quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nunca a Extrema-Direita Produziu Tanto Material Fascista

Quem dorme com cães, não custa a pegar sarna.
(ditado árabe)


É impressionante: nunca o fascismo panfletou o tão abertamente no Brasil. Sim, porque nunca dantes nesse país a neo-extrema-direita derivada do sucesso do Bolsa Família exibiu-se com tamanho despudor no palco político, como fosse para fazer corar a mais barata das marafonas de cais. Para isso usam dos mais rebaixados argumentos, que fazem com frequência ecoar por vozes subalternas, algumas das quais no microfone de instituições notáveis na luta pela redemocratização desse país, período em que os atuais donos dessas vozes institucionais ainda sujavam as coeiros com suas aceitáveis emissões fisiológicas pelas leis da Biologia.
Talvez alguns digam que tudo resume-se à ideologia, nos limites da expressão do direito de opinião política, como fosse essa insípida, inodora, incolor e destituída de qualquer pretensão de consequência. Mas o que quer que seja um fato sobressai: quem quer que orquestre essa marcha fúnebre da democracia assemelha-se aos industriais alemães que financiaram os nazistas, porque viam neles um remédio e uma segurança, a saber:
1) Como força capaz de remediar a expansão do socialismo e do comunismo na Alemanha de Weimar;
2) Seguros de que, resolvido esse assunto, cuidariam de expelir o arrogante do Hitler e seus bozós travestidos de arautos da moralidade pública.
Nem precisa explicar por que deu tudo errado e no final aquele país saiu derrotado com a instituição desatrosa do mais poderoso estado criminoso que existiu na face da Terra, ainda hoje assombração no presente dos alemães.
A direita da região sudeste e seus bate-paus espalhados na periferia do país - com toda justiça a suas imagens "de bem" - acham que podem brincar com tudo, com todos, com a história do mundo, com o destino do Brasil e dos brasileiros, dando-se ao luxo de requebrarem-se como Messalinas em palcos de clubes onde podem ser servidos os mais venenosos coquetéis para a vida democrática do país.
Acredito, apesar do poder das mídias carioca e paulistana e de seus deformadores de opinião, que a sociedade brasileira dará um basta a toda essa desenvoltura fascistóide que, em última conclusão, baseia-se em que essa caterva nos cre todos ignorantes, integrantes de massa desajuizada de cidadania a ser conduzida como bestas pelas nove famílias proprietárias de veículos de mass media, ou relaxados para linchamento pelos seus seus cabras consorciados e comensais regionais da oportunidade, sempre que os contrariamos em seus projetos de poder, de mercadão, de mercado e mercadinho no mundinho pessoal de ao redor dos umbigos profundos e sombrios daquela gente.
No que concerne a essa comandita midiática, descuidam de como serão avaliados no futuro os seus agravos e despudores com a democracia brasileira. Os acadêmicos do futuro não os esquecerão, pois terão a sua disposição um manancial riquíssimo de intolerância política, racial e de gênero, apresentadas na forma de mentira e na prática de violência verbal às escâncaras. Com a disponibilidade dessas fontes, os arqueólogos do poder - filósofos, historiadores e sociólogos - escreverão sobre esse amálgama de histeria, nacionalismo barato e mau-caratismo ideológico com que diariamente os artesãos do golpismo midiático praticam de cara limpa ou com na sonsice de seus anonimatos. Aos pesquisadores de 2020 não faltará o batidão de calçada representado por essas fontes primárias na forma de artigos de revistas, de jornais e similares, das gravações dos programas de televisão e dos registros infames lavrados com anonimato nas páginas eletrônicas, nos blogues, no Tuíter e em outras redes sociais. E nem precisará declinar suas identidades, pois quem viveu esses tempos saberá ler nas análises do futuro necessariamente de quem se trata.

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