segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Jóia da Coroa"

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Rita Soares, Aline Brelaz e Elias Santos entrevistam o procurador da República Ubiratan Cazetta na edição de O Diário do Pará de ontem. Na entrevista Ubiratan Cazetta defende as posições que o Ministério Público Federal tem adotado ao se contrapor a implementação da Hidrelétrica de Belo Monte. Além disso, o procurador saí em defesa do também procurador Felício Pontes, alvo de uma representação impetrada pela Advocacia Geral da União.
Duas pérolas da entrevista:

P: Guardadas as devidas proporções, Belo Monte pode representar impactos semelhantes aos de Serra Pelada?
R: Acho que sim. A diferença é que em Serra Pelada não se tinha controle de nada. Já Belo Monte, em tese, é possível ter algum controle. As cheias do rio Xingu coincidem com os momentos de vazantes no restante do sistema hídrico, então Belo Monte teria uma capacidade de regulação neste processo. O problema é saber se essa função justifica R$ 30 bilhões e os danos ambientais advindos com ela.
P: O governo vem se esforçando para garantir a implantação de Belo Monte. Qual o posicionamento do MPF sobre essa articulação?
R: Belo Monte tem uma característica peculiar: pode-se dizer que ela é apartidária. Essa discussão já vinha do governo FHC, continuou no governo Lula. O setor elétrico é praticamente apartidário, conseguiu passar pelo regime militar e pelos governos PSDB e PT praticamente com o mesmo quadro de pessoas e com a mesma visão: olhando a Amazônia como uma grande caixa de energia. Os motivos para a pressão do governo diz respeito a visão arraigada do setor elétrico, de que Belo Monte é uma joia da coroa, a salvação da questão energética do Brasil.[...]


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