quarta-feira, 16 de novembro de 2011
O mistério do Autismo
Poucas doenças do cérebro e do comportamento são tão enigmáticas quanto o Autismo.
Nas últimas décadas tem havido pouco progresso no entendimento real da patologia, que se manifesta clinicamente por um cortejo sintomatológico vasto, que inclui a dificuldade para as relações sociais (em graus variáveis, podendo chegar ao extremo da incapacidade absoluta de comunicação), a execução de movimentos repetidos e estereotipados, sensibilidade ao som e à luz e alterações comportamentais.
Fico, portanto, muito retraído quando vejo artigos como o publicado semana passada no JAMA, Journal of the American Medical Association, que descreve uma população neuronal maior do que o normal em certas regiões do lobo frontal de 7 pacientes autistas submetidos à autopsia (a maioria morreu por afogamento). O peso do cérebro também revelou-se acima do esperado.
A conclusão do trabalho aponta para uma provável causa intra-uterina do Autismo, realçando o substrato neurológico em detrimento do psiquiátrico.
Curiosamente já houve publicações no passado que indicavam um menor número de neurônios, em outras áreas cerebrais.
Enfim, creio que a prevista união futura da neurologia com a psiquiatria e um trabalho transdisciplinar exaustivo possam focar um faixo de luz nesta patologia, fadada até aqui à escuridão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Dr., uma pergunta metodológica: qual a importância do tamanho da amostragem nesse estudo?
Não sei se é o caso desse estudo, já que ele investiga uma patologia, mas existem (n + 1) estudos em medicina, especialmente sobre o consumo de substâncias (cafeína, álcool, nicotina, etc), desses que pipocam no G1, que me parecem surreais. Digo, os caras pegam uma população de 200 irlandeses e afirmam que o consumo de 'x' quantidade de pale ale causa os efeitos 'y' e 'z'. (claro que aqui entra a parcela de 'aumento' do jornalista). Não é uma afirmação peremptória demais, dada a amostra?
Escrevi na pressa, espero que dê pra me entender rs.
Abs!
Scylla, certa vez numa consulta o Dr. Fernando Flexa Jr, referiu que um dia, no futuro, todas as patologias seriam cuidadas pelos neurologistas pois o cérebro comanda tudo. Ou seja, todo médico vai ter que entender muito de neuro... Nao é mesmo? O argumento dele veio de um comentário meu ao me referir que certos médicos quando se deparam com o que nao sabem (e aí, para estes certos médicos, é praticamente a regra), eles afirmam categoricamente algo do tipo: "nao, você nao sente o que diz sentir... é tudo psicológico. Procure um psiquiatra e tenha uma vida mais zen". Sempre fiquei perplexa com essas recomendações medicas. ??!!??... Bismillah!
Sim, Lucas, concordo que a amostragem é muito pequena, daí o cuidado na interpretação dos dados.
De qualquer forma foi uma rara ocasião de examinar sete cérebros de portadores de autismo, ainda na infância e na adolescência.
O problema é: para onde olhar dentro do universo cerebral?
A análise morfológica, por si só, pôde focar apenas nas supostas alterações estruturais.
Creio que a resposta para o Autismo esteja na parte bioquímica, nos neurotransmissores.
Um abraço.
Silvina, a psiquiatria é "filha" da neurologia, e a ela deve se juntar num futuro breve, impulsionada principalmente pelas novas direções assumidas pelo conhecimento oriundo das neurociências.
E muitas patologias ainda hoje enigmáticas serão explicadas melhor pelo caminho da "tutela" que nossos cérebros exercem em nossos organismos.
Bismillah!!!!!!!!!!!!!
Postar um comentário