...
Agora, as setas realmente eram imbatíveis. Eu tive uma zarabatana profissional, com cabo pra segurar, boquilha em formato de funil pra melhor aproveitar o ar, e mira na ponta. Eu detesto osga (lagartixa de parede, pra quem não é daqui dessas bandas) e elas eram meu alvo principal. Por eu detestá-las, fazia setas com alfinetes nas pontas, presos com auxílio de um pingo de super bonder. Era nojento, mas eu me livrara delas. rsrsrsrs...
Eu fazia briga de saúvas também. Retirava as anteninhas da cabeça (pra elas não se comunicarem, percebendo que eram amigas hahahahahahaha...) e encaixava as presas de uma na outra e vice-versa. Quem largasse, ou morresse primeiro, muitas vezes decaptada, ou sem parte do corpo, perdia.
Ahahahahaah. Deve ser por isso então que sou completamente psicótico por afogar patos.
Rsssssssss
Eu morava na Dom Romualdo Coelho, e lá pelos meus 10, 11 anos, haviam muitos terrenos baldios por lá, repletos de mato. De vez em quando um rato (ou uma mucura, sorte maior!) escapava de um dos terrenos pela rua. E era uma farra pra gente sair atrás dos indefesos mamíferos com paus, pedras, baladeiras, e o que mais estivesse à mão.
Essas memoráveis "caçadas" aconteciam geralmente à noite, hora em que os animais estavam ativos.
Lembro que certa vez tasquei uma bicuda certeira numa mucura de razoável tamanho, e a bicha foi cair, depois de um voo em parábola, em cheio sobre a peitaria de uma vizinha nossa, que voltava da aula. Voaram cadernos e livros para todos os lados. O enérgico grito de terror dela ecoa até hoje na minha memória...
This is Sparta!
Pow, já afoguei o ganso muitas vezes, será que sou psicopata? Achei que de alguma maneira era o contrário. kkkkkk
Ahahahahahah.
Alan, meu amigo. Desculpe. Mas esta vai para a ribalta com certeza.
Obrigado.
Caríssimo Ivan.
Vc ganhou no quesito "requintes de crueldade".
Ahahahahah.
Obrigado pelo depoimento.
André
Certamente as "aves" que falamos, não são comparáveis ao pobre patinho do Yúdice.
Mas somos psicóticos sim.
Rssssss
Edyr
Vc teve direito a um instrumento mais sofisticado. Mas imagino que deve ter sido difícil confeccionar a "munição", não? Afinal, essas barrinhas eram de um calibre pequeno demais.
Rsss
Obrigado pela presença.
Bom saber que não fui uma criança estranha... todos nós fizemos as mesmas coisas.
Carlinhos,
Temos uma amiga em comum que pegava pintinhos de aniversário - naquela época era comum darem animaizinhos de brinde nas festas infantis - e os fazia andar em pranchas, como de navios-pirata, da sacada do apartamento...
Caraca! Esta, sem a menor dúvida, foi a pior das maldades já publicada aqui. E feita por uma MENINA!!! Pior mesmo que o pobre patinho do Yúdice!
Nooosssaaaa!
Ahahahahahahahaah!
É, Fernando. Ao menos confesso que as fiz. E só relatei algumas delas.
Rssss
Bem, hoje em dia, sou "gatófila" assumida mas devo confessar pelo menos dois desses "podres" (o terceiro é mais normalzinho - ainda aprecio touradas!):eu "inocentemente" cansei de dar banho de imersão em gatinhos recém-nascidos! Além desses "exercícios de higiene", administrei a muitos bebês-gatos o conteúdo dos frascos dos deliciosos perfumes fabricados por uma de minhas avós!Coitados, pelos menos subiram para o "céu dos bichinhos" interiormente bem cheirosinhos!
Na direção contrária desses massacres infantis, até hoje ainda tenho pesadelos por ter acertado com uma chinelada certeira, uma "linda" caranguejeira!
Abs, Rz
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