Paris é uma cidade difícil. Não só pelo trânsito caótico, pelo ar ainda poluído e pela enorme quantidade de turistas que recebe ao longo dos tempos. Mas é especialmente difícil pelo enorme volume de atrações concentradas numa só cidade.
Arquitetonicamente falando, a cidade inteira é uma preciosidade. Prédios centenários de magnífica beleza, espalham-se pela cidade. Mas é possível admirar detalhes interessantes em cada esquina. Sem nenhum exagero.
Na primeira vez que lá estive, há exatos 10 anos, de todos os locais que visitei, um me provocou intensa emoção. Trata-se de uma igrejinha medieval, escondida nos domínios do Palácio da Justiça, na Ile de la Cité. A verdadeira jóia parisiense de
Sainte Chapelle.
Visitei-a pela segunda vez agora em Outubro. E, sabedor da magnífica beleza de seus enormes vitrais, resolvi manter a visita como presente de aniversário surpresa para minha companheira, que visitava Paris pela primeira vez. A idéia, era provocar emoção e deslumbramento.
Levei-a até a porta de entrada pedindo que mantivesse os olhos fechados, para só abri-los na primeira visão da estonteante capela inferior, dedicada originalmente aos funcionários e moradores do antigo Palácio Real.
E o que se vê, já provoca alguma emoção, embora nem chegue aos pés das belezas abrigadas na Capela Superior, dedicada exclusivamente a antiga família real.
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Capela Inferior de Sainte Chapelle. Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados.
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De imediato, pude ver o brilho nos olhos de minha companheira. Neste instante, já podia me considerar satisfeito com o resultado da surpresa de aniversário. Avisei-a entretanto, que isso era apenas o início de uma grande experiência sensorial.
Conduzi-a, cuidadosamente mantendo seus olhos fechados, para uma apertada escada de pedra, (quase que escondida na capela inferior), que levava ao ponto culminante daquele dia. Ao abrir-lhe os olhos, foi esta a primeira visão que tivemos.
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Capela Superior de Sainte Chapelle. Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
Deste ponto em diante, nem eu nem ela conseguimos evitar que as lágrimas rolassem livremente. Tudo era absolutamente lindo e magnífico.
Simplesmente, não há como descrever o que existe em Sainte Chapelle. Presumo que mesmo a série de imagens que publicarei em seguida, seja incapaz de transmitir as maravilhas desta jóia parisiense.
O que salta aos olhos na primeira olhada, são os extraordinários vitrais que cercam quase todo o espaço da igreja. Todos enormes, indo quase que do chão ao teto.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
O local, definitivamente, não serve para quem tem pressa. Uma música ambiente barroca, contribui ainda mais para que façamos o passeio com muita calma, com mais atenção aos detalhes que parecem surgir numa sequência interminável.
Os delicados desenhos dos vitrais são a primeira tentação. Passagens bíblicas são retratadas com cores fortes, que o sol quando está em posição favorável, projeta no chão da capela.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
Mas quando a visão dos vitrais já for suficiente, ainda restam detalhes magníficos a serem observados com carinho.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
O teto é absurdamente belo. Com abóbadas, pintadas em um azul real, pontilhado com estrelas douradas.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
O piso é surpreendente, como quase tudo que está integrado naquele ambiente. Flores de Lis, incluídas em molduras em estrela, cercadas de muitos outros detalhes gráficos, dispostos em um fundo onde predomina o branco.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
Neste ponto da visita, é a hora de centrar o foco nas laterais inferiores da capela, ornadas com belíssimos trabalhos em madeira.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
Anjos e santos, acompanhados por miniaturas de templos e castelos, aguçam nossa curiosidade que permanece interminável.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
Nas paredes laterais e também próximos aos vitrais, gloriosos afrescos coloridos e dourados saltam aos olhos.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
Hora de olhar para os candelabros estilizados e sua harmonia perfeita com o ambiente medieval.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
Melhor fazer como muitos fazem. Sentar nos bancos disponíveis nas laterais e simplesmente observar o conjunto brilhar em harmonia.
