sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rush Special Vol.3





Meus amigos (as), em 2011 o Rush completa a fantástica marca de 37 anos de carreira. Não fosse uma interrupção, por motivos trágicos, que contarei os detalhes posteriormente, quase quatro décadas de estrada não é fácil. Imaginem.

Vamos a uma entrevista com Geddy Lee para o extinto Melody Maker (desculpem-me se a tradução não está muito boa). Baixista, tecladista e compositor, ele nasceu dia 29 de Julho de 1953. Seu nome real, como já visto no Special Rush Vol.2, é Gary Lee Weinrib. Ele é bem casado, tem dois filhos, Julian (o garoto do clip Distance Early Warning) e uma filha chamada Kyla. Tênis e principalmente baseball são os esportes favoritos de Geddy. No passado, ele até já manifestou interesse em dirigir uma equipe de baseball. Quando a banda não está em turnê, Geddy vive fora dos limites de Toronto.
Para que os leitores possam entender um pouco alguns detalhes internos da banda, recomendo a leitura.

"Em 1994, o Rush está comemorou vinte anos. Você consegue imaginar três caras ficando juntos todos esses anos, e ainda encontrando um público que continua curtindo os três? Não sei o que é que eu acho mais inacreditável. Mas deve ser algum tipo de recorde, e de qualquer forma, estamos felizes. deve ser esse o segredo, se é que há algum. "Paisagem de espelhos" é uma expressão criada pelo poeta T. S. Elliot em "Gerontion". Foi também utilizada pelo ex-chefe de contra-inteligência da CIA, James Jesus Angleton, para descrever o mundo da espionagem. Essa é a origem da faixa "Double Agent", que reflete o funcionamento clandestino dos sonhos e do subconsciente.

Desinformação ou inteligência? Que os espelhos decidam... Reflexos numa paisagem de espelhos: esse é, quase o tema. Não reflexos no sentido convencional de olhar para trás - certamente se pode refletir sobre o presente e o futuro. Mas no sentido de olhar o espelho e descobrir seu ego escondido. De olhar a natureza humana e sua obra neste mundo e olhar as tragédias e também os momentos inspiradores da vida cotidiana. Papo-cabeça, eu sei, mas isso não quer dizer que não dá para se divertir com ele! Esse é o segredo, se é que há um... Antes de começar a trabalhar nesse disco, demarcamos nossos objetivos. Esse processo ocorreu da maneira mais causal possível: durante a tour, nos bares dos hotéis, durante passagens de som. De maneira geral continuamos procurando um equilíbrio entre a espontaneidade e o refinamento (que são complementos naturais, e não adversários, como alguns pensam). Desta vez, tentaríamos trabalhar também uma abordagem mais orgânica às canções. Com baixo, bateria e guitarra. Nossos verdadeiros counterparts. Descontadas essas noções bem vagas, começamos com apenas uma "folha de papel em branco" - como sempre, tentamos iniciar um novo projeto sempre com a cabeça totalmente aberta.

Pensamos em procurar algum jovem engenheiro e/ ou produtor - mas logo ficou claro que não tínhamos nada a aprender com alguém que fez menos discos que a gente. Precisamos de entusiasmo, mas com experiência! Aí entrou de novo em cena Peter Collins, um cavalheiro inglês pequenino, barbudo e fanático por charutos. Ele foi nosso co-produtor em Power Windows e Hold Your Fire. Peter é o ouvido ideal para a gente, um outro counterpart. Ele se mantém distante da parte técnica e tecnológica, deixando isso para os músicos e engenheiros. Seu trabalho é manter o trabalho vivo, se movendo e não permitir que nem a técnica, nem a tecnologia, interfiram na arte - na canção em si. Esse é o seu segredo, se é que ele tem um... O dicionário Oxford define counterpart de duas maneiras. Como uma "duplicação", e também como um "contrário" no sentido de "formar um complemento natural a um outro"; uma cara-metade. Isso é o que eu considero o mais interessante sobre essa palavra. Os "contrários" são reflexos dos outros, de seus opostos. E não necessariamente contradições, inimigos. Não se deve resistir às polaridades, e sim conciliá-las. Buscar aquela conta alienígena. Dualidades como gênero ou raça não são opostos, e sim verdadeiros counterparts. São a mesma coisa, e no entanto diferentes - o que não deve causar nenhuma competição existencial. Podemos passar muito bem sem esse tipo de atrito. Aliás, a única maneira de viver é sem isso.

Tendo esses conceitos em vista, o ouvinte não vai perder a ironia de "Stick It Out" com sua defesa simultânea da fortaleza e da clemência. Ou de "Animate", que não é sobre dois indivíduos, e sim sobre um homem falando com sua anima - seu lado feminino, na definição de Carl Jung. Nessa dualidade masculino/feminino, o que "um homem deve aprender a dominar gentilmente" é ele mesmo, seu animus, seu intinto masculino básico, agressivo e ambicioso. Nós dominaremos de uma única maneira: não nos submetendo ao instinto bruto, a cólera violenta, ou a ambição inescrupulosa.

