quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Elis para sempre Regina



Agora, o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Agora, o braço é uma linha, um traço,um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos,
de partículas,um quadro de impulsos, um processamento de sinais.
E assim — dizem — recontam a vida.
Agora, retiram de mim a cobertura da carne,
escorrem todo o sangue,
afinam os ossos em fios luminosos,
e aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades,
parecida comigo.
Um rascunho.
Uma forma nebulosa, feita de luz e sombra.
Como uma estrela.
Agora, eu sou uma estrela.

(Texto de Fernando Faro, que Elis declamava no seu ultimo show, O Trem Azul).
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Elis se foi ha exatos 30 anos.
Das dezenas de coisas que estão na internet sobre essa data, o site do Estadão faz bonito, com um Especial multimídia sobre a eterna Elis. Um dos destaques é, sem dúvida, uma entrevista com Pedro Camargo Mariano, um dos três filhos da cantora.

2 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Edvan, a lembrança mais carinhosa que tenho da Elis é do ano de 1980: final daquele ano. Eu estava chegando na rodoviária de São Paulo para ver um namorado que eu tinha em Sampa. Quando entrei no táxi tocava O Bêbado e a Equilibrista do João Bosco e do Aldir Blanc na voz de Elis Regina. Me lembro da enorme emoção que senti; eram os tempos de abrandamento da ditadura militar e São Paulo exalava esse clima.Inesquecível. Eu tinha 19
anos.
Beijão.

Edvan Feitosa Coutinho disse...

Marise, realmente como diz Maria Bethania, se há duas coisas que têm o poder de nos trazer lembranças e nos transportar no tempo são música e perfume (título de um excelente documentário "estrangeiro" sobre a baiana).
Me lembro que minha saudosa mãe, que era fã de Elis, usou o argumento do visual cabelinho curto da cantora para convencer minhas irmãs, ainda pré-adolescentes, a também a cortar as madeixas. E não era uma questão somente de estética ou tietagem. O objetivo era para evitar o contágio de piolho na volta às aulas. Minhas irmãs, relutantes até então, acabaram se convencendo e diziam que seguiam a moda Elis, ficando imunes à críticas das colegas.
Beijão a vc.