segunda-feira, 12 de julho de 2010

E viva España!


O espanhol se iguala ao português como a língua do futebol: com a vitória da Fúria sobre a Seleção Holandesa, ontem, a língua de Cervantes agora tem cinco Copas do Mundo (Argentina, em 1978 e 1986; Uruguai, em 1930 e 1950; e a Espanha, em 2010), contra os mesmos cinco da língua de Camões (de Drummond talvez fosse mais adequado), do pentacampeonato brasileiro.

O título da Espanha também dá a todos a chance de conhecer um pouco mais da realidade de um país que são vários, dentro de um território exíguo. Ao final do jogo, Puyol e Xavi Hernandes, craques da seleção campeã do mundo, usavam cachecóis com as cores da Catalunha, evidenciando um sentimento separatista que ainda é forte, mesmo passados mais de 500 anos da unificação da Espanha católica pelo casamento dos herdeiros de Castela e Aragão.

Os olhos do mundo, que já observavam a ascendência dos gigantes Barcelona e Real Madrid, agora poderão saber que os Reais da Espanha (Real Madrid, Real Sociedad, Real Múrcia, Real Betis, dentre outros) eternizam a história de um futebol mantido pela Real Federação Espanhola de Futebol, com o selo real da unidade espanhola. Outros, que deliberadamente não detêm a denominação (Barcelona, na Catalunha, Athletic Bilbao, no País Basco), simbolizam a resistência à unificação e a luta por uma identidade regional, alheia às benesses decorrentes da subserviência à Coroa. Não é à toa que grande parte da receita do Barcelona, clube dos campeões mundiais Puyol, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta e Pedro, provém da mensalidade que os sócios do clube pagam, tornando possível ao milionário time de futebol independer de patrocínios estampados em seu uniforme.

Esta história, que o futebol hoje evidencia, torna ainda mais interessante a entrada da Espanha no clube dos campeões da Copa – seleto clube de agora oito seleções, como gostam de dizer os comentaristas esportivos. A geração vitoriosa que a Fúria conseguiu juntar merece.

2 comentários:

caio disse...

Só uma correção: na Catalunha, o Español (que desde 1995 se chama Espanyol) tem uma imagem justamente contrária: ele é tradicionalmente tido como aliado ou favorável do poder de Madrid e da unidade espanhola. Mais ou menos como ocorre com a Real Sociedad no País Basco.

Tanto que ele também tem o título Real: o nome completo do time é Reial Club Deportiu Espanyol de Barcelona.

Francisco Rocha Junior disse...

Caio,

Tens toda razão. Muito obrigado por tua correção. Já retirei Espanyol da lista dos "não-reais".