quinta-feira, 1 de julho de 2010

Preço dos combustíveis

Já desisti de encontrar alguma racionalidade na fixação do preço dos combustíveis aqui em Belém. Claro que há uma explicação algo óbvia, ligada à ganância do setor, mas ela é uma sanha irracional. Seja como for, a gasolina nesta cidade varia de modo impressionante. De um posto a outro, podemos encontrar diferenças que chegam a 40 centavos por litro. Ou mais.
Costumo abastecer em dois postos mais baratos e, até onde se pode botar a mão no fogo, confiáveis. Ok, por um deles não boto a mão tanto assim... Mas mesmo eles, na semana passada, surtaram e elevaram seus preços para absurdos 2,88 reais pelo litro da gasolina comum. Um deles, que mantinha uma "promoção" para pagamentos em dinheiro, vendia a 2,62. Subiu para 2,67 e explodiu para o valor acima. O outro, pertencente àquela rede normalmente mais em conta na cidade, foi de 2,55 para 2,85.
A desculpa esfarrapada, segundo ouvi dizer, teria relação com a proibição de tráfego pesado nas ruas de Belém. Ou seja, os maiores custos operacionais na distribuição dos combustíveis explicariam um reajuste da ordem de 3%, em média.
Se assim for, o que explica o fato de que, de um dia para outro, o posto que vendia a 2,85 baixou seu preço para 2,55? É isso mesmo: 2,55. 30 centavos de redução por litro, de uma hora para outra.
Nenhuma lógica. Só safadeza, mesmo.

2 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice,
Vi hoje, no Bom Dia Pará, uma entrevista com o Francinaldo Oliveira, advogado do sindicato dos postos, falando justamente deste assunto.
Não sei se foste motivado pela mesma reportagem. O fato é que, realmente, o preço dos combustíveis é absurdo e uma das desculpas dos postos é essa mesmo: a imposição de abastecimento noturno das bombas teria elevado a folha salarial, em decorrência da necessidade de pagamento de adicional noturno aos empregados das distribuidoras e dos próprios postos.
Além disso, os postos alegam que teria havido um aumento no índice de álcool misturado à gasolina e o aumento do preço do álcool nas distilarias; também seria componente do preço inflacionado o aumento salarial recente da categoria profissional, em decorrência da data-base anual.
O fato é que o combustível em Belém é de má qualidade e de preço absurdo, um dos mais caros do país. Segundo a repostagem do BDP, há diferenças de preço exatamente nos valores que apontas: há locais que vendem o combustível a R$ 2,50, outros a R$ 2,90. Segundo o advogado do sindicato, os preços são maiores nas ruas em que não há circulação durante o dia dos caminhões de abastecimento.
Finalmente, o que mais me causou estranheza é que o advogado disse que logo após o aumento, há uma retração nos preços, que tendem posteriormente a se conformar em um patamar mais baixo. Só não explicou porque isso acontece.

Yúdice Andrade disse...

Não vi a reportagem, Francisco. Mas as tuas palavras ratificam o que falei: a ausência de uma lógica na cobrança. O sujeito aumenta o preço porque pode, no sentido de ser legalmente possível, e depois reduz o preço também porque pode, mas agora no sentido de que não lhe trará prejuízos. É o caso de perguntar: então por que subiu o preço?! Ou ao menos por que não praticou um reajuste menor?
Imagine se uma escola particular, autorizada, aumentasse em 200 reais a sua mensalidade. Passados dois meses, reduzisse em 150 reais ou, até mesmo, nos 200 anteriores. Em alguns casos, inventasse uma promoção com mais de 200 reais de desconto. Seria uma grita geral. Mas o consumidor não se comporta de modo semelhante em relação aos combustíveis, porque em geral falamos de centavos. Mas veja bem: quem colocou 40 litros de gasolina no posto que mencionei, num dia, gastou 12 reais mais do que quem colocou a mesma quantidade no dia seguinte. É um acinte!
E só este blogueiro zé-ninguém se incomoda com isso?!