Neste mês de julho, quando todos aparentemente nos deixam em paz na cidade, há espaço para um programinha interessante. Belém se transforma em uma cidade mais trafegável e mais aproveitável. Foi quando então, eu e mais 13 almas bem intencionadas, resolvemos que deveríamos aproveitar um domingo para fazer o óbvio. Aquilo que está bem ali diante de nossos olhos o tempo todo, mas que quase nunca pensamos em fazer. Um passeio de barco pelas ilhas, na vertente do rio Guamá, incluindo Combú, Furo da Paciência e arredores. Com direito a parar, onde os moradores nos permitissem, para tomar banho e conhecer com mais detalhes o cotidiano difícil dos ribeirinhos.
De fato, se a vida não lhes oferecesse tantas privações, poderíamos até pensar em duvidar das belas imagens que seu cotidiano duro insiste em nos proporcionar. Mesmo no meio do mato, não lhes falta a religião, a cor, um pouco de diversão, a grama aparada, um jambeiro florido, um barco decorado, etc. Mas certamente lhes sobram a miséria, as doenças e a desassistência. Os contrastes de uma vida bem brasileira.
Pois muito bem. Feitas estas preliminares, nosso passeio, foi mesmo apenas o que foi. Um passeio. Contratamos um barco modesto e dividimos com 13 pessoas a empreitada. Ao final, estava incluído o almoço e uma TV LCD para assistir a final da copa. Tudo isso, "al otro lado del río". Mas o que aconteceu, do ponto de vista de diversão e imagens, é o que pretendo mostrar. Vamos então ao passeio.
O dia amanheceu assim no bairro do Umarizal, por volta das 7 h, pouco antes de nos dirigirmos a marina de onde sairia nosso barco. O céu azul total, aos poucos, daria lugar as habituais nuvens e também ao calor, com sol forte e inclemente.
Uma vez no barco, pudemos apreciar esta impressionante visão de nossa cidade, com uma grande angular de 17 mm da Nikon. Na medida em que a paisagem e os eventos mudavam, lancei mão da teleobjetiva de 300 mm, para captar mais detalhes.
E as reações dos personagens principais da história diante de nossos olhares curiosos e principalmente diante das lentes, variavam de alguma indiferença até as reações mais surpreendentes. De um modo geral, a interação acontecia de maneira amigável e bem humorada.
Entramos então no Furo da Paciência, de onde obtive este estranho registro do enorme contraste entre a visão da grande e maltratada cidade com os arredores. É a visão que eles tem de nós, que moramos do lado de cá. Talvez pensem: "Lá é que estão os recursos". Será?
No pequeno trecho do furo, observávamos com curiosidade, a diversidade das moradias. Todas simples. Algumas bastante precárias, outras com até 2 pavimentos...
Sempre, a mera visualização da câmera, já provocava alguma reação por parte dos ribeirinhos, que não perdiam a chance de posar para as fotos, à sua maneira.
E nem a decoração especial, para os tempos de copa do mundo.
No caminho, no apertado furo, cruzávamos com outras embarcações típícas da região, com nomes de batismo nada incomuns.
E aqui, uma providencial paradinha para descer do barco e curtir as águas do rio Guamá, em plena enchente, trazendo uma forte correnteza, que deve ser levada em conta. Há casos de afogamento relatados.
Trazendo imagens interessantes. O fotógrafo Luiz Braga tem uma imagem antológica do chão florido por um jambeiro igual a este.
Ao final do passeio, o proprietário do empreendimento ironicamente batizado de "Ilha da Fantasia", nos ofereceu esta recepção. Uma refeição completa feita de Pratiqueiras e Mapará frito, empanado e camarões. Apesar da simplicidade do preparo, estava tudo muito delicioso. Uma vez instalados, não faltou nem a TV LCD com receptor digital integrado, que garantiu que assistíssemos a final da copa do mundo.
Um programa interessante, que todos podem fazer. Quanto saiu o passeio? Com 14 pessoas, pagamos 50 reais por cabeça. Comida e bebida incluída. É muito? Penso que não. Vale cada centavo.
10 comentários:
Por que não me convidou? Quando vão de novo?
Puxa! É que foi um "evento" de "desaniversário" de uma amiga nossa. Fomos com a turma lá comemorar. Mas podemos combinar uma outra com a mais absoluta certeza. Aliás, vamos combinar um encontro qualquer por aí. Será muito "manero" fazer contato com vc, Fernando.
Abs
Charlie, espero que você não tenha tomado banho na maré e se o fez que não tenha pisado no fundo.
Você estava no território das arraias, em plena temporada delas.
Deus proteje os bloggers!
Pisei no fundo lamacento e juro pra vc, que de tão encantado, nem pensei nisso. Mas vc sabe, né. Nós médicos ficamos meio chatos em meio a um grupo incontrolável. Uni-me a eles. Feliz!
Assim como o Fernando, minha reação imediata foi de vontade de participar da experiência. Tomara que haja mesmo uma nova edição do passeio. Quem sabe o próximo "Flanar Encontro", com direito a convidados blogueiros?
Adoro essas paisagens e esse pratinho de peixe e camarão aí mexeu com os meus brios. E simplicidade é tudo!
Beleza!
Vamos começar a produção. Mesmo que só com os 3 flanares que residem em Belém, associados aos demais blogueiros da cidade, que desejarem participar.
Mas esta será uma produção algo mais complexa. Não poderão haver "furentos". Pois se isso acontecer, os poucos que lá estarão, terão que pagar mais para fazer o passeio. Portanto, só darei a largada na produção, após ter ao menos o RSVP.
I'll be there!
Eu também.
Roger
oi, não sou blogueira mas leio muitos blogs de paraenses. Me interessa muito fazer um passeio assim: tu poderias me passar os contatos ou me indicar como faz pra alugar o barco? obrigada
Anotei tudo, Alena. Vou reunir informações e mando pro seu e-mail em "off", Ok?
Abs
Postar um comentário