Todo ano, nessa época, agradeço as bênçãos que Nossa Senhora de Nazaré me dá. São as mesmas que muitos têm – saúde, trabalho, tranquilidade, paz de espírito, vida digna, comida na mesa, poder ajudar os meus, se precisarem – e que muitos outros (ainda a maioria, infelizmente) não possuem. Por isso, por eu ter podido nascer minoria, eu agradeço. Parece-me uma bênção que eu possa desfrutar dessas benesses.
Esse ano, porém, quero não só agradecer, mas pedir. Pedir por mim mesmo, e espero que Nossa Senhora não me tenha por egoísta: quero que ela ilumine meus pensamentos, minhas ações, tantas vezes impensadas, algumas vezes inconsequentes. Quero que ela me ajude a conhecer-me melhor, a ter introspecção, a saber reconhecer as graças que Deus me dá, as coisas boas que ele põe na minha vida, a tratá-las bem e a não desperdiçá-las. Quero que ela me ensine a cuidar melhor do meu jardim e daquele passarinho que nele pousava sempre em busca somente de atenção e carinho.
No momento em que eu vir Nossa Senhora, no percurso do Círio, vou também lhe pedir perdão por todos os meus erros e principalmente pelo maior de todos: o de ter a graça da inteligência e não saber usá-la, por vezes. Porque é estúpido aquele que se sabia feliz, mas abusou da própria felicidade.
Um Círio lindo, como todos os anos ele é, a todos que passam por aqui.