segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Melhor assim...

Edição encadernada do jornal, que fez Ethel tremer. Foto: Carole Liogier


Cada um com sua sapiência, né? Pois é. Eis que me vejo toda serelepe ao receber equipe do Arquivo Público do Pará - a graciosa Ethel Valentina e o suave Leonardo Tori – e o historiador Fernando Arthur Neves, pró-reitor de Extensão da UFPA. Foram na Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), para darmos continuidade aos planos de restauro e democratização do rico acervo da entidade.

Abro velhas caixas de papel fotográfico, aquelas de capa amarela, da Kodac. Nelas está amontoada boa parte do arquivo. Num misto de decepção, com o estado delas, e de felicidade, com o primor que espero que fiquem no final das contas, passo a mão num bocado fotos:

- Veja, professora?!

- Erika, vou te engasgar! – ela disse calmamente se contorcendo na cadeira.

Tori, com o jeitinho clássico oriental que tenho em mente, sorri silencioso e me acode, dizendo que não se pode passar a mão nas fotos.

Paciente e inquieta, Ethel me deu várias aulinhas em poucos minutos sobre os tipos de papel, de química, de práticas amadoras de revelação... enfim. Contou suas próprias experiências desastrosas. Tudo se acalmou.

Refeita da minha ignorância, apresento-lhes a encadernação com algumas edições do jornal Resistência. Eu vi Ethel levar suas mãos à testa e imaginei que naturalmente teria feito algo de errado novamente.

- Também não devo tocar nas folhas? – perguntei no típico sorriso sem-graça.

- To preocupada é com esses marcadores grudados nas folhas.

- Ah, é que fizemos uma exposição. Inclusive temos uma edição toda plastificada! - enchi a boca.

- Viiixe! – ela sentiu que o trabalho seria árduo.

- Mas tudo bem, vai durar mais algum tempo. Fizeram sem saber – pacificou o professor Arthur.

Bem, vamos começar tudo com um curso de manuseio do acervo. Melhor assim.

2 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Erika, que maravilhoso trabalho é esse? Fiquei emocionada de saber que a memória do jornalismo paraense é alvo do interesse de pessoas como você. Você havia me dito lá na comemoração do Vicente Salles, mas nunca imaginei que a coisa era prá já. Maravilha. O Resistência é um jornal de trincheira da liberdade de imprensa no Pará. Como cientista política penso que não há nada mais importante em sociedades de massa do que a liberdade de expressão. Dez com louvor prá vocês, toquem e ponham o nome de vocês em uma bela ação. Beijocas muitas prá ti.

Erika Morhy disse...

Pois é, Marise. Se não cortarem minhas asas, eu voo alto. E a SDDH guardou todas as tesouras. O Marco Apolo, presidente, e a Renata, diretora administrativa, sempre me estimularam a tocar este projeto. Na verdade, temos projeto a curto prazo e o de longo prazo. O fato é que, sim, queremos não só retomar com força o jornal, como já começamos a fazer. Queremos recuperar e tornar público o acesso ao belíssimo arquivo tanto de jornais quanto de fotos. Estou apaixonada! Bjão e obrigada