Vejam a seguir, uma sequência de imagens dos inúmeros detalhes que a minha Nikon (nunca antes tão nervosa e esperta), conseguiu registrar.
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
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Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados. |
A capela superior é também palco para apresentações de música barroca que ocorrem com alguma frequência. Recomenda-se reserva antecipada de ingressos para estes momentos. Há muita procura e obviamente a capela comporta um número pequeno de pessoas.
Para mais informações sobre Sainte Chapelle, vale a visita ao seu
website oficial e a
este verbete na Wikipedia, disponível em português.
10 comentários:
Obrigado, Edyr.
Interessante notar que apesar do período em que foi construída (1241-1248), e do estilo gótico, a ausência da Cruz Copta (Cruz de João Evangelista), essa cruz aí que me identifica, elemento quase universal nas igrejas medievais. A presença aí é da Flor-de-Lis, símbolo da monarquia francesa e injustamente associada como "a marca do carrasco".
Alan, o que me parece ser ainda mais significativo no post é pensar na emoção de uma pessoa sensível, culta, diante do mais puro belo e penso que outra pessoa, mesmo sem cultura alguma, também se emocione por essa beleza. Penso em lugares que existem e são mantidos apenas para serem contemplados e com sua beleza, seu tudo, influenciar, fazer pensar, emocionar as pessoas.
Chapeau, Maître Carrrlôsss!
Sou suspeita para falar de Paname. Sim, cidade difícil em muitos aspectos. Principalmente para muitos de seus excluídos, geralmente imigrantes e toda sorte de parias, dificilmente integráveis à ordem política mundial. Coisa que nem de longe é exclusiva de Lutécia. A cidade se "aburguesou" tanto! E isso enfeiou-a e está separando-a de suas "forças vivas"! Junto com essas deslumbrantes "pedras que pulsam", a riqueza de uma cidade são seus habitantes com suas estórias e história. Mas muita coisa boa ainda resiste e encanta! Concentração dinâmica de energias, ideias, movimentos, fluxos. Cada vez que penso nisso, me dá uma baita alegria! E aí, dá para se religar à beleza singelamente deslumbrante da Sainte Chapelle, sem medida na emoção. Exatamente como você e sua companheira "provaram".
Abração, Rz
Edyr, conheci recentemente dois lugares assim, para ser contemplados pela sua beleza: a igreja Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes/MG, e a igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei/MG.
Aliás, quem nunca passou uns dias de inverno em Tiradentes não sabe o que está perdendo! Faz-se o passeio de Maria Fumaça de Tiradentes a São João del-Rei, dá pra conhecer a cidade em poucas horas. Em Tiradentes vivi algumas das horas mais felizes da minha vida, tomando vinho e cervejas gourmet com a minha esposa e saboreando o melhor do melhor da fabulosa culinária mineira!
Obrigado, queridos RZ e Alan Souza!
Aliás, Alan, este passeio que vc fez por Tiradentes e São João del Rey, eu também já fiz em 2007. Apenas incluí no percurso Ouro Preto, Bichinho e Congonhas do Campo.
Este passeio gerou uma sequência de posts no Flanar que podem ser lidos acompanhando os seguintes links;
1) http://blogflanar.blogspot.com/2007/07/circuito-mineiro-so-joo-del-rei.html
2)http://blogflanar.blogspot.com/2007/08/circuito-mineiro-tiradentes.html
3) http://blogflanar.blogspot.com/2007/08/circuito-mineiro-bichinho-congonhas-e.html
4) http://blogflanar.blogspot.com/2007/08/circuito-mineiro-pousada-sugeridas-no.html
Charlie, dá pra sentir muita emoção em sua visita na Santa Capela.
Adorei a postagem.
Parabéns!
Essa emoção é verídica, Barreto. Dou fé. Fato pesado. Quando a visitei, porventura de uma apresentação das 4 estações, de Vivaldi, não sabia se prestava atenção nos vitrais ou na música. Até comentei com o Ajalce, naquele momento. Jamais esqueço. Boa lembrança. Dá inveja de tu!!!
Já estou programando o retorno, Roger. Não importa qual seja meu destino. Paris, sempre estará incluída. Sainte Chapelle também.
Abs
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