terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

BRT e legislação urbanística

Dia desses estava em frente à TV quando passou um dos comerciais ufanistas da prefeitura de Belém, falando sobre como o projeto de BRT resolverá todos os problemas de trânsito da cidade. A última imagem exibida chamou a minha atenção. Fez-me pensar que as novas pistas por onde passarão os ônibus levariam à demolição do Memorial da Cabanagem.
Como tal iniciativa é absurda até mesmo para aquele que dispensa apresentações, resolvi olhar na página da prefeitura e encontrei a imagem, que você vê aí ao lado. Examinando-a, dá para perceber um retângulo à direita das pistas e passarela projetadas. Ali permanecerá o monumento, que é também um museu, embora ninguém mais se lembre disso, até porque não é aberto à visitação desde... Desde sempre, eu acho.
Nem por isso, todavia, o problema está resolvido. É que o Memorial da Cabanagem é um bem tombado e, nessa condição, é protegido não apenas em si mesmo, mas também o seu entorno. Não pode ser construído nada a sua volta que deprecie o seu valor histórico ou arquitetônico, o que inclui barreiras a sua visualização. E, no caso, existe uma passarela enorme grudada no memorial, acabando com a sua visão por um certo ângulo.
Na época da construção do Complexo Viário do Entroncamento, que contém passarelas (horrorosas, inúteis e dominadas por cocô), já houve confusão a esse respeito. E agora, como ficará, já que o impedimento fica bem ao lado do memorial?
Sem dúvida, isso demonstra como o projeto foi feito sem se preocupar com nada ou ninguém, bem ao estilo do prefeito-desastre, a maior tragédia já suportada por esta cidade. Para ele, não é nada problemático apresentar um projeto assim, até porque não existe o menor interesse em fazer a obra; o interesse é, apenas, enganar os trouxas (que por aqui abundam, tanto que ele foi reeleito), induzindo-os a acreditar numa obra portentosa, capaz de melhorar um dos maiores entraves da cidade. E, com isso, fazer um sucessor. Depois da eleição, não se colocaria nem mais um prego num pedaço de madeira mole. Mesmo já havendo recursos disponíveis, claro.
Esta foi a condição a que chegamos.

3 comentários:

ASF disse...

Belém afundou-se tanto na sua própria mediocridade e insignificância que passa décadas para resolver como fazer uma simples obra urbanística, nada demais na realidade, quando em outras capitais país a fora correm várias obras semelhantes e algumas vezes simultâneas.

Vergonha!

Denise disse...

O engraçado, ou melhor, trágico é que o projeto pretende ser edificado no canteiro central da Augusto Montenegro, mesmo local onde, no período que antecedeu a campanha de reeleição dessa coisa a prefeito, ele iniciou a construção de uma ciclovia, que só ficou na promessa após a reeleição dele. Será que o povo vai ser burro novamente?

Fábio Cavalcante disse...

vai... :(