Semana passada recebi uma visita que mudou (para melhor) o meu espírito natalino, e que acabou contagiando toda a minha família.
Uma senhora, portadora da moléstia de Alzheimer, chegou muito agitada à consulta, gritando para a filha que a acompanhava que me desse o "pequeno Jesus", o "pequeno menino Jesus".
A filha prontamente retirou uma imagem de Jesus, dessas de presépio, a qual a paciente me entregou, ainda num contexto de grande agitação psicomotora.
Em vez de se acalmar, a senhora manteve-se meio agressiva verbalmente durante toda a consulta, desta feita gritando para a acompanhante, "o outro", "o outro".
Resolvi interferir e perguntei com muita calma, no tom de voz mais tranquilo que pude usar, o que ela queria que fosse feito.
Ela fez a filha retirar outra imagem do menino Jesus da bolsa e me deu, gritando, "o irmão", "o irmão".
Caí na gargalhada, e, ao receber o "outro" menino, disse a ela que não sabia que Jesus tinha tido um irmão, muito menos gêmeo, e indaguei o nome dele.
"Júnior", "Júnior", ela dizia compulsivamente, e ao repetir o nome terminou por acalmar-se pouco a pouco.
A paciente foi embora bem tranquila e eu fiquei ainda mais calmo, na companhia dos meninos.
O mais difícil foi encontrar um manjedoura apropriada para gêmeos.
A propósito, eles são bivitelinos: Jesus é loirinho, e José Júnior tem cabelos castanhos.
E ao reproduzir esta história me sinto inundado de felicidade por saber que, deste natal em diante, sempre teremos dois meninos em nosso presépio.
Feliz natal, Jesus e José Junior!
Jesus (à direita) e José Júnior, na manjedoura dupla
13 comentários:
É o seu prstigio e o seu modo de ser que fazem com que estas coisas aconteçam. Feliz Natal
Feliz Natal, Pedro!
Parece-me, Scylla, que o mais legal dessa história eh que essa senhora, mesmo com Alzheimer, essa senhora sabe mais de Natal que muita gente por aí, dita sã.
Silvina, o Natal é uma festa tão forte, que continua presente até nos quadros demenciais.
Achei bacana o nome dado ao "irmão" de Jesus, Júnior (o José Júnior já é uma interpretação minha).
São José, o "pai" do suposto Júnior, é o santo padroeiro da família justamente pela sua passividade ao aceitar que do ventre de Maria nascesse um filho alheio, no caso, do Pai Supremo.
E ele logo desaparece dos textos da Bíblia, não havendo nenhuma menção a ele após o nascimento.
Interessante, né?
Kss.
Ahahahahah!
Mais um pouco e estaremos cambando para o "Código da Vinci".
Ahahahahahah!
O carinho e a simplicidade com o senhor trata seus pacientes os deixa a vontade para expressarem sua gratidao, afinal, o senhor faz a diferenca.
Certa vez li "que existem pessoas cometas e estrelas. Os cometas passam rapido, as estrelas iluminam com seu brilho", o senhor e uma estrela na vida de muitos.
Um Feliz Natal
Charlie, que boa idéia - daria um bom roteiro para um filme!
Será que o Vaticano toparia patrocinar?
Rsssss.
Irenilda, não me chame de senhor, pelo amor de Deus!!!!!!!!!!!!!
Me envelhece uns tantos anos...
Rsss.
E obrigado pelas bondosas palavras.
Você e sua bela família sim, que constituem uma verdadeira constelação!
Feliz Natal!
O Carlos e sua visão além do alcance. Boa!
Linda crônica. Doce e muito simbólica.
Erika, obrigado pelas palavras gentis, mas você se enganou ou de autor ou de postagem...
Rsssss.
Nananinanão, Scylla [rs]. Qd me referi ao Carlos, é porque ele disse, em umas caixinhas acima, que o papo ia chegar em Código da Vinci. Mas qd eu disse que a crônica é linda, doce e simbólica, me referi ao seu texto sobre os dois "meninos" ;-) A gente se entende
Por um instante, também pensei o mesmo Scylla. Mas imagino que a Erika tenha se referido ao comentário que fiz sobre o "Código da Vinci".
Aí em cima.
Rsssss
Carlinhos, essas meninas do Flanar estão demais!
Preciso ler e analisar os comentários com mais cuidado, ó raios...
Rssss
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