"Sítio da Ilha", Murubira, Mosqueiro/PA |
Para quem acompanha este blog, a questão não deve ser novidade. Mas não somos pretensiosos, à ponto de imaginar que tenhamos leitores assim tão assíduos. Nossa taxa de lealdade é baixa. Em torno de 15 a 20%, o que indica um blog modesto, como de fato somos. Mas estamos satisfeitos com nossos 20% leais visitantes.
Voltando ao assunto, em 8 de março do ano passado, revoltados com um cenário que parecia apoderar-se em definitivo da bucólica praia do Murubira em Mosqueiro, fizemos o post Caos sonoro no Murubira: Basta!, denunciando os abusos inaceitáveis que vínhamos presenciando naquela parte, da outrora calma e bucólica ilha de Mosqueiro. Passado mais de 1 ano, a Associação de Amigos e Moradores do Murubira (AMAMURUBIRA) foi de fato constituída legalmente e entrou com 2 ações judiciais contra o empresário responsável pelo empreendimento "Sítio da Ilha", retratado no post. Como resultado, obteve um acordo onde o empresário se obrigava a cumprir um cronograma de festas mais apertado, que respeitava as vontades dos moradores tradicionais, que exigiam o retorno a normalidade de seus imóveis e moradias, subitamente vilipendiados por atividades pouco compatíveis com a habitual calma e tranquilidade do local, em períodos de baixa temporada. Em outras palavras, os moradores e proprietários de imóveis, além de habitualmente terem que tolerar o afluxo superlativo de "playbas" e malucos de todas os gêneros na chamada "alta temporada", teriam naquele momento, que tolerar as atividades do empreendimento "Sítio da Ilha", também na "baixa temporada". Algo inaceitável, sob qualquer ponto de vista. Um abuso, em qualquer sociedade, sob qualquer ponto de vista.
Avisados do suposto "poder" e prestígio do empresário patrocinador do evento, um grupo de moradores, alguns com imóveis exatamente ao lado do empreendimento, reuniram-se e constituíram uma associação, que foi batizada de AMAMURUBIRA.
Ao longo do ano, em acordo com promotores e juízes, e no curso de 2 ações judiciais legítimas, conseguimos diminuir e regular as atividades do empreendimento (golpe "no bolso"). Foi quando conseguimos voltar a usufruir da tranquilidade nativa da localidade. E também, reduzir os lucros do proprietário do estabelecimento. Certamente, desestimulando-o a permanecer por lá.
Pois voltamos aqui para comunicar aos leitores as últimas novidades desta questão, que se arrastou por apenas 1 ano. Tempo bastante curto, se levarmos em consideração, outros tipos de ações judiciais.
Comunicamos, que amanhã, será a última festança produzida pelo "Sítio da Ilha" na praia do Murubira. Anunciada em propagandas volantes pela localidade, parece ser a "festa de despedida" do empreendimento. Se assim de fato for, sem dúvida, será uma vitória da cidadania, da justiça e do chamado "estado democrático de direito". Que mesmo tendo que "comer pelas bordas", digamos, consegue fazer prevalecer o bom senso e a verdadeira justiça, que interessa a todos os cidadãos.
Foi apenas uma batalha. Há outros empreendimentos por lá, igualmente necessitando serem regulados e adaptados a vontade e aos interesses dos moradores e à todos aqueles interessados em preservar as leis ambientais, francamente desrespeitadas por empresários do entretenimento, mas também por cidadãos comuns em verdadeiras boates móveis.
Que este exemplo, sirva como estímulo, à todos que se sentirem vilipendiados em seus direitos fundamentais, na certeza de que cidadania, a exemplo da liberdade, não se ganha. Simplesmente, deve ser conquistada.
E que as autoridades cidadãs, façam valer a leis e fiscalizem o cumprimento das leis. Elas não são novas. E estão aí para serem cobradas e cumpridas. A AMAMURUBIRA, legalmente constituída desde o ano passado, vai continuar vigilante. Vigilante em relação aos cidadãos que devem cumprir as leis ambientas, bem como aos "fiscalizadores", que as devem fazer cumprir.
Nossos agradecimentos, à todos aqueles que contribuíram a esta questão nobre, seja dando aconselhamento pertinente, seja divulgando a causa que não é nossa. Mas de todos aqueles que ainda desejarem visitar aquele lugar, e vê-lo minimamente de acordo com a natureza exuberante que o cerca.
11 comentários:
Vivaaaa !!!!! U HU !
Me deu muito trabalho. Pode crer !
Mas, não sem a ajuda de vários dos associados.
