“Égua, Dorinha, cacilda!!!”, esbravejou o nosso herói, Edu (vide a primeira parte), entrando de forma atabalhoada em seu apartamento diminuto. “Que droga de exame é este, que estava na portaria do prédio em teu nome? E que diabo de DIU é esse fincado no teu útero? Esse laboratório de terceira categoria está ficando doido? Tu não tens DIU no útero, tens, Dorinha?!”, ele clamou com toda a força que restava em seus pulmões.
Dorinha, recém acordada, grogue e trôpega, mal teve chance de responder ao esposo pletórico.
E ele continuou: “Orra, Dora, tu vais falar ou eu vou ter que ligar pro laboratório, pro CRM, pro Barra Pesada, pra polícia?...”, o já rouco Edu sussurrava.
Dorinha explicou, ou melhor, tentou explicar, mantendo a serenidade no olhar e a postura inquestionável dos que detêm a razão: "Eduzinho, amor meu, eu é que..., bem, eu pedi pra Helga pra ela apanhar um exame de rotina que eu, eh, o médico pediu, enfim, já faz tempo, tá?!"
Edu, já com os olhos cheios de lágrimas, desabafou: “Dorinha, tu sabes que eu sou louco pra ter um filho, hic, uma meninha tua, tu sabes! Então me diz que essa droga de DIU misterioso, que essa porcaria de exame está errado, me diz, Dorinha...”
Ela, já fazendo carinhos insidiosos no vértice da cabeça do esposo, disse: “foi engano do laboratório, Eduzinho. Eu jamais te enganei ou enganaria, né?! E tu já tens dois filhos daquela bruxa. E eu dois daquele asno do meu ex. Relaxa e deixa conosco, easy, baby, easy!”, e a sua voz carinhosa acalmou o maridão.
Já de posse das rédeas, Dorinha não perdeu tempo e sugeriu que ouvissem outro médico, “aquele tal que a Helga sugeriu”.
Edu concordou de pronto, não sem antes lembrar que a Helga (vide a segunda parte) vivia falando de um certo “Dr. Miau”. Mas, não, não deveria ser o mesmo, ele concluiu com os seus próprios botões.
No dia marcado, lá estavam os três: Edu, impassível, Dorinha, vestida a
Aliás, antipatia não é bem o termo adequado – ódio seria a palavra mais apropriada.
O médico não tirava os olhos das pernas de Dorinha, ignorando pura e simplesmente as perguntas de Edu, que se sentiu um nada absoluto.
Após uns bons 90 minutos de exame ginecológico, Dorinha, com um semblante meio cansado, se jogou em cima do marido e atacou imediatamente com palavras: “olha, Edu, o doutor confirmou que eu tenho mesmo um DIU, talvez esquecido por outro médico, há muito, muito tempo. Só que ele achou melhor ficar com o DIU, pra preparar o útero da sua Dorinha pra receber uma nenenzinha lindinha do meu Eduzinho, tá?!...”
Edu, o nosso eterno herói, então totalmente relaxado, esqueceu a raiva nutrida pelo ginecologista, afagou Dorinha e disse: “se é melhor pra todos nós, que fique o DIU. Eu te amo, Dorinha e quero muito uma filha tua!”
Quase de olhos fechados, já no Kadett, Dorinha ainda conseguiu piscar para Helga, acomodada no banco de trás, e respondeu a Edu: “Duduzinho, tu és um pai d’égua!”
2 comentários:
Mas que coitado já, esse Edu.
Val, coitado vem de coito, e, believe it or not, Edu é feliz.
Um coitado alegre, digamos assim.
Será possível?
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