terça-feira, 30 de agosto de 2011

Almodóvar em transição





La Piel que Habito é o novo Almodóvar que chega às telas na Europa dividindo a crítica. Assistimos o filme e a impressão é que o diretor espanhol está em fase de mutação, mas continua em boa forma. O filme é puro Almodóvar: uma história que tem reviravoltas, revelações surpreendentes, situações que só não conseguem ser mais absurdas do que ...a vida real. Na fotografia, o diretor apurou o olho, dosando as cores fortes, mas não abandonando-as completamente. É um filme com muitas referências, como sempre nos filmes dele - toques de filme noir, trilha sonora instrumental à la Hitchkok (belíssima criação de Alberto Iglesias), citações do Brasil (na canção Pelo Amor de Amar, cantada em português pela espanhola Ana Mena, e num dos personagens que passou a infância numa favela). Os personagens escondem segredos e que agem movidos por paixões exacerbadas. A trama é baseada no livro Tarántula, do escritor francês Thierry Jonquet (1954-2009). Um cirurgião plástico (Antonio Banderas que, depois de 20 anos, volta a trabalhar com o diretor que o lançou) mantém uma paciente (a bela Elena Anaya) em cativeiro e faz experiências de criação e transplantes de pele. O novo Almodóvar não chega à genialidade de Todo sobre Mi Madre, mas a impressão é que ele está em transformação, apurando seu estilo que é seu ponto forte.


É também uma felicidade ver de novo a incrível Marisa Paredes. A excelente atriz espanhola é uma exceção: envelhece com dignidade, sem apelar à cirurgia plástica que uniformiza as celebridades em geral, incluindo a ex-bela Catherine Deneuve.


Curiosidades: o filme teve o primeiro poster divulgado em alguns jornais (acima, à esquerda) e continua no site da produtora dele, a El Deseo, mas a versão ao final (acima à direita) talvez tenha sido escolhida para ganhar as ruas pela fama de Banderas, principalmente no mercado norte-americano.


Outro ponto bom do filme é a revelação para o grande público da cantora espanhola Concha Buika que lembra a nossa Zezé Mota. Filha de imigrantes da Guiné Equatorial, Buika tem um vozeirão e uma presença impactantes.

Um comentário:

Scylla Lage Neto disse...

Edvan, belíssimos e intrigantes ambos os cartazes.
Não poderei deixar de checar este filme!
Abs.