Verdade!
Eu testemunhei, junto com os demais associados, teu empenho pessoal e do André, na liderança, logística e na concretização do que "parece", vemos hoje.
Mas todos, estão de parabéns, pelo simples fato de persistir na luta pela cidadania.
Deve-se ter como exemplo para outros lugares.
Devia ser criado o AMAPONTÃODOCRUZEIRO, que, hoje em dia, está tomado por forrósbodós barulhentos e com todos as mazelas de bônus já usuais.
Já morei lá. Tenho uma casa que, quando quiser, posso morar lá de novo. Fica deconfronte à Baia do Marajó, na Praia do Cruzeiro, lá nos vendedores de côcos.
Mas, meu vizinho diz que, comprou uma AP em Belém, e, todas sexta-feira vem com toda a família passar o fim de semana. Impossível viver por lá no período.
Será que se conseguiria o mesmo resultado? O dono do maior forróbodó propaga, em viva voz, que é amigo do Duciomar... sei não.
Parabéns ao associados do AMAMURUBIRA.
Parabens, Marcelo, Andre e Carlinhos!
Ainda é tempo de salvar Mosqueiro dos barbaros.
Pra continuar curtindo a ilha tive q me mudar pro Marahu.
Valeu Flávio, pelo comentário ! Isso só faz aumentar a participação de outros cidadãos em defesa de causas similares.
Com relação as dificuldades, só para todos terem uma idéia,a AMAMURUBIRA foi criada em 10/03/10, registrada em 12/05/10 e a audiência do acordo ocorreu 08/11/10. 5 meses !
Usamos um argumento jurídico na representação ao MP (já que na DEMA e na SEMMA é o mesmo que nada) de RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA, ou seja, se o locatário pratica atos fora da lei, então a locadora (uma vez que informada) também tem responsabilidade. Suponho que ou a proprietária resolveu solicitar o imóvel de volta, dados os problemas criados, ou o estabelecimento estava começando a ter prejuízo, talvez até por insatisfação de verdadeiros moradores, o povo de Mosqueiro das redondezas.
Agora, estaremos vigilantes, pois se a locadora resolve alugar seu imóvel a outro inconsequente, não será mais um equívoco, mas um ato deliberado de obter lucro a qualquer custo. No meu entender, seria uma reincidência.
Um abraço
É isso, Flávio.
Não podemos perder a capacidade de nos indignar e resistir, respeitando os interesses democráticos de todos. Um, não deve avançar nos direitos dos demais. Regra básica, mas que no Brasil da suposta "democracia" pós ditadura, ainda parece uma cantilena.
Abs
Amigo, Nunes
Quando decidimos iniciar esta longa empreitada, fomos bombardeados por mensagens díspares. Algumas orientando, como deveríamos atuar dentro da lei, outras nos desestimulando, afirmando exatamente isso que você afirma. O empresário era amigo "do "Duciomar" ( que inclusive, de fato esteve lá, "flanando" pelo empreendimento). Que tal?
Haviam, segundo relatos que temos entre os associados, outros inúmeros "apoiadores" de menor calado (digamos), entre as autoridades que deveriam fiscalizar e singularmente reprimir, garantindo o cumprimento da lei, já existente.
Ou seja, haviam muitos obstáculos a serem vencidos. Mas o descalabro foi tamanho por aquelas bandas, que acabou por motivar o espírito associativo e o uso da velha e impúbere máxima de que "a união, faz a força".
Assim foi criada e constituída a AMAMURUBIRA, que possui estatutos baseados em exemplos de outras associações, inclusive existentes e atuantes em outros estados. Tudo como resultado do esforço, pesquisa e dedicação de seus associados.
Ou seja, como você pode ver, não basta desejar e almejar. Há que se organizar e juntar forças, além da disposição de se desligar de algumas atividades de nosso duro cotidiano, para se dedicar a questão, seja reunindo, seja comparecendo as audiências,e etc.
Tenha isso em mente, se decidir partir para a luta
Abs
Amigo Barreto, o "amigo Nunes" sou eu. É que estava logado no Google, no momento do comentário, no login do meu escritório.
Já estou começando a me movimentar, falando com ex-vizinhos meus em Icoaraci. Um dia pretendo voltar a morar lá (ou, pelo menos, ter uma casa de fim-de-semana lá), e já acho que estou atrasado em lutar contra tal barbárie.
Abraços.
Ops, logado de novo pelo escritório.
Agora vai! rsrs
Vai, Lafa!
Demora, é desgastante, mas às vezes, vale a pena!
Abs
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