Mas podemos nos submeter ou dominar conforme a ocasião permite ou exige. Tentando reconciliar nossos duplos e nossos contrários. E sonhando em correr através da vida com a velocidade do amor (186 mil milhas por segundo, se você acredita em amor à primeira vista). Todo mundo deseja o ideal de "ser um complemento natural a um outro". Ser um counterpart. Amizade, amor, parceria na vida e no trabalho, são as recompensas de construir essa ponte entre o oposto e o contrário.

Counterparts. Palavras e música. Guitarra, baixo e bateria. Escrever, ensaiar e gravar. Voar e dirigir e trabalhar e rir. Alex, com seus relâmpagos de espontaneidade, seu humor bizarro, seu fogo. Geddy com seu instinto melódico, sua ironia seca e sua paixão meticulosa. Eu e minha compulsão obsessiva e meu bombardeio rítmico. Essa é a verdadeira sinergia, o todo maior que as partes – que, afinal de contas, são nossos velhos conhecidos.

O caminho da verdadeira sinergia nem sempre é suave. Como em toda a relação no mundo real, existe fricção às vezes. Mas se tratada com respeito e dignidade, ela pode criar suas próprias faíscas. Afinal, nenhuma pérola cresce sem um grãozinho de irritação em seu coração (o truque é criar uma pérola, não uma úlcera). E afinal, quem quer andar com gente que concorda com você o tempo inteiro? Opiniões diferentes fazem parte da química. Por exemplo: continuo achando incrível como minhas letras melhoram com as contribuições de Alex e Geddy.

Juntos, temos de enfrentar a enlouquecedora complexidade das forças que nos cercam. A mecânica de dirigir uma grande organização. As chateações do mundo dos negócios. A erosão da privacidade. A ausência do lar e às vezes, o tédio de uma tour longa demais, que destrói nossos espíritos (meu lema é "a única coisa pior que excursionar é não excursionar").

Então fazemos o que tem de ser feito, e tentemos balançar isso com os desafios e satisfações de nossas vidas privadas. Nosso trabalho é despejar o máximo que podemos no caldeirão fervente que é o Rush. Sermos tributários de um rio maior que nós. Adicionar faíscas ao fogo. Levar nossos reflexos ao espelho. É assim que buscamos a felicidade.

E esse é o segredo, afinal de contas. "A busca da felicidade" pode ser a frase mais brilhante da história, mas muitas pessoas esquecem que o que estamos buscando é a felicidade. Não prazeres efêmeros, não comodidade, não cabelo soltinho ou corpos perfeitos. Simplesmente queremos apreciar a montanha enquanto estamos escalando. Os caminhos para cima podem ser os mais árduos, mas é de lá que se vê as mais belas paisagens.

E na nossa maneira de pensar podemos continuar a nos mover para cima. Simplesmente temos que combater a ferrugem da preguiça, os desejos do mercado e a pátina desinteressante do cinismo. Trabalhar para alcançar um estado tão complicado e elusivo não é simples, claro, mas trabalhando nisso às vezes aprendemos uma coisa. Que é trabalho, e portanto podemos muito bem colocar mãos à obra. Esse é o segredo, se é que ele existe.

"Sensacional! Não acham?

Set List

  1. Rush - "The Spirit Of Radio"
  2. Rush - "Freewill"
  3. Rush - "Rush - 03 - Jacob's Ladder"
  4. Rush - "Rush - 04 - Entre Nous"
  5. Rush - "Rush - 05 - Different Strings"
  6. Rush - "Rush - 06 - Natural Science"
  7. Rush - "Rush - 05 - The Camera Eye"
  8. Rush - "Rush - 07 - Vital Signs"
  9. Rush - "Rush - 01 - Subdivisions"
  10. Rush - "Rush - 02 - The Analog Kid"
  11. Rush - "Rush - 03 - Chemistry"
  12. Rush - "Rush - 04 - Digital Man"
  13. Rush - "Rush - 05 - The Weapon"
  14. Rush - "Rush - 06 - New World Man"
  15. Rush - "Rush - 07 - Losing It"
  16. Rush - "Rush - 08 - Countdown"
  17. Rush - "Distant Early Warning"
  18. Rush - "Rush - 02 - Afterimage"
  19. Rush - "Red Sector a"
  20. Rush - "Rush - 04 - The Enemy Within"
  21. Rush - "The Body Electric"
  22. Rush - "Rush - 06 - Kid Gloves"
  23. Rush - "Rush - 07 - Red Lenses"
  24. Rush - "Rush - 08 - Between The Wheels"
  25. Rush - "Rush - 01 - The Big Money"
  26. Rush - "Rush - 02 - Grand Designs"
  27. Rush - "Manhattan Project"
  28. Rush - "Rush - 04 - Marathon"

Nenhum comentário: